Quando decidi embarcar neste Gap Year pela Ásia, sabia que ia viver experiências transformadoras, contudo, nunca achei que atravessar a estrada se tornasse uma delas.

Viajar entre o Japão, a Tailândia e a Indonésia foi como saltar entre mundos opostos. Não só na comida, nos hábitos ou na forma como se diz"olá" , mas também na forma como se atravessa uma simples estrada.

No Japão: esperar pelo verde (mesmo que demore uma eternidade)

O Japão é o país da estrutura. Da disciplina. Do politicamente correto.Tudo tem um lugar, um momento e um "como deve ser".

Toda a gente atravessa a estrada nas passadeiras e só se estiver verde. Simplesmente, não se atravessa num sinal vermelho -mesmo que não haja um único carro à vista.

Nos meus primeiros dias, com o meu ritmo ocidental acelerado, era frustrante. Esperava, porém impaciente. Esperava por respeito à cultura. Afinal, o que eu mais queria era vivê-la.

Com o tempo, comecei a desacelerar. Sem me aperceber, aquelas esperas nas passadeiras tornaram-se agradáveis momentos de pausa. Quase que meditava, ali, parada, à espera do verde. Ficava nos meus pensamentos até que o sinal mudava e, com um leve "Ah, está verde!", lá ia eu.

Afinal de contas, não havia pressa. Não precisava de haver. Tirei seis meses para mim. Pressa para quê?

Na Tailândia: "Vai, só"

Depois, chegou a Tailândia. O choque foi total.

Se o Japão vive da estrutura, a Tailândia vive do improviso.

Onde estão os semáforos? Onde estão as regras? Onde estão as passadeiras que funcionam? Não estão.

Na Tailândia, atravessar a estrada é como que um desafio de coragem diária. Há poucos semáforos e, mesmo quando há passadeiras, são só para decoração.

Ninguém abranda para ti.

A única forma de atravessar é atravessar-me. Literalmente.

No início, foi assustador. Depois, percebi: aquilo era mais do que atravessar uma estrada. Era uma preciosíssima lição de vida sobre assumir o meu espaço no mundo.

O momento em que percebi que atravessar a estrada era sobre mim

Se eu não me atravessasse - com presença, com confiança, com a sensação de "estou aqui e faço parte deste mundo" - não ia sair do mesmo sítio.

Foi aí que percebi: atravessar a estrada, ali, não era sequer sobre trânsito. Era sobre mim. Era sobre confiar em mim. Nos meus passos. Sobre agir com convicção. Sobre não pedir permissão para avançar. Sobre ir porque quero. Ir porque mereço.

Indonésia: encontrar-me no caos

Agora estou na Indonésia e, tal como na Tailândia, é caos, confusão e confiança.

Passadeiras? Tão raras, que já saco do telemóvel para registar o momento quando vejo uma (se funcionam? Nem por isso.).

A lógica é igual: se quero atravessar a estrada, atravesso-me. No meio de motas, carros e buzinas, ganhei algo precioso: confiança.

Hoje, atravesso a estrada como quem diz: "Eu mereço o meu espaço no mundo".  Ao atravessar a estrada, mudei, tornei-me mais eu.

Olho para trás e percebo como uma coisa tão simples como atravessar a estrada me fez crescer tanto.

No Japão, aprendi a arte da paciência. Aprendi a permitir-me abrandar. Na Tailândia e na Indonésia, aprendi a agir. A afirmar-me. A confiar na minha intuição. Porque, grande parte das vezes, o maior desenvolvimento pessoal acontece nos lugares mais inesperados.

A Austrália ficou mais perto (sem nunca ter mudado de lugar)

O próximo destino só se tornou possível graças a esta confiança. Ir à Austrália não estava nos planos para este Gap Year. Era demasiado longe. Demasiado isto, demasiado aquilo. Mas a verdade é que a Austrália está exatamente no mesmo sítio. Fui eu que mudei.

É que, quando nos empoderamos, descobrimos que conseguimos chegar onde quisermos. Que conseguimos concretizar o que quisermos.

Agora, com cinco meses de Gap Year, ouço-me, confio em mim e vou atrás do que quero. Ponto.

Próximas estradas: Austrália!

Daqui a duas semanas, parto para a Austrália, o último destino antes de regressar a casa. Curiosa para saber como se atravessa a estrada por lá…

E que novos ensinamentos este país me dará.

?Segue @expandinghorizons.gapyear para descobrires e para continuares a acompanhar esta viagem cheia de descobertas, contrastes e momentos inesperadamente transformadores.

Reel sobre atravessar a estrada na Tailândia:

Reel sobre as diferenças a atravessar a estrada nos vários países:

https://www.instagram.com/p/DKU400gyN78/