A sonda espacial JUICE está pronta para embarcar numa viagem de oito anos esta quinta-feira, dia 13, em direção a Júpiter, o planeta gigante do Sistema Solar, e às suas luas geladas, em busca de condições propícias à vida extraterrestre.

A sonda Jupiter Icy Moons Explorer (JUICE) é a missão estelar da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) e será lançada ao espaço a bordo de um foguetão Ariane 5, a partir da Guiana Francesa.

Com cerca de 6,2 toneladas, a sonda levará 10 instrumentos científicos ao espaço. A sua chegada à órbita do planeta está prevista para 2031, a uma distância de 628 milhões de quilómetros da Terra. A viagem será longa e sinuosa, pois a sonda não tem energia suficiente para chegar à Júpiter numa trajetória direta.

A JUICE passará de planeta em planeta, usando as suas respectivas forças de gravidade para ganhar impulso na sua trajetória, como uma catapulta.

O primeiro destino é a Lua, depois Vénus (2025), posteriormente a Terra novamente (2029), que a ajudará a dar o empurrão final para Júpiter e os seus satélites naturais, descobertos por Galileu Galilei há 400 anos.

Ao passar por Vénus, a sonda enfrentará temperaturas de 250ºC e quando chegar a Júpiter, de -230ºC, "uma diferença enorme", alerta Carole Larigauderie, do Centro Nacional Francês de Estudos Espaciais (CNES).

Para suportar esta diferença de temperaturas, o objeto espacial é coberto de várias camadas de material isolante.

"Um sistema solar em miniatura"

Outro desafio da sonda será manter a sua reserva energética em potência máxima, uma vez que a luz solar no espaço é 25 vezes menor do que a recebida na Terra. Para isso, foi dotada de 85 m2 de painéis solares na sua estrutura.

Depois de uma "travagem" perigosa, ela entrará na órbita de Júpiter para começar a sua missão científica: inspecionar o planeta gigante e os seus principais satélites: Io, Europa, Ganímedes e Calisto.

"É um sistema solar em miniatura cujo estudo nos permitirá entender melhor como o nosso próprio Sistema Solar foi formado", explica Olivier Witasse, gestor do projeto na Agência Espacial Europeia.

A sonda utilizará dados meteorológicos, estudará campos magnéticos e examinará a conexão entre as diferentes luas para detectar ambientes favoráveis ao surgimento de outras formas de vida.

A sua atenção incidirá sobretudo sobre Ganímedes, que além de ser a maior lua do Sistema Solar, é a única que possui um campo magnético que a protege da radiação e uma forte candidata, junto com Europa, à busca por condições ideias de vida. A JUICE deve chegar à sua órbita em 2034.

No entanto, "isso não significa que vamos encontrar vida, mas que queremos saber se é possível", diz Francis Rocard, planetólogo do CNES, acrescentando que os especialistas ainda não sabem identificar como poderia ser este sinal de vida.

Ambas as luas estão cobertas por uma espessa camada de gelo, debaixo da qual existem vastos oceanos de água líquida, a principal condição para o surgimento da vida.

Os dados serão combinados com outros recolhidos pela sonda Europa Clipper da NASA, que viajará ao satélite Europa em 2024.

JUICE é a primeira missão europeia a se aventurar na região externa do Sistema Solar, depois de Marte.

Ao todo, a missão custará à volta de 1,6 mil milhões de euros.