A ideia surgiu numa viagem que fizeram ao Brasil: “ler livros e associar a cidades”, enquanto faziam críticas literárias. “Mas isso iria demorar muito, por causa das viagens, e resolvemos focar, para já, na nossa cidade. Encontramos cenários no Porto para relacionar com aquilo que lemos”, explica ao SAPO Viagens Ludgero Cardoso que, antes deste projeto, já fazia críticas de livros num blogue e, depois, no seu perfil pessoal do Instagram.

Os lugares escolhidos para ilustrar as fotografias – sendo que a primeira da sequência é sempre de um dos leitores com o livro à frente da cara – é o menos literal possível. Álvaro e Ludgero tentam fugir do óbvio. Por exemplo, no “Monte dos Vendavais” a foto foi feita ao pé no Bingo da Trindade, pois o jogo tem um papel importante no livro, já para “Lolita” foi escolhido o cenário num campo de ténis, “por ser o desporto favorito de Lolita”, refere Álvaro.

Enquanto escrevem sobre os livros que leem, dão a conhecer o Porto. “O nosso público vai muito à procura dos cenários. Recebemos mensagens de brasileiros que nos dizem que já estão a fazer uma lista de lugares com base nas nossas publicações”, diz Álvaro. “Há também pessoas da cidade que se surpreendem e dizem que não conheciam aquele lugar”.

Ler sem pressões

O Literacidades faz parte de um movimento global que se chama Bookstagram que é a partilha de críticas literárias nas redes sociais. Há quem o faça de forma mais relaxada, como um hobby, e há quem o faça de forma profissional, como é caso de Álvaro e Ludgero, que dedicam, em média, quatros horas por dia ao projeto. Dizem que em Portugal esta espécie de influencer dos livros ainda não é muito comum. E dão como exemplo oposto o Brasil, onde existe uma comunidade muito forte e profissional à volta do #bookstagram.

A dupla já tem parcerias com várias editoras e o objetivo passa por conseguir rentabilizar o projeto num futuro próximo. Até porque esta nova forma de publicidade aos livros é “muito mais eficaz do que a publicidade clássica”, sublinham.

O facto de ter parceiros “não condiciona as leituras”, garantem. O que encontramos no Literacidades é a opinião pessoal dos dois leitores, sem filtros, sempre com muito trabalho de leitura e releitura, pesquisa e análise dos livros. Mas sem pressões. “Quando a leitura é pressionada, a experiência não é boa”, acredita Ludgero.

Para além das críticas literárias, o projeto promove ciclos temáticos. Autores negros e comunidade LGBTQIA+ foram temas já abordados.

Viagens literárias

Viajar, com ênfase no mundo da literatura, é um dos objetivos de Álvaro e Ludgero. A pandemia atrasou alguns planos, mas existem muitas ideias em carteira. Não fosse o slogan do projeto: “Viagens para leitores e leitores em viagem”.

Neste momento, estão a desenvolver a rubrica "Portugal 20 em 20". A ideia inicial era ler um autor de cada um dos 18 distritos e dois arquipélagos, mas “acabou por se tornar um projeto de viagens literárias”, conta Álvaro.

Em cada sítio que visitam procuram o que existe de literário. Tentam responder à questão: “o que é que um leitor gostaria de descobrir neste destino?” Pode ser a casa de um escritor, mas vai além disso. Podem ser os melhores lugares para ler, livrarias ou hotéis literários, por exemplo.

Durante as nove viagens que realizaram no âmbito deste périplo, fizeram o roteiro das “Viagens da Minha Terra”, de Almeida Garrett, foram conhecer a aldeia de Saramago, Azinhaga. Descobriram as livrarias de Óbidos. Estiveram na Madeira e ficaram rendidos à tropicalidade da ilha. Mas não querem ficar por aí. A criação de tours literários também está nos planos, para quando for possível voltarmos a viajar sem restrições.

Enquanto isso, se encontrar com dois rapazes simpáticos a tirar fotografias com um livro em primeiro plano pelas ruas do Porto, já sabe o que andam a tramar.

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