As Obras do Fidalgo, a poucos quilómetros da saída da A4 para Marco de Canaveses, é um tesouro do barroco à espera de ser descoberto. A fachada tornou-se icónica pela dimensão e por estar incompleta, criando um cenário cinematográfico perfeito.

Em Vila Boa de Quires, na entrada para a cidade de Marco de Canaveses (Porto), no meio de quase nada, nasceu uma obra que não passa despercebida. E ainda bem. É um dos maiores exemplos da arte barroca da região e que merece ser visitado.

A dimensão da obra chama a atenção de todos que por ali passam e revela o sonho do fidalgo António de Vasconcelos Carvalho e Meneses: construir um grandioso solar. Se o objetivo tivesse sido realizado, as Obras do Fidalgo seriam hoje o maior edifício civil de estilo barroco da Península Ibérica.

Segundo Carlos de Azevedo, no livro "Solares Portugueses" (1988), a data do início da construção não é certa, mas deverá ter acontecido entre 1740 e 1760, apesar da gramática decorativa do "alçado principal, já rocaille, se inscrever na segunda metade da centúria".

Todo o esforço de monumentalização do imóvel de dois pisos foi concentrado na fachada que, segundo o autor, é "uma verdadeira lição sobre a gramática do estilo barroco - aliás, já da época rocaille".

A zona de maior impacto é a central, onde se ergueu o portal, que apresenta "duas colunas com enrolamentos, sobre as quais assenta o entablamento em arco abatido, que acompanha o desenho da porta, e suporta o frontão de volutas, interrompido pelas formas vegetais que preenchem o tímpano e se prolongam até à vieira que encerra o conjunto", explica o site da Direção Geral do Património Cultural. (DGPC).

O projeto não é só marcado pela monumentalidade - os pormenores de todos os motivos decorativos também saltam ao olhar. De acordo com a DGPC, os detalhes inscrevem-se num "gosto rocaille (designação relacionada com a decoração de gosto rococó surgida em Françanos últimos anos do reinado de Luís XIV) de curva e contracurva, de grande dinamismo e cenografia". "A própria imitação de tecidos, dispostos um pouco à maneira de bocas de cena, traduz bem a importância dos efeitos ilusórios e cenográficos que se pretendia alcançar", frisa a Direção Geral do Património Cultural.

Mas porque é que a obra não foi terminada? "A interrupção a que a obra foi sujeita permanece, ainda hoje, por explicar, muito embora a tradição impute a paragem dos trabalhos à morte do hipotético arquitecto espanhol, responsável pelo projecto", explica Rosário Carvalho no site da DGPC.

Foto: Luís Pinto 

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