O Parque Nacional da Serra da Arrábida, não se resume apenas a praias paradisíacas e a paisagens de cortar a respiração... apesar destes elementos, por si só, justificarem uma visita. Eu estava bem ciente disto, por isso, numa estadia em Sesimbra, mais longa do que o costume, e depois de uns dias a aproveitar a natureza deslumbrante da Serra, resolvi fazer o roteiro dos 3 castelos: Palmela, Setúbal e Sesimbra. Há muitos anos que não os visitava e estava com curiosidade de ver o seu atual estado de conservação. Posso dizer que não fiquei nada desapontada.
Para descansar
Castelo de Sesimbra
Comecei pelo Castelo de Sesimbra. De carro, estava muito próximo do hotel onde fiquei hospedada, o Four Points by Sheraton, por isso era a escolha lógica. Dominando a vila de Sesimbra, o Castelo está rodeado pelas montanhas do maciço da Arrábida e oferece vistas magníficas sobre toda a região. O local já tinha sido povoado antes, mas foi durante o domínio muçulmano que se construiu aqui uma fortificação. Durante o avanço cristão a sul do Rio Tejo, a localidade de Sesimbra foi tomada por D. Afonso Henriques (logo a seguir a Palmela) mas em 1190 não resistiu à reinvestida dos exércitos do Califado Almóada e caiu novamente nas mãos dos muçulmanos. A conquista definitiva aconteceu em 1200 com o rei D. Sancho I, que então mandou reerguer o Castelo e concedeu foral à povoação. Ao longo dos séculos, sobretudo depois do terramoto de 1755, a ruína foi-se instalando no castelo e apenas nas décadas de 30 e 40 do século passado é que o Estado tomou a iniciativa de o restaurar, dando-lhe a sua aparência atual. Uma simples observação permite verificar que o edifício conserva ainda hoje os dois elementos fundamentais da fortificação medieval: a muralha e a alcáçova (cidadela). A entrada no castelo fazia-se pela Porta do Sol, assim designada por estar virada a nascente. Esta porta, ladeada por duas torres, era servida por uma estrada de acesso à vila que ainda hoje mantém vestígios da calçada. A muralha forma um polígono irregular que se aproxima de um triângulo e está bem adaptada à topografia do terreno. No interior da muralha, destacam-se também, duas cisternas (a nascente e a poente); as ruínas das casas dos vereadores, que ainda funcionavam nos inícios do séc. XVI, e a igreja de Santa Maria do Castelo que remonta a 1160.
Castelo de São Filipe
De Sesimbra segui para Setúbal. Já era hora do almoço, por isso parei para comer a especialidade local — choco frito! Feliz com o petisco, segui para o Castelo que também é conhecido como Forte de São Filipe. Este monumento, que segundo dizem, é inspirado no Castelo de São Telmo, em Nápoles, Itália, foi construído durante a ocupação espanhola, no reinado de Filipe I, como forma de reforçar a defesa de Setúbal contra a pirataria, que era uma grande preocupação na época. Em 1640, com a restauração da independência, D. João IV renovou a sua importância mandando ampliar as defesas e adaptar o Forte ao uso de artilharia. Já durante o século XX, o castelo foi classificado como Monumento Nacional, restaurado e a antiga Casa do Governador adaptada para funcionar como pousada. No interior do forte, existe ainda uma capela lindíssima, totalmente revestida de azulejos da autoria de Policarpo de Oliveira Bernardes, e um café com esplanada e fantástica vista para o mar.
Castelo de Palmela
Depois de admirar as vistas incríveis do Castelo de Setúbal, continuei a viagem até Palmela, a última paragem deste roteiro. O Castelo de Palmela situa-se 240 metros acima do nível do mar e acabou de ser distinguido com o prémio Travellers Choice 2020 pelo site TripAvisor. O monumento apresenta uma planta poligonal de forma irregular, com vários torreões quadrados e circulares e nos dias mais limpos, da sua torre de menagem, é possível avistar até Lisboa. O Castelo de Palmela foi conquistado aos mouros por D. Afonso Henriques em 1147, mas, tal como aconteceu em Sesimbra, foi perdido e só recuperado mais tarde e em definitivo por D. Sancho I. A posição geográfica do castelo revestia-se da maior importância porque permitia um domínio estratégico de parte do estuário do Sado, de uma vertente da cordilheira da Arrábida e das planícies envolventes que a separam do Tejo. Foi sede da Ordem de Santiago até à sua extinção e está classificado como Monumento Nacional desde 1910. Dentro das muralhas do Castelo podemos encontrar atualmente, a Pousada Histórica de Palmela (instalada no antigo convento da Ordem de Santiago); as ruínas da Igreja de Sta. Maria; a Igreja de Santiago; lojas de artesanato e um agradável café com esplanada. O Museu Municipal de Palmela apresenta também diversos espaços dentro do Castelo que podemos visitar, como é o caso do Espaço Arqueológico, o Espaço de Transmissões Militares e a Reserva de escultura de São Tiago (esta com visita sujeita a marcação prévia).
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