Na rubrica Como fiz esta fotografia destacamos fotografias tiradas por viajantes ou amantes da Natureza. Desta vez, fomos surpreendidos (e ligeiramente horrorizados) pela fotografia de um cogumelo a emergir do solo em Vila Nova de Gaia.
Texto e fotografias por M. Amaro Carvalho
Quando pela primeira vez vi uma publicação do fungo Clathrus archeri fiquei fascinado, tanto pela sua cor, como configuração, mas o seu nome comum “Dedos do diabo” foi o que mais curiosidade me despertou, pois o nome é influenciador. A necessidade de saber onde podia ser encontrado, para o ver ao vivo e fotografá-lo, foi imensa.
Após o contacto com a pessoa que tinha feito a publicação, desloquei-me ao local para fazer o registo da espécie. Para meu agrado, ao chegar ao local deparo-me com vários exemplares em diferentes estados de desenvolvimento (maturação). Foi um regalo para vista e um alento para a alma poder registar esta espécie de fungo.
Podemos fotografar esta espécie no outono e no verão, sendo o outono a estação de eleição. São mais abundantes nesta estação, pelas caraterísticas atmosféricas que são mais adequadas: humidade e temperaturas mais baixas. No entanto, já o fotografei em junho numa zona ribeirinha com alguma sombra. Todas as minhas fotos desta espécie foram feitas no concelho de Vila Nova de Gaia.
Fiquei então a saber que é nativo da Nova Zelândia, Tasmânia e Austrália, pertence ao reino fungi, do qual fazem parte os cogumelos, os bolores e as leveduras. Este reino faz parte de um grupo de mais quatro: o reino animal, vegetal, protista e monero.
Curioso também são as variadas fases de desenvolvimento do cogumelo. Quando nasce, apresenta a forma de um ovo de consistência gelatinosa e mole. No processo de eclosão a membrana é rasgada na zona superior, fazendo com que apareça uma estrutura formada por vários braços, quatro a cinco, de cor vermelha chamativa, ostentando na parte interior desses braços um gel cor de azeitona escura, com odor intenso e pestilento, característico da espécie, o qual serve para atrair insetos necrófagos (que se alimentam dos seus esporos e contribuem para a propagação dos mesmos).
Existem razões pelas quais me apaixonei pela fotografia dos fungos, a mais relevante assenta no facto de não estar preocupado com a abordagem ao tema, quero com isto dizer que são seres vivos, mas não voam, não se assustam com qualquer ruído e não fogem, permitindo-me assim a captação de uma boa fotografia. Depois, as variadíssimas espécies existentes, possuem por sua vez cores e formas fabulosas que me permitem explorar fotograficamente este reino.
A natureza sempre me fascinou pela sua sublimidade e consequentemente sempre despertou em mim sensações completamente indescritíveis, levando-me a querer registar momentos mágicos da fauna e da flora, que ficassem para sempre não só na minha memória, mas também em algo que me permitisse reviver esses instantes a qualquer momento. Surgiu assim a fotografia de natureza e vida selvagem na minha vida.
Após adequar o meu equipamento ao tipo de fotografia que pretendia, quando tenho algum tempo livre, dedico-o à recolha de imagens. A aprendizagem e o respeito pela natureza contribuíram para que hoje consiga fazer fotos das quais me orgulho.
Podem acompanhar as fotografias do Amaro na sua galeria no Flickr.
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