Para quem vive em Lisboa, Sevilha fica só a 450km, é a cidade ideal para uma escapadinha de 3-4 dias. Fomos de carro até lá no final do mês de janeiro, ficamos num apartamento na zona de San Bernardo, entre a Praça de Espanha e o Real Alcazar. O sítio não podia ser melhor, conseguimos passear sempre a pé, mas quem for mais preguiçoso, ou fique mais afastado do centro, tem muitas opções, dos transportes públicos às trotinetes e bicicletas, tal como em Lisboa.

Sevilha é uma cidade que encanta qualquer um. Os prédios são todos lindos, há uma harmonia nesta cidade que não vemos em qualquer lado. Nesse sentido faz-me lembrar Veneza, até porque no centro histórico vêem-se poucos carros e no Bairro de Santa Cruz, por exemplo, há muitas ruas estreitas e exclusivamente pedonais.

Plaza de España
Na Plaza de España, em Sevilha créditos: Sónia Fernandes

Fomos com as crianças, e por isso decidimos não entramos nos monumentos, tais como o Real Alcazar (onde podem esperar encontrar filas) ou a Catedral, que já conhecíamos. Ainda assim, são dois monumentos espetaculares a que nunca se fica indiferente, mesmo do lado de fora.

O único lugar onde entramos foi o Arquivo das Índias, com entrada gratuita e sem fila para entrar. Trata-se de um arquivo histórico espanhol criado em 1785 por iniciativa do rei Carlos III, para centralizar num único lugar a documentação referente às colónias espanholas que até então se encontrava dispersa por diversos arquivos. O edifício é muito bonito, tanto por fora como por dentro. O destaque vai para os documentos históricos expostos e aquele que mais nos despertou curiosidade foi o Tratado de Tordesilhas, assinado por Portugal e Espanha para dividir as colónias da América do Sul entre os dois impérios.

Tratado de Tordesilhas
O Tratado de Tordesilhas exposto no Arquivo das Índias, em Sevilha créditos: Sónia Fernandes

Passeámos pela cidade durante dois dias, e não faltou, claro, o Metropol Parasol, também conhecido como as Setas de Sevilha, que é uma construção de madeira acabada em 2011.

A vidente do Mercardo de Triana

Também andámos pela Praça de Espanha que fica no parque Maria Luísa. Lá podem assistir a espetáculos de rua de flamenco. Só é preciso ter cuidado com umas Senhoras que lá estão e vêm ter com as pessoas, dizendo que querem oferecer um ramo de alecrim.

Tivemos um episódio com uma Senhora no mercado de Triana. Veio ter connosco com uma conversa muito simpática, a oferecer um ramo de alecrim. A seguir, pediu-nos uma esmola e demos-lhe. Mostrou alegria, pegou na minha mão e na do meu marido e começou a falar, basicamente a ler-nos a sina. Depois, explicou-nos que era muito famosa no mercado de Triana e que lhe davam dinheiro para ela ler a sina. Ou seja, estava a reclamar dinheiro. Primeiro, não tive a certeza de perceber bem, mas quando voltou a reclamar por dinheiro respondi-lhe que não lhe tinha pedido nada. Chegou a insistir mesmo depois do meu marido a lembrar que já lhe tínhamos dado algo! Tivemos sorte, pois desistiu ali, não sem antes nos bater nas costas e desejar sorte... Graças a Deus, chegámos bem a Portugal.

Recuperámos da peripécia indo ao mercado de Triana, onde comemos umas tapas, um queijo e uns fuets deliciosos.

Enquanto estivemos em Sevilha, jogamos ao Euromilhões na Loteria do gato preto, na avenida da Constituição. Esfregamos o bilhete no gato preto em azulejo como manda a tradição, mas não ganhamos.

A Loteria do gato preto, na avenida da Constituição
O gato preto de Sevilha que "dá" sorte a quem aposta na lotaria créditos: Sónia Fernandes

Por fim, fomos tomar um café no Hotel Alfonso XIII que foi construído nos anos 1920 e cujo interior já conhecíamos de uma visita anterior. Vale a pena entrar e ver a beleza deste hotel.

Ronda e Setenil de las Bodegas

Puente Nuevo
A Puente Nuevo, com 98 metros de altura, é um dos monumentos mais emblemáticos da cidade de Ronda créditos: Sónia Fernandes

No terceiro e último dia de férias, decidimos pegar no carro e visitar Ronda e Setenil de las Bodegas. Ficam a 1h30 de carro de Sevilha.

Somos fãs do filme do Ferdinando e por isso queríamos ver a ponte (Ponte Nuevo) de Ronda, que ele observa dos seus campos. Se têm vertigens, não convém passarem a pé por cima da ponte, é mesmo impressionante.

Por fim, fomos até, uma cidade peculiar que me aparece sempre no Pinterest e que por isso tinha curiosidade em ver ao vivo. Os habitantes aproveitaram a erosão nas rochas pelo rio para construir casas. As rochas servem de telhado dessas casas. É mesmo diferente e engraçado de ver ao vivo, embora confesse que não estava muito à vontade quando estávamos a passear por baixo das rochas...

Setenil de las Bodegas
Setenil de las Bodegas créditos: Sónia Fernandes

Foram só três dias, mas foram intensos em visitas. Sevilha é mesmo uma cidade onde gostava de voltar para visitar em pormenor todos os monumentos que tem.

A Sónia escreve no blog Cenas & Coisas, onde uma versão deste texto foi originalmente publicado.