Um castelo que resiste desde o século XIV e uma galeria comercial tão histórica quanto cosmopolita são apenas dois dos bons motivos para visitar Milão.

A Catedral

Milão: história e cultura a cada esquina
créditos: Daryan Shamkhali/Unsplash

Também conhecido como Duomo, este templo é um dos locais obrigatórios em qualquer passagem pela cidade. A sua construção começou em 1386 e durou nada mais nada menos do que cinco séculos. O resultado do trabalho de diversos arquitetos, escultores e artistas foi uma arquitetura única, que mistura o gótico com a tradição lombarda. Considerada uma das maiores catedrais do mundo, o Duomo deslumbra com os seus 157 metros de comprimento e 109 de altura. A solenidade mantém-se no interior, onde se destacam os vitrais. Junto à entrada principal, é também possível visitar uma área subterrânea que alberga vestígios das antigas igrejas da época romana que estiveram na origem da atual catedral, Santa Tecla e Santa Maria Maggiore.

Galleria Vittorio Emanuele II

Milão: história e cultura a cada esquina
créditos: Federico di Dio/Unsplash

Entre o Duomo e o La Scala está outro dos mais emblemáticos cartões-postais da cidade. A Galleria impõe-se, desde logo, pela dimensão do edifício, mas é mesmo a sua arquitetura recheada de detalhes que apaixona quem a visita. Construído entre 1865 e 1877, este centro comercial foi batizado em homenagem ao último rei de Itália e é ainda conhecido como Il Salotto di Milano. Neste espaço criado como ponto de movimento o clássico cruza-se com o cosmopolita nas lojas de algumas das mais famosas marcas de luxo do mundo. É o caso da Prada, cuja primeira loja foi aqui inaugurada em 1913. Mesmo que o orçamento não permita alongar-se nas compras, não deixe de reparar nos mosaicos do chão que representam os signos do zodíaco. Reza a lenda que pisar os testículos do Touro é presságio de boa sorte.

Castelo Sforzesco

Milão: história e cultura a cada esquina
créditos: Ray Swi-hymn/ CC BY-SA 2.0

Este é dos monumentos que assistiu e sofreu com a história da cidade ao longo dos séculos. Construído como fortaleza em 1368, foi transformado num esplêndido palácio ducal e acabou por praticamente ser destruído durante a República Ambrosiana. A família Sforza converteu-o numa das mais magníficas cortes de Itália, tendo depois passado para a mãos dos espanhóis e austríacos, recuperando a sua função militar. Napoleão ordenou a sua demolição e em 1801 foram derrubadas as torres laterais e os bastiões espanhóis. Já na segunda metade do século XIX, Milão dividiu-se, com uma das fações a querer destruir o castelo para dar origem a um bairro residencial de luxo. A cultura histórica prevaleceu e o arquiteto Luca Beltrami executou uma enorme restauração, que lhe devolveu o aspeto do tempo dos Sforza.

Hoje, o Castelo Sforzesco alberga uma série de museus, com destaque para o de Arte Antiga, que apresenta frescos dos Sforza e esculturas da Antiguidade, Idade Média e Renascimento. Entre as obras mais importantes está a “Pietà Rondadnini”, o último e inacabado trabalho de Michelangelo. Vale ainda a pena visitar o Museu Egípcio, onde encontra entre outras peças, estátuas, sarcófagos, múmias e máscaras funerárias. Igualmente valiosa é a vista deslumbrante que terá ao passar pelas torres e ameias do castelo. Um passeio em seu redor durante a noite deixa qualquer um encantado com a iluminação.

Uma noite no teatro

Milão: história e cultura a cada esquina
créditos: Nikolovskii / CC BY-SA 2.0

O roteiro de Milão não pode deixar de fora o Alla Scala, um dos mais famosos teatros do planeta. Casa de ópera e ballet, foi inaugurado em 1778 na praça homónima, que era à altura uma rua estreita. A ideia partiu da imperatriz austríaca Maria Teresa, que quis assim substituir o teatro anterior destruído num incêndio. O Scala deve o seu nome à igreja de Santa Maria alla Scala que antes aqui se erguia. A fachada discreta, em estilo neoclássico, pode induzir em erro os turistas menos avisados, que certamente vão ficar surpreendidos com a riqueza do interior. Os camarotes dourados, o mobiliário de veludo vermelho e o enorme lustre impõem-se num cenário pelo qual passaram obras de Verdi ou Puccini e nomes eternos como Maria Callas, Margot Fonteyn ou Rudolf Nureyev.

O Scalla continua a ter uma programação intensiva, com algo em cartaz praticamente todos os dias. E nem sequer precisa de se preocupar muito com a compra dos bilhetes, já que são postos à venda 140 para a galeria duas horas e meia antes de cada espetáculo. Para além das peças de teatro, do ballet ou da ópera, este ex-libris de Milão oferece ainda um museu com cenários e figurinos de produções passadas e objetos relacionados com o universo do teatro que remontam ao tempo dos Romanos.

Sabores lombardos

Milão: história e cultura a cada esquina
créditos: Marika Sartori/Unsplash

Conhecer Itália passa por experimentar a sua rica gastronomia. E a Lombardia, em cuja região oeste se encontra Milão, tem muito a oferecer. Esqueça os restaurantes caros e preferia os mais familiares. As trattorias são, sem dúvida, o melhor local para conhecer os sabores lombardos. O arroz de grão curto é uma das culturas da região e o resultado uma série de cremosos risottos. Resista se conseguir aos queijos, entre os quais o gorgonzola, o mascarpone e o parmesão. A carne tem também um lugar de destaque na ementa dos milaneses, ou não produzisse a Lombardia das melhores carnes do país. A estrela será o ossobuco de vitela cozido lentamente. Quanto a doces, Milão destaca-se pelo panetone, uma espécie de bolo-rei italiano, com massa macia recheada com sultanas, limões e laranjas cristalizados. E, como não podia deixar de ser, nem pense em deixar Milão sem experimentar o verdadeiro gelato. A cidade oferece uma série de gelatarias, algumas históricas, especialistas em todos os sabores e mais alguns: desde o tradicional chocolate a outros mais inusitados, como pistáchio com pimentão, que vale a pena experimentar.

Aproveite um dos fins de semana prolongados de inverno e reserve já o seu voo até Milão com a TAP. A cidade italiana, que respira cultura, tem muitas surpresas à sua espera.