1. Quando ir?

Ir na primavera/verão ou outono/inverno? Para quem quer ver auroras boreais, não gosta de multidões e prefere pagar menos em alojamento e aluguer de veículos a época baixa é a melhor opção. Quem preferir tempo mais quente e dias maiores a época alta será mais apelativa. Pessoalmente, prefiro o outono/inverno, apesar de ainda assim os turistas que encontrámos serem bem mais do que o esperado para a época.

2. Quanto tempo é necessário para ver o país?

A Ring Road exige um mínimo de 10 dias para ser apreciada na sua plenitude e para conseguir fazer alguns desvios. Nós fizemos o percurso em 10 dias e com os desvios os 1300Km transformaram-se em 2000Km.

Islândia
créditos: Mundo Magno

3. E é tão caro como dizem?

É pior. A Islândia é efetivamente um país muito caro. Estabeleçam um orçamento diário mas contem com mais 25% sobre os vossos planos. O alojamento, a alimentação e o aluguer de veículos têm preços muito superiores ao normal. Aconselho vivamente a marcarem tudo o que conseguirem com uma confortável antecedência de 3 meses. Quanto à alimentação apostem nos supermercados como o Bonus, Netto e o Kronan, os mais baratos do país. As boas notícias são que praticamente tudo o que há depois a visitar no país é grátis.

4. Alojamento em hotéis e visitar o país de carro ou alugar uma casa com rodas?

Se estiverem na dúvida entre ficarem alojados em hotéis ou optar por uma autocaravana ou van, não hesitem mais: uma casa com rodas, apesar do valor por dia parecer excessivo no início, acaba por ficar bem mais barato no final das contas. Isto para além da liberdade de movimentação, possibilidade de cozinhar no veículo e maior facilidade em ver auroras boreais por estarem sempre nas condições ideais para as ver, à noite no meio do nada. Há inúmeras empresas de aluguer de vans e autocaravanas mas o Airbnb também é uma boa opção.

5. Optando pela van/autocaravana, é necessário dormir em campings?

Não é. Vão encontrar muita informação errada que diz que é necessário ir todas as noites dormir num parque de campismo. Não é verdade. Os raríssimos sítios em que não é permitido encostar o veículo para dormir estão claramente sinalizados. Na Islândia vigora a chamada "Lei da sobrevivência", numa tradução livre. Segundo esta Lei, pode-se parar por uma noite para dormir num qualquer terreno (público, privado, parque nacional) e até comer o que ali crescer.

A famosa gruta com água a 38.º onde foi filmada a cena de Game of Thrones
A famosa gruta com água a 38ºC onde foi filmada a cena de Game of Thrones créditos: Mundo Magno

6. Onde tomar banho viajando numa van?

O país está pejado de termas e piscinas naturais. Umas grátis outras não. As mais bonitas são a piscina de Seljavallalaug, provavelmente a mais antiga do país, a lagoa secreta perto da aldeia de Flúðir e as fantásticas nascentes quentes de Reykjadalur valley e a minha favorita, a fissura termal de Grjótagjá, onde foi filmada a cena mítica entre Jon Snow e Igrytte, de Game of Thrones.

7. É um bom sítio para levar crianças?

Quem segue o blog há algum tempo sabe que para nós não existem muitos sítios que não sejam bons para levar crianças mas, no caso da ring road da Islândia, em vez dos 10 dias recomendados para a fazer, eu aconselharia mais dois dias para acompanhar o ritmo mais lento que uma longa viagem de carro com crianças exige. De resto, qual a criança que não gosta de brincar em crateras de vulcões, campos de lava, chapinhar em cascatas e nadar em águas termais quentinhas?

Islândia
créditos: Mundo Magno

8. Como evitar as multidões?

Não é fácil. A Islândia está na moda e mesmo com tempo frio ainda há, para mim, demasiada gente. Natureza e multidões não combinam. A parte mais problemática é a zona do golden circle (Pingvellir, geysers de Haukadalur, cascata de Gullfoss, cratera de Kerio) e aí convém evitar as horas entre as 10 da manhã e as 15 horas. O melhor é começar as visitas muito, muito cedo e aproveitar para conduzir e descansar durante as horas críticas antes de voltar aos locais mais turísticos.

9. Como é a alimentação?

Este é um tema sagrado para um português… bem, as notícias não são as melhores, a comida nos restaurantes é muito parecida com a americana, com muitos fritos e fast food. Se virem uma fila à porta de um estabelecimento é muito provável que seja para comer cachorros quentes. Para vegetarianos, como eu, há muito poucas opções para além de hambúrguer vegetariano e pizza. Fica mais fácil e saudável abastecer em supermercados e cozinhar. No entanto, o restaurante Gló, em Reykjavik, é uma opção muito recomendável.

10. E como é fotografar na Islândia?

Não é por acaso que é considerado o paraíso dos fotógrafos. Qualquer pessoa e máquina fotográfica tiram boas fotos na Islândia. Tem uma luz perfeita e parece que foi instalado sobre o país um programa de Photoshop ou Lightroom. É melhor levar baterias e cartões de memória extra porque dificilmente se consegue conduzir 5 minutos sem parar para fotografar.

Islândia
créditos: Mundo Magno

Um país fora de série, um povo intrigante

A Islândia não é um país qualquer. Ao fim de quase uma centena de países já não se esperam muitas surpresas pelo mundo e muito menos na Europa. Mas depois, bem, depois aparece-nos um país com o tamanho de Portugal e ousadamente instalado sobre duas placas tectónicas, um país em que a maior parte da população acredita piamente em elfos, fadas, gnomos e outras figuras míticas, com uma paisagem que parece retirada do período jurássico, geiseres a jorrar a cada 5 minutos, quilómetros sem fim de campos de lava, baleias gigantes que se avistam sem esforço a partir da praia, cavernas irreais feitas de gelo, paisagens lunares e logo a seguir paisagens verdejantes, piscinas naturais de água quente, praias atapetadas com icebergs, cascatas de todos os tamanhos, vulcões ainda a fumegar, cheiro a flores intervalado com cheiro a ovos podres e um povo, bem, um povo tão destemido que só podia ser descendente de Vikings.

Os islandeses são um povo intrigante. Em 2010 conseguiram parar o tráfego aéreo em boa parte da Europa com uma pequena erupção vulcânica e puseram o mundo inteiro a tentar pronunciar o nome do impronunciável vulcão Eyjafjallajökull. E que povo é este que vive uma crise económica bem complicada em 2008 e sai dela em dois tempos com estratégias completamente diferentes das adotadas por outros países? Atualmente, crescem a um confortável ritmo de 3% ao ano, o desemprego ronda os 4% e o turismo nos últimos 3 anos aumenta a uns estonteantes 15% a 20% ao ano.

Ao receber um incremento salarial mensal equivalente a cerca de 5000€, o presidente do país resolve doá-los a instituições de caridade. Quando questionado sobre a que instituições iria doar este dinheiro, Gudni Johannesson respondeu lapidarmente “não sou nenhuma Madre Teresa. Não me quero gabar sobre estas coisas”.

E, subitamente, um pequeno país com 300.000 humanos, 800.000 ovelhas e 90.000 cavalos restaura-nos a fé na humanidade.

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Artigo originalmente publicado no blogue Mundo Magno

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