Este artigo, onde falo sobre aquilo de que mais gosto no Minho, é uma história das maravilhas desta região sempre verde do Norte de Portugal. O Minho é o berço do vinho verde, do bacalhau e dos palácios feudais. Mas, mais do que tudo isso, aquilo de que gosto no Minho é que, a par do Alentejo, é um dos centros gastronómicos do país, e é onde se consegue sentir o calor do povo português na sua máxima expressão.

Com o turismo em Portugal a aumentar, não nos surpreende ouvir queixas dos visitantes sobre as hordas de outros turistas e viajantes que invadem as cidades mais populares - Lisboa e Porto - e a região do Algarve. Apesar de haver boas razões para a popularidade destes lugares, há muitos outros que também têm muito para oferecer e que estão à espera de ser descobertos, como a região do Minho, no Norte profundo de Portugal.

Já tive o privilégio de visitar o Minho várias vezes, e neste artigo o meu objetivo é partilhar algumas das coisas de que gostei e as fotografias que tirei.

Braga e Guimarães

Braga e Guimarães são dois centros históricos e culturais portugueses muito importantes. A cidade de Braga remonta à antiga Bracara Augusta, um centro urbano fundado pelos romanos em 20 a.C., e onde fica também a Arquidiocese Católica mais antiga de Portugal. Não é de espantar que lá se encontrem alguns dos mais belos mosteiros e igrejas do país. Além disso, as comemorações da Semana Santa, com uma agenda bem preenchida de procissões, missas e outras atividades, são mais intensas e genuínas do que em qualquer outro lugar de Portugal.

Guimarães é uma cidade medieval maravilhosa e bem preservada, que faz parte da lista de património classificado da UNESCO. Chamam-lhe geralmente “o berço de Portugal”, já que foi aqui que decorreram os momentos chave que deram origem à nação portuguesa.

A capital do bacalhau em Portugal?

Apesar de a capital da indústria do bacalhau ser Ílhavo, no distrito de Aveiro, os donos do restaurante São Frutuoso, em Braga, afirmam com total confiança que o Minho é o melhor sítio para comer bacalhau. Para provar isso, serviram-nos um prato delicioso de bacalhau à moda de Braga – uma receita que combina a doçura da cebolada com o picante delicado mas aromático do colorau. Experimente, e depois conte-me. Outra excelente receita é o bacalhau recheado, feito pela Dona Emilia no restaurante Adega dos Caquinhos, em Guimarães.

Falando de carne

A rica gastronomia do Minho não se fica apenas pelo bacalhau. Os amantes de carne, pelo menos os que visitam a região pela primeira vez, não podem deixar de experimentar o cabrito assado no forno, ou uma daquelas postas suculentas de carne de vaca barrosã.

Onde o vinho é verde

Não entre em pânico, não estamos a dizer que é radioativo! Nem sequer é verde, se é essa a sua dúvida. O nome vinho verde não descreve a cor do vinho, mas antes a sua juventude. Na verdade, o vinho verde pode ser tinto, branco ou rosé. Certifique-se de que prova as duas melhores variedades, Alvarinho e Loureiro. E se quiser fazer mesmo como os minhotos, beba de uma malga, uma taça que é usada em vez dos copos.

... E a terra também é verde!

Disse há pouco que os vinhos verdes não são realmente verdes, certo? Mas isto não significa que haja pouco verde nesta região. Na verdade, é uma das zonas mais verdes de Portugal. Se sair de Braga em direção ao Parque Nacional do Gerês, não tardará em encontrar-se submergido em campos de um verde abundante. Os montes ondulantes podem não ser tão espectaculares como os do Douro, mas a paisagem tem um carácter muito marcado. Os que gostam de caminhar ou de fazer-se à estrada não ficarão seguramente desapontados. Em caso de muito calor, o que é provável no verão, não se preocupe – pode sempre ir nadar ao Rio Cávado ou ao Rio Homem, dependendo do lado em que se encontra.

Em casa dos aristocratas

Ao longo da história, viveram na região do Minho as famílias nobres mais poderosas de Portugal, e a região tem alguns dos solares - casas senhoriais - mais bonitos do pais. Se sempre sonhou em dormir numa casa senhorial e ser convidado de um nobre conde, dê asas ao seu lado aristocrata e reserve um fim de semana no Paço de Calheiros, perto de Ponte de Lima.

Os Minhotos

Aristocratas como o conde de Calheiros, do Paço de Calheiros, podem passar uma imagem um pouco austera, apesar de nos receberem com grande hospitalidade e simpatia. Mas, de forma geral, os minhotos não são assim. As pessoas do Minho são bastante simples e, como todas as pessoas típicas do Norte de Portugal, não têm medo de usar uma linguagem mais colorida – e alguns palavrões – para dar humor à conversa. Nunca me esquecerei da Dona Emilia, do restaurante Adega dos Caquinhos, em Guimarães, a pedir aos amigos para sairem da sala quando precisei de tirar uma fotografia: “ Oh seus filhos da puta, ponham os cús daqui para fora – O cavalheiro precisa de tirar-me um retrato!”.


Nota: viajei pelo Minho a convite do consórcio intermunicipal Minho IN e da agência de comunicação Cunha Vaz Associados. Todas as opiniões expressas são minhas.