Baçorá, Iraque. Foto: Hussein Faleh| AFP

Pelo segundo ano consecutivo, quando as vacinas pareciam oferecer um horizonte mais promissor, o aumento dos contágios representou uma balde de água fria nas festas.

O papa Francisco celebrou a tradicional missa da noite de Natal esta sexta-feira na Basílica de São Pedro em Roma para cerca de 2.000 pessoas - segundo a assessoria de imprensa da Santa Sé - todas com máscaras e sentadas com distanciamento. Em 2020, apenas 200 puderam comparecer.

No sermão, o pontífice fez um apelo pela humildade, convidando os fiéis e a Igreja a renunciar à ganância e "redescobrir as pequenas coisas da vida".

Em Belém, local de nascimento de Jesus de acordo com a tradição cristã, o setor hoteleiro que aguardava a chegada de turistas está desiludido. Após um confinamento quase total no ano passado, Israel voltou a fechar as fronteiras.

Os escoteiros fizeram o tradicional desfile na área histórica da cidade. O som dos tambores e das gaitas levou um pouco de alegria à Praça do Presépio, ao lado da Basílica da Natividade.

Como em 2020, a missa da meia-noite foi reservada a um pequeno número de fiéis, apenas por convite.

A procissão liderada pelo patriarca latino de Jerusalém, Pierbattista Pizzaballa, atraiu um público maior do que no ano passado, graças a restrições um pouco mais flexíveis.

De modo geral, as celebrações estão a ser mais tranquilas do que em 2020, quando as primeiras vacinas estavam apenas a começar a ser administradas. Nos Estados Unidos, milhões de pessoas viajam pelo país para se reunir com as suas famílias.

Mas a pandemia não foi embora: os holandeses estão em confinamento, a Broadway cancelou espetáculos, o Peru proibiu reuniões de família e festas de Natal, enquanto a Espanha retomou a obrigatoriedade do uso de máscara nas ruas.

A França bateu outro recorde de infecções esta sexta-feira, com mais de 94.000 casos diários e no Reino Unido, também houve um recorde histórico: 122.000 novos casos de covid-19 em 24 horas.

Nesse contexto, o primeiro-ministro britânico recomendou que os cidadãos recebessem a dose de reforço da vacina como um presente para os seus entes queridos.

"Um fragmento de esperança"

Os australianos, os primeiros a celebrar o Natal, podem viajar e reencontrar parentes pela primeira vez desde o início da pandemia, apesar do recorde de contágios registado.

"Todos testemunhamos cenas comoventes de pessoas a reencontrarem-se em aeroportos após meses de separação", disse o arcebispo católico de Sydney, Anthony Fisher.

Em Moscovo, num momento de tensão com os países ocidentais por causa da Ucrânia, Vladimir Putin pediu a "Ded Moroz" (o Avô Gelo, o Pai Natal russo) que ajude a Rússia a realizar os seus projetos.

"Espero que não apenas entregue presentes, mas que também concretize os projetos do país e de cada um dos seus cidadãos", disse o presidente.

Após meses de esperanças com a vacinação, o surgimento da variante ómicron afetou muitos países.

Na plataforma de streaming Netflix, o filme mais popular do momento não é a típica produção de Natal, e sim "Imperdoável", protagonizado por Sandra Bullock e que aborda a redenção de uma ex-presidiária.

Na lista de livros mais vendidos do New York Times aparecem livros sobre identidade e escravidão. E no Spotify, "All I want for Christmas is you" foi tirada da lista de músicas mais ouvidas por uma canção sobre uma ruptura repleta de palavrões.

"Operação presentes" ativa

As companhias aéreas cancelaram mais de 2.000 voos em todo o mundo, um quarto deles nos Estados Unidos, devido à propagação da variante ómicron.

Mas as dificuldades decorrentes de uma crise aparentemente sem fim não iriam impedir o Pai Natal de fazer o seu trabalho.

O Canadá abriu o espaço aéreo para o Pai Natal depois que o mesmo apresentou um certificado de vacinação e um teste negativo, informou o ministério dos Transportes.

Toda a tripulação do trenó do Pai Natal recebeu luz verde, inclusive Rudolph cujo "nariz estava vermelho, mas que foi constatado que não tinha sintomas de COVID-19 antes da decolagem".

O mesmo aconteceu na Austrália. "Nossos controladores aéreos guiarão o Pai Natal através da nossa tecnologia de vigilância para garantir que ele e as suas renas estejam seguras e no bom caminho para entregar os presentes", afirmou a Autoridade de Segurança Aérea.

"Está autorizado a voar a 150 metros para que possa se aproximar dos telhados e entregar os presentes de maneira rápida e discreta. Afinal, o trenó mágico não é um avião comum".