A viagem teve início e fim em Hurghada e durou 12 dias. Começou com 2 dias em Hurghada, seguindo depois para Luxor e Assuão. Com partida do Cairo, guardei 2 dias para o White Desert e 2 dias para Siwa, incluindo as longas deslocações de autocarro. Não foi possível ir ao Monte Sinai ou a Sharm-el-Sheik. Gostaria de ter ficado mais tempo em Luxor, onde recomendo pelo menos 2 dias completos.

Luxor e o Templo de Karnak

Luxor mantinha-se uma verdadeira memória viva desde a minha primeira visita ao Egito, teria eu uns 18 anos. É como entrar no nosso livro de História do 7° ano – e ao mesmo tempo termos pena de já não nos lembrarmos de metade do que aprendemos na altura. Confesso que me emocionei ao voltar aqui após tantos anos.

Karnak é um desses templos épicos, talvez o meu favorito. O seu elemento mais distintivo são as enormes colunas de 21m, todas elas com hieróglifos muito bem conservados em toda a sua superfície, para além de cúpulas onde ainda persistem vestígios de cor. A entrada em Karnak custa 8,25€ e merece no mínimo umas 2 horas de visita.

Templo de Karnak
Templo de Karnak créditos: Unsplash

Outros pontos de interesse nesta cidade são o Templo de Luxor e o imperdível Vale dos Reis (do qual vos falo adiante). Em Luxor, usem este contacto para táxi (Ahmed) +201022094276. É um miúdo porreiro.

Vale dos Reis

Para aquele que foi o primeiro dia do ano fizemos uma coisa diferente e fomos de bicicleta desde a margem do Nilo até ao vale. O percurso é de cerca de 12 kms em cada direcção e atravessa a planície fértil, antes de a paisagem mudar para os tons desérticos, onde se encontram as antigas aldeias, o Templo de Hatshepsut e o Vale dos Reis.

O Vale dos Reis é, por excelência, o local mais mítico do Egito, com pelo menos 64 tumbas já descobertas – incluindo de Tutankhamon. Era o principal lugar onde eram colocadas as mais importantes figuras do Novo Reino do Egito (sec XVI e XVII a. c). A entrada no complexo custa 10€ e dá acesso a 3 tumbas. Para alguns casos específicos é necessário pagar à parte – a mais impressionante será talvez a de Ramsés VI, que merece perfeitamente os 3€ a mais. Com 117 m de extensão, as cores e imagens encontram-se muito bem preservadas para algo que existe há já 3.500 anos!

Vale dos Reis
créditos: Me Across the World

Hatshepsut foi a segunda mulher-faraó do Egito, em 1478 a. C, e o seu templo é horizontal e disposto em 3 plataformas. Outro lugar impressionante.

Templo de Hatshepsut
Templo de Hatshepsut créditos: Unsplash

Cairo e as Pirâmides de Gizé

Nesta minha segunda visita ao Cairo (e num dia especial, do meu 35° aniversário), resolvi mimar-me e fiquei instalada no Marriot Mena House. Este hotel tem um jardim com vista fabulosa para as Pirâmides, ou não estivessem as mesmas a poucas centenas de metros de distância. É verdade, a partir deste hotel podes ir até às pirâmides a pé. O valor da noite foi de 100€ (valor diretamente influenciado pelas consequências da pandemia…).

O acesso ao complexo das Pirâmides de Gizé custa 10 euros, mas a entrada no interior das mesmas é pago à parte. É possível entrar na pirâmide maior e na mais pequena, e como já o tinha feito antes desta vez não repeti.

Podes andar pelo complexo a pé, de camelo ou de cavalo. Cedi à ocasião e optei por um passeio de camelo com cerca de 2h de duração. O custo foi de 10,5 euros por pessoa.

Pirâmides de Gizé
Pirâmides de Gizé créditos: Me Across the World

Ainda dentro do complexo, a Esfinge encontra-se próxima de uma das entradas principais. A área de observação é difícil, com cercas, e acredito que quando o turismo voltar ao habitual se gerem facilmente aglomerados na área.

Por falta de tempo, não consegui ir até às Pirâmides de Saqqara, a 1h de distância do Cairo e muito diferentes destas. Igualmente não visitei novamente o Museu do Cairo – contudo, prevê-se que o novo museu abra portas ainda em Junho deste ano.

Assuão e o Templo de Philae

Nas margens do Nilo surge Assuão, uma cidade que olha o rio e onde finalmente o dourado da pedra e areia contrasta com o verde das palmeiras. Assuão apresenta várias pequenas ilhas e as tradicionais Feluccas, pequenas embarcações à vela que convidam a um passeio relaxado ao sabor do vento.

Assuão
Assuão créditos: Me Across the World

É também em Assuão que se encontra o Templo de Philae, um complexo relativamente bem preservado constituído por duas fachadas que ostentam deuses egípcios, uma lateral de colunas e um pequeno templo adjacente. É bastante distinto dos que vos tenho mostrado até agora.

Assuão merece um dia bem passado e sem pressas, devendo fazer sem dúvida parte de qualquer visita ao país dos faraós.

Oásis de Siwa

Siwa é o verdadeiro oásis no meio do deserto – e, como tal, lá chegar não é tarefa fácil. Na verdade, desaconselho para uma primeira visita ao Egito a menos que tenham bastantes dias (uns 12-14).

Oásis de Siwa
Oásis de Siwa créditos: Me Across The World

Siwa localiza-se a 900 kms do Cairo, encontrando-se ligado à capital por autocarros diários em que, melhor das hipóteses, chegam ao destino em 12 horas. O trajeto é em si próprio desinteressante, árido e interrompido frequentemente por elementos do exército que verificam passageiros, passaportes e carga. Enquanto turista nunca fui incomodada mas… conforto nestes autocarros não existe.

Os pontos de interesse em Siwa são:

  • Tumbas romanas (diz-se que Alexandre o Grande passou por cá…)
  • Templo do Oráculo
  • Salinas
  • Hot Springs (muito barrentas mas a 38°C!)
  • Fortaleza
  • Deserto

Para andar por Siwa recomendo-vos este guia, o Fati – bem disposto, ótimo inglês, prestável e disponível, grande companhia e muito easy-going. Contactem-no pelo Whastsapp (+201224907806) e digam-lhe que vêm da minha parte Se possível, fiquem 2 dias inteiros em Siwa. Merece.

White Desert

O White Desert é literalmente um deserto branco feito de… giz! É verdade, neste deserto o dourado das areias confunde-se com a pedra mais áurea, fazendo formações mágicas que em tempos estavam no fundo de um gigantesco lago. São kms e kms destes cones. Assim, tão depressa poderão encontrar pedra de formas invulgares toldada pelas águas e ventos como também semelhantes a autênticas ondas.

White Desert
White Desert créditos: Me Across the World

Durante a excursão pelo White Desert vão poder ver:

  • Black Desert
  • Crystal Mountain – uma zona de cristais de quartzo
  • Agabat – penhascos indescritíveis no meio da planície
  • White Desert
  • Um céu estrelado incrível

Para andar pelo White Desert recomendo-vos o “Michael”. É um homem do deserto que conhece os caminhos como ninguém, cozinhou uma óptima refeição, super afável e com um inglês decente. Contactem-no pelo Whastsapp – por mensagem de voz +20001205354214 – e digam-lhe que vêm da minha parte. Em alternativa podem contactar o Hotel Bahariya Oasis e pedir que seja ele a acompanhar-vos (mas atenção que não fiquei alojada, só almocei lá). Whatsapp +201221722751.

As excursões têm saída do Cairo e podem fazer o percurso de autocarro até ao ponto de encontro (Bahariya, 5h).

Clima

A minha vinda em dezembro pretendia aproveitar um destino barato com bom clima e relativamente acessível a partir de Portugal. O dia começa pelas 6.30h e o sol põe-se cedo, pelas 17h, atingindo-se facilmente os 25°C. A partir dessa hora há uma notória queda das temperaturas que obriga a usar um casaco. Segundo os guias locais, estes são os melhores meses para a tua visita ao Egito, por forma a evitar o calor extremo: outubro, março, abril e maio.

Custos

O Egito é um país relativamente barato, em que o PIB per capita é apenas +20% ao da Índia. 1 euro vale atualmente 19 libras egípcias. Todos os voos foram em low-cost (Ryanair e Easy Jet) e ficaram no total por 200 euros (inicialmente seriam 150, mas devido à pandemia alguns foram trocados/ suprimidos).

Por uma questão de conforto fiquei mais do que é costume em bons hotéis, que apresentavam preços muito mais baixos que o habitual. Atenção que um 4 estrelas corresponde nestes países (muitas vezes) a um 3, e um 5 a 4.

O valor de um prato principal pode rondar os 50-150 ep., o que corresponde a 2,5 – 7,5 euros. Nas estações de serviço, os snacks mais caros (um pão com queijo) rondam os 7ep (35 cêntimos). Na viagem de comboio Assuão-Cairo, paguei 2,5 euros por um jantar completo!

  • Entrada no complexo de pirâmides de Gizé – 9€
  • Entrada no Vale dos Reis (3 tumbas) – 20€
  • Entrada no Templo de Karnak – 8.25€
  • Bus Cairo – Hurghada (6h) – 12.5€
  • Bus Cairo – Siwa (12-16h) – 12.5€
  • Tour White Desert com guia – 130€
  • Baptismo de Mergulho em Hurghada – 25€
  • Passeio de camelo nas pirâmides – 20€
  • Passeio de Felucca em Assuão – 5€

No total o meu gasto (com tudo) foi de 1000€, mas podia ter sido 100-150 euros inferior. Onde se pode cortar ainda mais nesta despesa? Hotéis e refeições de qualidade inferior, gorjetas, um cartão SIM não usado. Em Hurghada deveria ter ficado em regime de meia pensão e poupado 40€ em 2 refeições que assim acabaram por ser cobradas como “extra”. Para gerir as minhas despesas uso a app Splitwise – em que se vê o gasto total, quem pagou o quê e equilibra as contas automaticamente. Para grupos não há melhor!

Outras questões relevantes

Não é necessário visto.

Antes de qualquer viagem (nomeadamente para fora da Europa) há dois cuidados especiais a ter: cuidados de saúde e vacinação (marque uma consulta do viajante) e seguro de viagem.

Sobre a pandemia, muita gente não usa máscara, é como se nada se passasse… eu uso sempre máscara cirúrgica e renovo diariamente (2-3x se usar muitas horas contínuas – como em voo, autocarro ou comboio). É necessário fazer teste PCR 72h antes de vir. Até ao momento, não é necessário apresentar no regresso (eu voltei com escala na Suíça, país que não exige teste à entrada).

Interação social. Os egípcios são muito simpáticos e apesar de quererem vender as suas coisas não são insistentes por demais (comparativamente, Marrocos é muito pior). Gostam de tentar roubar um sorriso ou palavra às raparigas, buzinam a passar de carro mas (até agora) é tudo.

Segurança de turistas (e mulheres). No que toca aos turistas, nota-se que há um cuidado enorme e por vezes até excessivo. Neste momento (e talvez por sermos poucos) os polícias apercebem-se da presença de estrangeiros muito rapidamente. Deslocam-se de imediato até nós, perguntam de onde somos e para onde vamos. Ajudam-nos inclusive a chamar um táxi mas não sem antes pedirem a identificação e telefone do condutor e registarem a matrícula.

Existem relatos de acidentes com turistas (num resort há uns anos atrás – no âmbito de um ataque terrorista – e outro referente a um jipe no White Desert que seguia fora da estrada – em zona proibida – e que por isso foi atacado pelos militares).

De resto, o Egito é um país que vive muito do turismo e portanto não senti nunca que fosse perigoso.

Relativamente a nós mulheres, convém termos um cuidado especial com a escolha da roupa. Optei por andar quase sempre com vestidos ou saias compridas mas não senti necessidade de cobrir os ombros por exemplo. Nunca usei calções, calças justas ou saias curtas. Os piropos eram alguns mas sempre no sentido de serem simpáticos e até engraçados (e não abusivos ou deselegantes).

A entrada de drones no Egito é ilegal e detetada na máquina de Rx, pelo que ficaram imediatamente com o meu no aeroporto. Não há hipótese de negociação e escusam de alegar que não sabiam (eu juro que não sabia, não verifiquei, mea culpa).

O equipamento fica registado na Alfândega e é-vos dado um ticket, e só pode ser levantado no regresso após ser feito o check-in. Este episódio foi um stress porque:

1) a alfandega é longe do check-in

2) só deixam ir uma pessoa

3) cobram 75 ep pelo levantamento do drone, sem qualquer aviso prévio (eu já não tinha dinheiro comigo, portanto estão a ver o filme que foi…).

Depois de reaverem o drone, o mesmo tem de ir (supostamente) em mala de porão. Enfim, uma complicação que quase me fazia perder o avião. Não se sujeitem e não tragam, independentemente do peso, ok?

Onde ficar

Durante a minha estadia fiquei nos seguintes hotéis:

  • Hurghada – Hotel Intercontinental Hurghada (frente ao mar e com direito a batismo de mergulho!)
  • Luxor – Steinberger Nile Palace (o típico citadino que nos faz sentir bem)
  • Assuão – Basma Hotel Aswan (decoração algo antiquada e um quarto sem internet)
  • Cairo – Marriott Mena House (um hotel de sonho mesmo ao pé das pirâmides)
  • Siwa – Taziry Ecovillages Siwa (uma experiência memorável!)

A noite no White Desert foi passada sob as estrelas… no White Desert.

Siwa
Siwa créditos: Me Across the World

Onde comer

O Egito não é propriamente um país que prime pela higiene, pelo que muitas das refeições foram feitas nos próprios hotéis – exceção feita a um restaurante à “beira-Nilo”, em Assuão, ou às refeições tidas no deserto. É relativamente fácil comprar “snacks” de qualidade duvidosa, nomeadamente croissants de queijo, bolachas ou chocolates, assim como o pão tradicional.

Para escolhas alimentares conscientes em viagem assim como vacinação adequada e aconselhamento em caso de doença, deves sempre fazer Consulta do Viajante. Podes também marcar comigo, online.

Este roteiro foi originalmente publicado no blogue Me Across The World

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