1. Em tempos de COVID-19, o teste é obrigatório

Desta não há como escapar e não, não vale a pena fazer em Portugal nos dias prévios à viagem – o teste tem de ser feito no aeroporto, ou em alternativa tem de ser cumprida a quarentena de 14 dias.

Quando faltarem 3 dias para a tua viagem, vai até este link e preenche o formulário de visita. Se optares por pagar no momento, o teste fica em 60 euros por pessoa, enquanto que no aeroporto o preço sobre para 80. Crianças até aos 14 anos estão dispensadas do teste.

2. Julho e agosto são ótimos meses para visitar

Julho e princípio de agosto são, na minha opinião e por base em experiência própria, a melhor altura para visitar o país. É certo que não podemos contar com as auroras boreais, mas há muitas outras maravilhas da natureza para aproveitar na época do “sol da meia-noite”.

Os dias são longos, muito longos… tão longos que não há noite. Por isso, espera ao cair do dia que ainda haja luminosidade, e não é invulgar estares a conduzir às onze da noite como se ainda fossem seis da tarde… a parte boa é que tens muito mais tempo útil para ver toda a paisagem e para conduzir com segurança.

Islândia
Foto tirada quase às 22h créditos: Me Across the World

Para além disso, a temperatura é bastante agradável (cheguei a apanhar 17 graus) e nesta altura já se notam os efeitos do degelo: os campos são verdes, floridos (são imensas as flores roxas e amarelas por todo o lado) e o caudal das cascatas aumenta substancialmente, tornando este espectáculo da natureza ainda mais magnificente.

3. Duas peças de roupa fundamentais: casaco com pêlo no interior e venda para os olhos

Pelo mesmo motivo referido acima, trazer uma venda para os olhos pode fazer toda a diferença. Eu não trouxe porque nunca costumo andar com uma nas minhas viagens, mas pela primeira vez confesso que me fez falta. A existência de luz 24h/dia desregula o ritmo circadiano, aumenta transitoriamente a tua sensação de cansaço e diminui o proveito que podes ter da viagem.

O meu outro grande aliado é um casaco revestido a pêlo por dentro, que já tem uns aninhos. É tão confortável que nesta altura do ano basta andar com ele e com uma camisola térmica por baixo. À noite, nada me sabe melhor do que deitar a cabeça num outro também com pelinho por dentro.

Despesa total desta viagem

A minha despesa total para 11 dias de viagem, 3000Kms de percurso, foi de 2162 euros assim distribuídos:

  • Voo: 370 euros
  • Seguro de viagem: optei pelo Seguro IATI Estrela, que ficou por 28 euros
  • Teste COVID-19 (pago no aeroporto): 80 euros
  • Caravana (796,53 ) + seguro (252,35): 1049 euros
  • Gasolina: 248 euros
  • Botija de gás extra: 7 euros
  • Pernoitas em camping (3 noites): 32,80 euros
  • Alimentação: 120,62 euros (dos quais 60 euros foram em comida que trouxe de Portugal, e comi fora por 3x com o custo de 15 euros cada refeição, sem bebida).
  • Tours: 186,3 (tour Katla Ice Caves 106 euros + bus de ida e volta para Landmannalaugar - 80 euros)
  • Extras: 41 euros (Termas em Myvatn a 35 euros e outra pequena hot-pool paga por 6 euros)

4. Viajar de autocaravana é o mais viável economicamente

Considerando as enormes distâncias que vais querer percorrer, e que os mais belos pontos de interesse são fora das cidades, não quererás decerto estar preso a um alojamento, com as condicionantes das horas de entrada e etc.

Viajar de autocaravana permite-te uma imensidão de opções, na medida em que tens tudo contigo: mochilas, veículo para te deslocares, lugar para dormir e onde preparar a comida. É das minhas formas favoritas de viajar e para a Islândia aconselho vivamente.

Há preços para todas as carteiras, em função das dimensões e das condições que cada uma oferece. No meu caso, para uma viagem de 11 dias, optei pela mais acessível de todas: 75 euros a diária + 25/dia de seguro. Seguro para o carro/caravana na Islândia é, na minha opinião, indiscutível. Muitos dos pavimentos são em gravilha (que salta e estala a toda a hora), há curvas e contra-curvas por vezes bastante apertadas e ovelhas que gostam de atravessar a estrada a toda a hora.

5. É para conduzir (e bem) por isso, o Google Maps será o teu melhor aliado

Nunca é demais realçar que na Islândia temos de estar mentalizados para conduzir bastante. Apesar de ser apenas ligeiramente maior que Portugal, as estradas são muitas vezes em terrenos rurais, de gravilha ou de alcatrão mal conservado. Para além disso, e em zonas como os Westfiords, é necessário andar aos “S”, o que duplica ou triplica o tempo necessário para cada percurso.

Por segurança, deve-se andar sempre com pelo menos 1/3 do depósito – pode ser necessário conduzir enormíssimas distâncias até se encontrar uma bomba de gasolina. Nestes meses elas estão no geral abertas até às 21h.

Não só é um país cheio de paisagens incríveis como os nomes são verdadeiramente impronunciáveis. Para além disso, as distâncias entre algumas zonas são mesmo muito significativas. Se não tiveres o Google Maps (ou outra app semelhante) sempre à mão, rapidamente perdes “o norte” e vários pontos de interesse. O ideal é já chegares à Islândia com os locais marcados no maps. Eu marco tudo o que quero ver com o pin rosa (“coração”), trocando pelo pin verde (“bandeira”) depois de lá passar.

Islândia
De autocaravana pela Islândia créditos: Me Across the World

6. Vais ter internet (mas não em wi-fi)

Embora não pertença à União Europeia, a Islândia faz parte do Espaço Schengen, pelo que os teus dados móveis de internet podem ser usados aqui como se estivesses em Portugal, sem custos adicionais, isto é, não há roaming.

Como de costume, podes encontrar wi-fi com facilidade nas grandes cidades, nos restaurantes/cafés/bares, nos hotéis e em alguns parques de campismo.

7. Ovelhas, ovelhas everywhere!

Nunca vi tantas ovelhas na vida. Há, literalmente, ovelhas em todo o lado. Grandes, pequenas, brancas, pretas, adultas ou bebés. Há ovelhas nos campos, nas encostas, no lago do fundo na cratera de um vulcão (não me perguntem, não sei como lá foram parar…), nas praias de areia vulcânica e na estrada. Sim, estas ovelhas estão tão habituadas à natureza e ausência de humanos e veículos que se atravessam frequentemente no meio da estrada, pelo que todo o cuidado a conduzir é pouco.

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8. Um porquinho mealheiro não chega

A Islândia é dos países mais caros que visitei, o que se nota sobretudo no preço de um bem essencial como a comida. Por esse motivo, metade da minha mochila de viagem era composta por comida: massas, couscous, arroz e sopas de pacote, entre outros. Por opção (de volume e de peso), não trouxe quaisquer conservas. Aqui foi onde francamente consegui poupar mais dinheiro.

Viajando em budget não foi possível experimentar alguma da comida tradicional como os invulgares pratos de tubarão podre. Ainda assim, provei Sopa de Cordeiro (que leva pedaços de carne, batata, louro e cenoura), o Rye Bread (pão doce cozinhado numa panela inserida nas fumarolas, a 100-120ºC e onde fica por 24h) e uma entrada de Smoked Trout, com truta fumada servida sobre manteiga islandesa e pão tradicional.

De entre as cadeias mais baratas estão o Bónus (símbolo do porquinho, horário 10-19h), o Krónan (9-21h) e o Netto (9-21h).

Não se justifica levantar dinheiro, podendo ser quase tudo pago com cartão (incluindo um simples iogurte). Para as casas de banho públicas pode contudo ser necessário pagar entre 200 e 500 ISK.

9. A água das cascatas é potável

A água das cascatas vem directamente dos glaciares e/ou do gelo que derrete no topo das montanhas e que é visível mesmo nesta altura do ano. Água fresquinha directamente da fonte, sem quaisquer tratamentos, é a melhor forma de poupar uns trocos. Para quem viaja de autocaravana, é ainda útil para encher os jerricans ou lavar a loiça (com sabonete biodegradável!), por exemplo. Atenção que se pode consumir dos rios mas não se deve fazer consumo de águas paradas, nem de águas quentes – habitualmente ricas em enxofre.

Islândia
créditos: Me Across the World

10. As palavras são simplesmente ilegíveis e impronunciáveis

Não me recordo de estar num país em que me fosse tão difícil ler as placas, pronunciar o nome das terras ou ainda de me relembrar por onde passei. As sílabas enrolam-se na língua, para além de muitas letras que nos são desconhecidas e que portanto não sabemos como dizer correctamente.

Uma pequena grande ajuda é que todas as cascatas terminam em “foss”, logo se vierem este termo, é porque ai vem coisa da boa! Igualmente, “Vatn” significa lago e “fjorður”, fiorde.

Veja aqui os procedimentos que deve seguir, caso tenha viagem marcada para a Islândia nesta fase de pandemia

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Artigo originalmente publicado no blogue Me Across the World