No dia em que decido visitar as prisões está a chover. Aliás, choveu o dia todo e não fiz quase nada, foi um dia perdido. Como não me sinto confiante a conduzir uma mota, peço ao dono do hostel onde estou albergada a sua bicicleta e lá vou eu com uma mão no volante e outra a segurar o guarda chuva. A rua para lá chegar está encantadora. As árvores de grande porte estão em flor. Uma flor vermelha que se espalha pelo chão cobrindo-o como um manto e tornando esta rua particularmente encantadora. Não circula aqui muita gente, então consegue-se observar um túnel de árvores com vários tapetes de flores vermelhas no chão por uma extensão agradável de observar.

As Tiger Cages estão fechadas, com muita pena minha. Não as consigo visitar, mas li na internet que vale a pena pela sua história. Sei que aqui as pessoas eram torturadas de formas horrendas, como queimando-lhes os órgãos genitais ou arrancando unhas à martelada - atos horrendos que metem impressão só de imaginar. As Tiger Cages eram gaiolas de arame farpado de dimensões pequenas onde aprisionavam mais do que uma pessoa em contacto com a areia, pois ficavam deitados no chão. Histórias arrepiantes que se tornam mais arrepiantes ainda quando pensamos que, na realidade, não aconteceram há assim tanto tempo.

Chove muito e não demoro até ficar completamente encharcada. Por esta razão, não visitei o museu, nem muito mais neste dia. A ilha também não tem assim muita coisa para fazer…

No dia seguinte, o meu último, fui a pé visitar o templo mais imponente, o Van Son Pagoda, que fica a cerca de 30 minutos a pé do meu albergue. Uma caminho que se faz muito bem entre árvores em flor, desta vez amarelas, e um silêncio calmante, já que não cruzo com quase ninguém nestas ruas. Ninguém anda a pé. No caminho para o Pagoda, descubro mais uma praia completamente deserta, com uma vista encantadora já que as montanhas estão perto. Existem alguns barcos atracados também. O Pagoda está no alto e tem uma vista interessante da ilha. Consegue ser um miradouro do espaço envolvente. É uma visita que vale a pena. Consegue-se daqui ter vista para o oceano e também para o tal lago de flores de lótus que referi anteriormente. É sem dúvida um local a visitar em Con Dao.

Van Son Pagoda
Van Son Pagoda créditos: While You Stay Home

O hostel onde fiquei é muito simples. No dormitório feminino onde estou, fui sempre a única a dormir lá, portanto tinha o quarto só para mim, para verem o quão turístico é! É um sítio acolhedor e o dono tem dois cães que por lá andam. Gosto de cães e não me incomodam, mas aqui na realidade incomodaram um pouco. Não só porque o cheiro a cão era muito intenso, mas porque enquanto estava na área comum sentada, o sítio onde os cães costumam estar, vi uma carraça a trepar-me pelo vestido acima. Nunca mais fiquei na zona de convívio outra vez sentada. Ter uma carraça agarrada a mim dá-me arrepios só de pensar, isto para não falar da chatice que poderia acontecer depois. Confesso que revirei o vestido umas 100 vezes à procura de algo e fui logo tomar banho.

Está na hora de dizer adeus enquanto chove bastante. Tenho pena de ter chovido a maior parte do tempo que estive na ilha pois gostava de ter explorado mais. Ficou por ver todo um lado da ilha e uma praia ao lado do aeroporto onde se vê os aviões a aterrar mesmo ao nosso lado, segundo relatos de um dos 3 turistas que conheci durante a estadia na ilha. O ferry de volta para Vung Tau está cheio para não variar e é mais caro ao fim de semana e sexta-feira. Na realidade achei bem caro para o Vietname. Sou novamente a única pessoa ocidental que lá vai. Já estou habituada aos olhares, ou melhor, já sei que vão ficar todos a olhar mas não consigo sentir-me não incomodada com isso.

Aconselho definitivamente uma visita a Con Dao para quem gosta de descobrir locais menos explorados e não se importa de misturar com a cultura local. É, sem dúvida, um escape à vida agitada e do stress das cidades.

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