As paisagens são uma das maiores inspirações para este fotógrafo de Vila Nova de Gaia, que também é um “aficionado por fotografia de produto”. Por trás de cada imagem há uma história, mas também muito trabalho e nem sempre as pessoas sabem ou valorizam este processo.

Assim surgiu a ideia para realizar o documentário Eye On Focus que vai mostrar o percurso de Rui para conseguir fazer da sua grande paixão, a fotografia, um trabalho a tempo inteiro. “A nossa profissão, muitas vezes, não é vista como tal, só porque não tens um emprego das 9h às 17h”, explica ao SAPO Viagens.

O gosto em “andar de câmara na mão" sempre o acompanhou, “acho que o herdei do meu pai”, mas foi depois de ter começado a cursar a faculdade de Desporto que percebeu que não era isso que queria fazer da vida. Assim, começou a perseguir o sonho de ser fotógrafo.

O documentário, divido em três episódios, vai mostrar as etapas da concretização deste sonho, desde o início, a entrada no mercado de trabalho, as dificuldades e as conquistas. A parte final ainda vai ser gravada na Islândia, um dos destinos de sonho de Rui - vai mostrar uma “concretização pessoal”. Entre março e abril, deve sair o primeiro episódio.

De uma viagem cancelada surgiu uma ideia

O fotógrafo era para ter ido para a terra do fogo e gelo no início de 2021, contudo a pandemia trocou-lhe os planos. Acabou por ter de cancelar a viagem, mas por ter feito contacto com Cátia Ferreira, guia turística portuguesa a viver na Islândia, surgiu a ideia de realizar uma jornada fotográfica ao país.

Através da parceria com a Meraki Iceland, vai surgir um itinerário de oito dias para explorar a Islândia e aprender mais sobre fotografia. Uma viagem que vai “marcar a diferença”, acredita Rui.

Marcar a diferença é mesmo algo que quem trabalha nessa área está sempre a tentar fazer, mesmo quando a pandemia limita a ação, como está a acontecer neste momento. “Uma pessoa não pode parar. Durante este período de pandemia arrisquei muito, criei a minha empresa de produção de vídeo, fotografia e design, fiquei feliz de ter dado esse passo no meio de uma situação má”, conta.

Também durante o ano passado, uma das imagens de Rui acabou por ser uma das escolhidas, entre 50 mil imagens, para marcar os 75 anos da ONU. Foi o único fotógrafo português presente na seleção de 75 imagens. A fotografia, tirada com drone, mostra uma das lagoas do Parque Nacional da Penêda-Gerês.

Gerês, Portugal
créditos: Rui Farinha

Olhar para a nossa cidade com outros olhos

O facto de estarmos mais limitados nos movimentos implica novos desafios e novos olhares para o que está à nossa volta.

“Portugal inspira e agora cada vez mais. Principalmente na altura em que estamos, redescobrir Portugal foi um desafio”, diz.

“Com o confinamento, o nosso processo criativo ficou em stand by, a nossa maneira de trabalhar alterou-se e tivemos de desafiar-nos”.

Ver a cidade do Porto deserta, “um sonho para qualquer fotógrafo”, deixou Rui a refletir sobre como acabamos por relativizar o potencial de cada sítio, deixando-o com mais vontade de sair para fotografar e valorizar o lugar onde vive. “Olhar para a nossa cidade com outros olhos”, conclui.