Como começar cedo a viajar? Por exemplo com um interrail (há várias modalidades). Foi assim que Luís Filipe Gaspar (www.luisfilipegaspar.com) começou a sua meta aos 16 anos. Nessa idade ele recorda-se de ter incluído no seu bom jogo de vida a melhor aposta: viajar.

Apesar de ter desenvolvido, entretanto, duas profissões de grande estofo e tão distintas entre si, jornalista e arquiteto, adicionou outra: explorar o mundo a pente fino. Isto implica estabelecer um método. Aliás para qualquer projeto ou sonho, não me venham com a história de que o que não se planeia é que sabe bem. Não, o que se planeia é que lhe traz os momentos espontâneos. Não tente o contrário a não ser que não viaje, que não queira viver de forma saudável e inteligentemente exploradora. O método dele desenvolveu-se em três passos: (1) “abri, num tapete verde, o mapa e escolhi o que queria visitar”; (2) depois fez as contas para saber quantas férias iria ter na vida toda: “35”. Trinta e cinco períodos de férias e sentiu que “já ia atrasado”; (3) orientou-se pela vertente da UNESCO sempre que escolhia o próximo destino.

Depois, claro, é preciso ter dinheiro para viajar. É raro as pessoas falarem disto e é crucial. Mas se quiserem ouvir um conselho, agora meu: investir em viajar tem o valor de investir numa casa. Já plantei essas duas sementes e sinto que é a escolha certa. Luís Filipe Gaspar começou por vender gelados, com os seus ávidos 16 anos, na Feira Popular e livros porta à porta. Entre gelados e livros, encontrou as formas visionárias de base para se tornar quem é hoje: um dos quatro portugueses que visitaram o planeta, mas mesmo todo o planeta. Não é ir ali a Paris e tirar uma foto no Louvre e nas principais atrações e dizer que se conheceu França. É explorar tudo - veja as imagens e viaje também.

Fiquei extasiada enquanto o ouvia, desde o segundo em que apareceu na entrevista informal. Parecia um avião a aterrar no banco, na minha frente, dizendo “olá, eu sou o Luís Filipe Gaspar”. E movimentando-se sempre com um discurso alegre. Há várias coisas que me fizeram rir tanto durante esta entrevista, e que geraram ali uma ligação entre o "mestre do Atlas" e a menina que viaja e escreve sobre viagens… mas tenho ainda tanto para explorar! Percebi que o mundo era maior com ele, fizemos rabiscos em folhas, escreveu-se, falou-se sem pretensiosismos. Afinal, nem tudo é bonito nos países e viajantes de praias-paraíso não é bem o método sábio.

Ora um dos primeiros países foi precisamente França e confessou-me, de forma desabrida e clara: era muito jovem, roubava iogurtes para poder alimentar-se durante a estadia e escapava-se por debaixo da cancela do Louvre para poder entrar num dos museus mais bonitos e crepitantes do mundo (isto já é a minha opinião). Um golpe de bom viajante que só quer atingir sabedoria. E nada como começar por estes ‘indicadores’ da UNESCO.

Tudo isto foi a resposta à minha primeira pergunta: Como atingiu os 193 países? Ele foi além dos 193 conforme o critério da ONU. Ah, neste critério não esquecer que Vaticano e Palestina não são países, são Observadores. Mas coloque-os na lista porque contam como bandeiras exploradas, eu já os tenho na lista ‘concluída’.

O Grande Viajante depois de se formar e produzir uma carreira (duas, aliás) reputada, não precisou de “roubar iogurtes”, mas recorda com carinho o início de tudo. E o fim, pois terminou já o mundo e o que se pensa além dele: micronações. Claro que a minha questão seguinte foi: e agora? Então, ele anda a revisitar o planeta como se fosse outro terreno. Estamos num novo mundo, o da pandemia. Depois da nossa entrevista ia, de novo, às Canárias. E há pouco veio de lá e da Republica Checa. Ele pode indicar-lhe o “sim” e o “não” do planeta, mas o importante é ir. Assim mo disse. Nem a pandemia nos pare! Vigiem-no em www.luisfilipegaspar.com