A exposição "Particular Matter(s)", que abre nesta sexta-feira ao público no centro de exposições The Shed, em Nova Iorque, é uma homenagem às aranhas e um alerta sobre a crise ambiental gerada pelos "efeitos destrutivos do capitalismo" que está a causar a extinção em massa de aracnídeos, insetos e outros invertebrados, com enormes consequências para o equilíbrio do planeta.

A instalação "Free the Air: how to hear the universe in a spider/web" ("Solte o ar: como ouvir o universo em uma teia de aranha", em tradução livre) leva o visitante a reviver esse universo.

Trata-se de um gigantesco globo branco integrado por uma rede de quase 30 metros de diâmetro flutuando a 12 metros de altura. Nessa rede, o público experimenta a fragilidade de uma teia de aranha para sentir "o concerto de vibrações derivadas do movimento de partículas pelo ar", que é o meio utilizado pelos aracnídeos para "enviar informações", segundo a apresentação da obra.

Sensação de estar numa teia de aranha é recriada em exposição em Nova Iorque
créditos: AFP

À medida que as luzes se apagam no globo, as redes movem-se ao ritmo dos elementos atmosféricos. Vento, chuva ou luz provocam sons nas aranhas quando interagem com as teias que constroem para capturar as presas.

É exatamente isso que Saraceno pretende recriar, no seu último trabalho de uma extensa carreira internacional que o levou a expor em cidades de todo o mundo e nas Bienais de Veneza e São Paulo.

A instalação é complementada por "Webs of At-tent(s)ion" (Redes de Atenção em um jogo de palavras), uma série de belas e delicadas reproduções de teias de aranha que podem ser vistas no escuro graças à projeção de poderosas luzes diretas como se fosse o universo.

Sensação de estar numa teia de aranha é recriada em exposição em Nova Iorque
créditos: AFP

Depois de ter participado do Programa Internacional de Estudos Espaciais do Centro de Pesquisas Ames da NASA, o artista lembra que cientistas encontraram semelhanças entre teias de aranha com simulações da teia cósmica, a estrutura invisível formada por aglomerados de galáxias.

A exposição é completada por esculturas cósmicas, instalações que simulam o universo e uma série de fotos impressas com tinta de carbono feita a partir da poluição atmosférica na Índia.

Saraceno, de 49 anos, arquiteto de formação que colabora com comunidades e espécies impactadas pela ação humana, quer que "as pessoas interpretem por si mesmas e que a mensagem seja co-construída através dos participantes" nesta exposição sensorial, declarou à AFP.

"Particular Matter(s)", que poderá ser visitada até 17 de abril, é um convite a "olhar mais de perto o mundo em que coabitamos" e descobrir "os ritmos entrelaçados do nosso planeta", afirma na apresentação da nova exposição.