O que mais o motiva a cada embarque? Pessoas. E que pessoas mais o impressionaram? “O povo de Timor Leste”, respondeu. A seguir ao referendo em Timor Lorosae, Issa viu tudo queimado pelos indonésios. E até fez rapidamente as contas, assim: “era a Sandra ainda pequenina”. Isto tocou-me, pois agora tenho o privilégio de estar a contar as histórias e a entrevistar os maiores viajantes, os maiores agentes de intervenção e também fotógrafos do mundo, como o caso de Custódio Issa. E eu não era assim tão pequenina, pois quando Issa situou esta situação em Timor – foi em 2000 – ora eu era uma adolescente acabada de me tornar adulta, a entrar na Universidade de Aveiro. Mas a minha idade é igual a estas viagens: não parece real.

Em Timor, só as pontes ficaram a salvo do dinamite que destruiu tudo o resto. Triste de se ver, admite Issa, com flagelo sentido na voz. Ficaram as pessoas e o coração delas. O viajante sentiu-se muito idolatrado pelo facto de ser português. Trabalhou nas montanhas onde apenas existia uma casa e um hospital! Ele trabalhou no hospital e vivia na casa, com outras pessoas em missão. Ali também estavam militares do Quénia. Era habitual filas de timorenses para os dois médicos que ali estavam entre montanhas. Ele e outro doutor. Mas os nativos preferiam o médico português e as filas aumentavam. Issa nunca se cansou, só ficava grato por ajudar. Recorda com muito carinho. Este carinho vai fazer com que volte a Timor, apesar de ter “pena” que não tenha evoluído como nação. Mas as pessoas são o melhor que ali pode encontrar, são uma morada para viajantes eternos.

O que fazem as viagens? as pessoas e as amizades. Viajante e médico português recorda povo de Timor Leste e do Paquistão
Paquistão créditos: Unsplash

Outro povo por quem se apaixonou: os paquistaneses. O Paquistão é para voltar após saga completa ao planeta. É um país com menos turismo, tal como o Bangladesh e onde encontra o desejado choque cultural e muito ‘odor’. Cheiros nem sempre interessantes, mas misturados com a generosidade dos nativos, em doses elevadas.

Acerca ainda das pessoas, entre viagens: pode encontrar, provavelmente, a melhor amizade da sua vida. E  isso pode acontecer mal entra num avião. A relação interpessoal começa de facto no avião. Fazem-se muitos contactos e algumas pessoas ficam na nossa alma. Recorda uma senhora que o marcou e presta-lhe aqui uma homenagem, não tem receio de abrir o seu coração pois a companheira de muitas viagens merece-o: conheceu-a em Hong Kong há 34 anos. Uma mulher e uma amizade numa soma extraordinária. Manteve contacto com ela até dia 1 de Agosto de 2020, quando ela faleceu. Neste momento em que escrevo, estremeço, choro, impressiono-me, faço uma pausa.

Continuo: Issa refere uma outra pessoa marcante. O amigo alemão que, pelas redes sociais reencontrou. Um amigo de viagens e que voltou à sua vida e o desafia, agora, para voltar a Cuba. E Issa está tentado. Mas falta só “acabar o mundo” e vai.

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