A Aldeia da Pena “esconde-se” no Vale da Serra de São Macário. Depois de passar S. Pedro do Sul, em direção a uma das suas freguesias, São Félix (Estrada Nacional EN228), não vai deixar de notar a grande placa, do seu lado esquerdo, com indicação “Aldeia da Pena”.

Prepare-se para um caminho sinuoso, uma estrada em curva e contracurva, com largura de via diminuta, alguns desabamentos de terra a ocupar parte do asfalto e o fundo da serra: tão lá em baixo, tão longe! Felizmente, não nos cruzamos com outro veículo em sentido contrário, nem na descida, nem na subida: teria sido, no mínimo, assustador.

Mas, como num cliché, «o belo exige sacrifício». Acho que é a grandeza (que exige sacrifício), mas a beleza é um atributo que pode entrar na equação, quando falamos da Aldeia da Pena.

As casas de xisto escuro no fundo do vale podem representar isolamento, solidão, vidas difíceis, condições exigentes, trabalho árduo - e, certamente, serão tudo isso, em algum momento, para os seus habitantes. Mas para quem por lá passa é um quadro, assinado por um grande mestre da pintura, de uma beleza rara e silenciosa. Que nos "cutuca", que nos faz questionar, que nos obriga a reavaliar, que nos força a pensar. Tudo isso, num olhar de um milésimo de segundo, onde os olhos se enchem de vazio e o coração se veste de paz.

A Aldeia da Pena soube reinventar-se e adaptar-se à atração turística que as suas características lhe impuseram. Na entrada da aldeia, há um pequeno estacionamento, a pensar nos visitantes. As ruelas são para ser calcorreadas e apreciadas. Um restaurante e uma loja de produtos locais dão vida à aldeia, com placas de sinalização em xisto escritas a giz e magníficas pinturas de alguns dos animais da região.

Mais do que as casas de xisto, o que nos fica da visita são as sensações de como as casas, naquele lugar tão distante de tudo e tão próximo de outro tanto, nos fizeram sentir. Não sei, sensações contraditórias. Ter a certeza de estar a vislumbrar uma das aldeias mais bonitas que já vi - o seu conjunto de casas e a forma como estão dispostas, bem como as paisagens naturais que a rodeiam é inenarrável e, por outro lado, uma tristeza profunda, de quem olha para dentro e percebe que a beleza pode ser melancólica.

Para os mais aventureiros, existe a Rota da Cabra e do Lobo (PR4 SPS), uma rota circular de 12 km, com início na Aldeia de Pena e que passa pela Parede de Escalada, Covas do Monte, Ribeira da Pena e Livraria da Pena. A dificuldade não está na distância, mas na subida.