O grande viajante português Custódio Issa contou-me que anda de burro onde se anda de burro, anda de camelo onde se anda de camelo, anda de elefante se tiver de andar de elefante. É assim que evoluímos: adaptar e compreender os outros, sem medo de chegar aos lugares tal como os nativos o fazem. Seja qual for o meio de transporte. O medo bloqueia a evolução.

Reportar ou fotografar? Issa preocupa-se em burilar no “conteúdo de foto-reportagem”. Até porque nem sempre tem pessoas perto para ser fotografado dentro da imagem. Mas vale é fotografar as paisagens, os cartazes enigmáticos (que já lhe valeram até prisão e ameaças por um dia em dois países), pessoas e vulcões perigosos.

Tempo: elogia extremamente os viajantes sem relógio, pois apesar de ter feito 90% das suas viagens “a solo”, nunca ficou mais de um mês fora de casa depois da fase AMI. Entrou na segunda fase da sua vida há muitos anos em que o médico deixou de o ser propriamente, para ser viajante. Gosta de planear cada viagem e, de acordo com os artigos anteriores, este Grande Viajante já percorreu quase o Mundo todo: 188 países.

Uma grande questão sobre ser viajante: o sono! Eu e ele comentámos: somos verdadeiros mochos. Ou seja, gostamos que nos respeitem o sono mesmo que isso implique perder o pequeno-almoço nos hotéis. Não gostamos de relógios em viagens. Issa até dá a medalha de mérito aos viajantes que têm apenas bilhete de ida e não sabem quando voltam a casa.

Custódio Issa
Custódio Issa

Ainda por causa do sono: fazer frete em viagem é que não, incomodar os outros também não. Então viajar sozinho é ótimo e até porque fará amizades de forma mais natural. Os planos até se alteram e tem nova companhia. Quem sabe, amor entre caminhos e fronteiras?

Bagagem: viaja com pouca bagagem, de forma “light”, como me disse em entrevista. Refere as vantagens: além de andar ‘mais leve’, não perde a bagagem em lado nenhum. E dá um conselho em voos de longo curso: colocar a pequena troley debaixo do assento, na sua frente. Vou aprender, pois eu ando sempre cheia de malas, mochilas e sacolas. Outra vantagem: não precisa de estar a perder tempo nos tapetes rolantes em que são atiradas as malas até ver chegar a sua. Assim vai direto ao táxi ou shuttle e entra na aventura. Aqui, sim, o tempo conta.

Nas minhas histórias ora tenho malas amolgadas, ora rodas da troley que ficaram decerto no país lá atrás, ora bagagem que vem noutro voo por engano… ora perder um voo porque fiquei uma hora a olhar para o tapete, pois não podia perder de vista 3 enormes bagagens vindas de Miami, ora uma bagagem enormíssima no Dubai que foi parada graças aos cães que duvidaram da minha idoneidade. O que aconteceu: tiraram tudo da minha mala, cuecas ao dispor em terra muçulmana e, afinal, os cães deveriam estar com um faro pouco apurado naquele dia.

Outro conselho de Issa: aproveita para levar indumentária que menos utiliza em Portugal. Roupas mais usadas, efetivamente. O que faz (e nisto reconheço-me!) é deixar ou entregar as suas roupas aos nativos em países de terceiro mundo. Ou mesmo deixar no hotel para que as pessoas possam levar, se quiserem.

Quanto a souvenirs, traz para os amigos sobretudo os típicos magnéticos que encontramos nos frigoríficos de toda a gente que viaja e não viaja. E fiquei admirada (até consternada, admito!) com este facto pois eu tenho gavetas e estantes atulhadas, em duas casas, de souvenirs. E até pedras trago de cada país e lugares. Portanto já posso construir um muro com elas. Acreditem! Este viajante de cinco estrelas confessa que quem entra na sua casa também fica admirado pois nem parece ser uma casa de quem viaja como ele o faz: pouco traz de cada nação. Não, não! Traz e muito, nas fotografias e sobretudo nas histórias. As suas viagens são a sua vida desde que largou tudo para trás.

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