As aromáticas plantações em Pampore, uma localidade no sul de Srinagar - cujas paisagens exibem uma esplêndida cor violeta durante as duas semanas de floração, no final do outono -, eram uma mina de ouro para milhares de famílias.

No ano passado, a colheita de Rather não passou de meio quilo. Em 2020, é de apenas 30 gramas. Há 12 anos, com algo menos do que um hectare, Rather obtinha cerca de dois quilos de açafrão. Hoje, um quilo dessa especiaria é vendido por 1.350 dólares no mercado local.

"As chuvas irregulares dos últimos dez anos causaram danos", diz o agricultor Jalal-ud-Din Wani.

Vários especialistas culpam a alteração climática pela redução do volume das geleiras na região do Himalaia, reduzindo significativamente o fluxo rio abaixo.

Um estudo publicado em julho na revista Climate Change garante que a temperatura da região pode aumentar quase 7º graus até 2100, de acordo com alguns cenários de emissão de gases causadores do efeito estufa.

Como resultado, muitos produtores de açafrão estão a trocar o cobiçado tempero por maçãs, que requerem muito menos água.

De acordo com historiadores, o açafrão foi cultivado na região da Caxemira 500 anos a.C.. É um ingrediente comum em receitas tradicionais, como a infusão de Kehwa, uma bebida doce feita com chá verde, canela, cardamomo e amêndoas picadas, servida aos convidados e em cerimônias como casamentos.

O açafrão é cultivado no Irão, origem de 90% da produção mundial, mas também em Espanha e na Grécia. A Caxemira tem a fama de ter o melhor devido à forte concentração de crocina, que lhe confere a incomparável cor vermelha e aroma único.

A alteração climática, assim como o conflito na região, também reivindicada pelo Paquistão, reduziram para metade a produção do "ouro vermelho", que passou de 2,8 quilos por hectare, em 1998, para 1,4 quilo em 2018, de acordo com dados oficiais.

Este ano, o governo criou um certificado de denominação de origem do açafrão para combater a falsificação.

O Executivo, com o objetivo de mitigar o impacto da mudança climática e estimular a produtividade, lançou em 2010 uma "Missão Nacional Açafrão". Este plano é dotado de 54 milhões de dólares para introduzir tecnologia moderna nas práticas agrícolas.

De acordo com as autoridades, será possível recuperar 1.480 hectares de safras de açafrão da Caxemira.

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