No dia 29 de Fevereiro de 2020 deixámos Portugal rumo à maior aventura das nossas vidas. De facto, sabíamos que seria uma aventura extenuante, e já havíamos ouvido outros viajantes comentar o impacto fortíssimo que uma viagem de vários meses pode ter.

Estávamos preparados para os mosquitos, os lagartos, a malária, as intoxicações alimentares. Tínhamos tudo estudado. O roteiro estava pronto, e durante 8 meses, íamos saltitar um pouco por todo o continente asiático.

Pouco tempo depois o impensável aconteceu – uma pandemia parou o mundo. Qual cenário de ficção científica, qual quê. Os planos foram todos por água abaixo. E demos por nós sem emprego, sem casa, retidos no Uzbequistão, sem perspetivas de poder voltar a viajar, sem perspetivas de quando poderíamos regressar a casa.

Foram muitas as peripécias até conseguirmos regressar ao Porto sãos e salvos.

Vistas as coisas de uma forma muito transparente: tínhamos deixado os nossos empregos estáveis por uma viagem de 29 dias pelo Cazaquistão e pelo Uzbequistão. Não foram 8 meses, não foi uma viagem longa, caramba nem sequer chegou a um mês! Que bela alhada. Em tempos de pandemia, encontrar um novo emprego também não parecia tarefa fácil.

Quem sabe as coisas acalmam. Daqui a 1 mês voltamos a viajar. Pensávamos nós esperançosos.

Mas a esperança foi esmorecendo. As semanas transformaram-se em meses. E sabíamos que não podíamos ficar parados. Mãos à obra. Escrevemos um ebook gratuito sobre os 29 dias que mudaram as nossas vidas. Dedicámo-nos ao nosso blog, procurámos oportunidades freelancer e tentámos a nossa sorte com candidaturas para alguns trabalhos remotos.

Volvidos quase 9 meses desde o começo da nossa aventura, tanta coisa mudou! Em Outubro, com uma nova fonte de rendimento (de funções remotas), decidimos adaptar-nos a este novo Mundo e às novas exigências da viagem (que agora se requer mais lenta, mais cautelosa e mais responsável) e fizemos as malas. Os meses de Outubro e Novembro serão vividos na Polónia, em Varsóvia e Cracóvia (respetivamente) aproveitando os tempos livres para pequenas viagens mais curtas a outras cidades nas proximidades (como Torun, Poznan, Gdansk, Wroclaw e outras que tais).

Tem sido uma experiência enriquecedora, e estamos satisfeitos com este desfecho. Talvez esta seja realmente uma grande aventura afinal de contas.

No meio de todo o caos da atualidade, encontrámos nesta solução um pouco de tranquilidade. E apesar de o termo “viajar” estar realmente diferente e adaptado, a verdade é que continua a valer a pena sair da zona de conforto e desfrutar de outros ares e outros mundos.

No dia 8 de Novembro, a nossa viagem inicial, planeada com tanto carinho e empenho, teria chegado ao fim. E nesse dia escrevemos:

Hoje é o dia em que regressamos a Portugal. Para trás ficaram mais de 8 meses da aventura das nossas vidas. As estepes imensas da Ásia Central, as cerejeiras em flor do Japão e a modernidade de Seoul e Hong Kong. Os paraísos escondidos (e também os massificados) da Indonésia, a hospitalidade Vietnamita e as esmolas matutinas recolhidas pelos monges de Luang Prabang. Os encantos do norte da Tailândia, o nascer do sol sobre os templos de Bagan e a escadaria até ao topo da Lion Rock em Sigiriya. As explosões de cheiros e cores da Índia, os Himalaias bem lá no fundo em solo nepalês e o som magistral do Adan a ecoar das mesquitas de Lahore. A evolução constante dos Emirados e as roadtrips pela infinita costa do Omã. As maravilhas da Pérsia e as montanhas do Cáucaso. Que bom que foi, não era?

Mas já dizia o outro que "o mundo pula e avança".

O sonho continua cá. Apenas adaptado às circunstâncias atuais, lentamente adormecido, à espera dessa pequena faísca que o torne em esperança e o concretize.

Um dia veremos tudo aquilo que 2020 nos prometeu.

A aventura das nossas vidas? Essa está apenas a começar.

Acompanha esta nova aventura em: https://www.instagram.com/circum_mundum/

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