Em Dezembro de 2017 a UNESCO classificou a Produção de Figurado em Barro de Estremoz como Património Cultural Imaterial da Humanidade.

Bonecos Estremoz
Produção do Boneco de Estremoz créditos: Who Trips

Agora há a expetativa de assegurar a continuidade desta arte, com mais do que uma dúzia de artesãos.

Márcia Oliveira, vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Estremoz, diz que nesta fase o mais importante é assegurar a continuidade da produção de bonecos. Ao mesmo tempo estão a ser implementadas iniciativas com vista à criação de oficinas com novos artesãos.

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Perpétua e Ricardo créditos: Who Trips

A continuidade dos Bonecos de Estremoz é também uma preocupação de Perpétua, uma das Irmãs Flores, artífices há mais de 40 anos. Elas já têm um continuador, o Ricardo, filho de Inácia, que muito cedo começou a gostar desta arte. Nos tempos livres da escola já ajudava a produzir os bonecos e na opinião da mãe é um fator positivo quando se aprende esta arte muito cedo porque se interioriza o gosto.

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Inácia créditos: Who Trips

Perpétua e Inácia também começaram muito cedo. Há mais de 40 anos, ainda eram adolescentes, quando aprenderam a trabalhar com o barro com uma senhora que também tinha uma olaria. Elas acabaram por montar a sua própria atividade. Repescaram o apelido da mãe (“Flores”) e trabalham numa das principais praças de Estremoz.

Bonecos Estremoz
Trabalhos em produção e antes de serem cobertos com verniz créditos: Who Trips

De certa forma, o percurso que fizeram é muito parecido com a história da Produção do Figurado em Barros de Estremoz. Foi uma atividade desenvolvida essencialmente por mulheres que procuravam algum rendimento aproveitando a qualidade e a plasticidade do barro de Estremoz.

Os próprios bonecos não diferem muito do que tem sido a tradição em Estremoz e que é facilmente identificável devido às formas, aos detalhes e às cores vivas que estão presentes em todas as figurações.

Bonecos Estremoz
Profissões com trajes regionais créditos: Who Trips

Os temas que retratam são também tradicionais e muito ligados à região de Estremoz.
São profissões do campo (como as ceifeiras), temas religiosos e profanos com muitas referencias ao Carnaval.

Bonecos Estremoz
Os negros são outros bonecos produzidos créditos: Who Trips

Há também os “napoleões”, bonecos alusivos às fardas dos militares quando das invasões francesas.

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Primavera créditos: Who Trips

Fora das ocasiões especiais, como por exemplo no Natal em que a procura dos presépios é maior, os bonecos preferidos dos compradores são os da coleção Amor é Cego e a Primavera com a saia de bailarina e o arco florido.

As duas irmãs procuram reproduzir os bonecos antigos. Deste modo, segundo Inácia, “através dos bonecos conseguimos imaginar a cultura da época em que foram criados”.
No levantamento realizado para a candidatura à UNESCO foram registadas mais de uma centena de figuras. Por exemplo, um presépio costuma ter cerca de 50 figuras.

Bonecos Estremoz
Napoleões créditos: Who Trips

O acervo histórico desde o séc. XVII pode ser visto no Museu Municipal de Estremoz.
A distinção feita pela UNESCO (a primeira de uma arte figurativa) teve efeito imediato em todo o concelho de Estremoz com um aumento significativo da procura.

Bonecos Estremoz
Barro a ser modelado créditos: Who Trips

Cada peça demora quatro dias a fazer. Todo o processo é artesanal. A figura é modelada, deixa-se secar, é cozida e depois pintada com tintas diluídas em óleo e o trabalho é finalizado com verniz para dar brilho e proteger a coloração.

Estes são os artesãos que recentemente trabalhavam na Produção de Figurado em Barro de Estremoz: Afonso e Matilde Ginja, Célia Freitas, Duarte Catela, Fátima Estróia, Irmãs Flores, Isabel Pires, Jorge da Conceição, Miguel Gomes e Ricardo Fonseca. A Câmara Municipal tem uma rota no Posto de Turismo com informação sobre a localização de cada um deles, como podem ser visitados. Tem também um centro interpretativo.

O Património dos Bonecos de Estremoz faz parte do podcast semanal da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
A emissão deste episódio, O Património dos Bonecos de Estremoz, pode ouvir aqui.

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