A parentalidade traz consigo uma preocupação imensa com a alimentação infantil. É normal. Enche-se a biblioteca de livros, lê-se todo tipo de modalidades, faz-se planos, tem-se muito medo de não ter instinto suficiente e o nosso bebé ficar desnutrido, não crescer bem, ter dificuldades cognitivas, más notas e não entrar na universidade com 17 anos! E ainda o bebé tem 1 mês…

Nós somos esses pais também. Mas, rapidamente, passamos a confiar no instinto e tentamos levar o assunto com moderação. Não somos nutricionistas, nem lá perto, mas levamos a alimentação do pequeno viajante como levamos a nossa: com equilíbrio e num sistema de compensação. Para nós, funciona muitíssimo bem.

Este sistema de compensação, como lhe chamamos, funciona especialmente em férias. No dia-a-dia é fácil manter tudo numa rotina equilibrada. Mas, nas férias, os dias ganham o imprevisto, a novidade, o desconhecido, e o grande medo da desnutrição! O bicho de sete cabeças que levamos na bagagem e que até gostaríamos de deixar fechado no cofre do hotel uns dias, mas ele insiste em enviar uma das suas cabeças connosco na mochila das fraldas: a culpa. O segredo: calma e o sistema de compensação.

Nas férias, também se faz umas merecidas folgas da cozinha caseira, do fazer o jantar todos os dias a pensar no que foi a ementa semanal da escola. Correr à mercearia nas terças e quintas-feiras, porque é o dia que chegam os legumes frescos e biológicos. Pais, precisamos desse alívio temporário e as crianças também.

Recebemos muitas mensagens a perguntar como fazemos. Não há um plano exacto, mas há coisas que fazemos sempre.

Lancheira é fundamental

O pequeno come muito bem, portanto é impensável sair do hotel/casa/hostel/caravana sem uma lancheira, nem que seja só por 2h. A diferença no horário e o jet lag também baralham um pouco as horas da fome. Portanto, uma lancheira é fulcral.

O que vai lá dentro? Costumamos aproveitar o pequeno-almoço para essa tarefa.

- Frutas por descascar. Bananas e maçãs são mais fáceis de transportar e há nos hotéis todos, é só pedir e dizer com um sorriso que é para o bebé. Também usamos um mini-tupperware, com a fruta já lavada e cortada.

- Bolachas. A criança só come bolachas caseiras? Ainda bem! Mas, nas férias, relaxe, um pacote de bolachas de aveia ou arroz, não vai fazer mal nenhum. Mal faz o stress que dá aos pais estas culpas ou não ter nada a mão e parar numa estação de serviço e comprar um pacote de batatas fritas em pânico.

- Garrafa de água.

- Um pãozinho com ovo, também bem fácil de trazer do pequeno-almoço ou fazer num apartamento.

- Purés de legumes. Especialmente em apartamentos ou caravanas, é só cozer e passar a puré. Não há o passador eléctrico? Como fazia a avó? Com o garfo! O pai tem muito jeitinho para essa tarefa. E depois vai em pote ou saco.

Assim, mesmo que o almoço seja tardio, a nossa criança terá sempre o básico para matar uma fome inesperada. Levem uma lancheira pequena, que caiba numa mochila. Eles gostam de escolher e se há dez hipóteses, vão perder-se e assim está condicionado por nós. Qualquer que seja a escolha deles ao olhar para a lancheira, é a nossa escolha.

Importante: levem lancheira para as crianças para o avião. Cada tabuleiro de refeição de avião, da classe económica, tem cerca de 850-1000 calorias. É confecionado e congelado. Logo, está cheio de conservantes. No avião, apenas é aquecido. Tal como os pãezinhos.

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Refeições

Depois chega a hora do almoço/jantar. E, com ela, aparece a cabeça do monstro: se comemos picante, ele não pode comer; se comemos fritos, não se sabe quanto tempo tem o óleo; se comemos marisco, a criança não come marisco; se comemos bolonhesa, a carne tem muitas gorduras… socorro! Aparecem as cabeças todas! Aqui é que entra o bom senso e a regra da compensação. Comeu “pior”, mas comeu, e ficou satisfeito? Ótimo. Criança feliz.

Nos restaurantes em toda a parte do mundo que conhecemos, é possível pedir que façam um arroz cozido com carne ou peixe grelhado. Sopa não há em todo lado, é verdade. Mas legumes, sim! Legumes cozidos ou salteados, se a criança estiver habituada, não há problema nenhum.

Tudo corre bem. Se houver um gelado ou batatas fritas ao lanche, ninguém vai ficar desnutrido, com diabetes ou colesterol mau.

Infelizmente, as férias não duram para sempre e, daí a um piscar de olhos, é terça-feira e estamos na mercearia do costume à espera da abóbora biológica.

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Artigo originalmente publicado no blogue Onde andam os Duarte?

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