Dia 1

A vista do avião já surpreende, uma ilha alongada, marcada por altas falésias que se debruçam no mar. O verde da vegetação luxuriante contrasta com o azul do Atlântico. São Jorge apresenta-se numa sucessão de cones vulcânicos, responsáveis pela formação da ilha. Foi esta forma alongada (54 km de comprimento e 6,9 km de largura máxima) que lhe deu a alcunha de ilha do dragão, pois, vista de longe, se assemelha a um dragão adormecido no meio do oceano – só esta metáfora já confere uma aura de misticismo à ilha.
Para descansar
  • Quinta da Magnólia
    Chegamos à ilha de São Jorge, a convite do Turismo dos Açores, numa tarde de sexta-feira. A partir do aeroporto, apanhamos um táxi que nos iria deixar no nosso alojamento para os próximos dias. Somos recebidos com um sumo acompanhado por uma espécie, um doce em forma de rosquinha, com muitas especiarias no recheio, daí o nome. Delicioso. A Quinta da Magnólia, na freguesia de Urzelina, é uma casa senhorial belamente recuperada com uma vista privilegiada para o mar e para a montanha do Pico. Leia abaixo a nossa experiência neste alojamento.
  • Zona balnear dos Portinhos da Urzelina
    O tempo quente e abafado convidava a um mergulho e o destino seguinte foi para a zona balnear dos Portinhos da Urzelina, a cerca de 15 minutos a pé. Não deixe de apreciar os belos moinhos pelo caminho. Uma pequena entrada natural entre as pedras de basalto, com uma escada de acesso à água e sítios para estender a toalha e desfrutar da paisagem - como existe, aliás, em vários pontos da ilha. O fim de tarde ficou marcado por mergulhos refrescantes com vista para o Pico, com o céu a colorir-se com as cores do pôr do sol e com o intenso canto dos pássaros. Perto dali, fomos jantar ao Restaurante Urzelina, com serviço de buffet, é uma boa opção.
 

Dia 2

O dia amanheceu com um sol radiante e céu azul. Depois de um bom pequeno-almoço, encontramo-nos com a nossa guia e companheira para os próximos dias de exploração, Catarina Bettencourt, da empresa Aventour, que recomendamos.
Para descansar
  • Serra do Topo
    O Parque Eólico da Serra do Topo, a 700 metros de altitude, é o ponto inicial de um trilho linear com cerca de 10 quilómetros: o PR01 SJO - Serra do Topo - Caldeira do Santo Cristo – Fajã dos Cubres. No início do trilho, é possível ver o lado sul e norte da ilha, se apanhar um dia com poucas nuvens, como foi o nosso caso. A partir daí, são cerca de cinco quilómetros a descer por um vale com vistas espetaculares para as montanhas da ilha e para o mar. Leia na ligação abaixo a nossa experiência neste trilho.
  • Cascata da Caldeira de Cima
    Mais ou menos a meio do trilho, pode fazer um pequeno desvio até esta belíssima cascata, aninhada entre rochas. A queda de água escorrega pela rocha negra até encontrar uma pequena lagoa muito convidativa a um mergulho, se o tempo assim o permitir. As águas são frias, mas as pernas, já a acusar algum cansaço da descida do trilho, agradecem.
  • Fajã da Caldeira de Santo Cristo

    Antes de chegar a uma das fajãs mais emblemáticas da ilha, somos surpreendidos com a vista. De um miradouro natural, já na parte final do trilho, vemos a fajã a ocupar, gentilmente, o seu espaço entre as altas falésias da costa norte da ilha. Ao chegar, é impossível conter a surpresa por encontrar um lugar tão singular. Antes do sismo de 1980, a fajã era dotada de mais infraestruturas, como escola e mercearia, bem como mais população. Atualmente, só é habitada por oito pessoas de forma permanente.

    Igreja de Santo Cristo

    O branco da cal e o negro do basalto dão as boas-vindas a quem chega a este templo, sendo uma marca de quase todas as igrejas açorianas. Construída no século XIX, a igreja presta homenagem ao seu padroeiro, o Santo Cristo.

    Restaurante O Borges

    Pausa para almoçar no único restaurante da fajã e experimentar uma iguaria que só é possível encontrar nas águas da lagoa: as amêijoas. Estes bivalves desenvolvem-se na lagoa da fajã e são considerados um dos tesouros da ilha de São Jorge. Saborosas, foram servidas com molho levemente picante como entrada. Também saboreamos um belo bife de atum.

    Centro Interpretativo da Caldeira da Fajã de Santo Cristo

    Completamente envolvidos pela atmosfera da fajã, fomos aprender mais sobre ela e sobre a ilha de São Jorge no Centro Interpretativo. Ali, ficamos a conhecer os complexos vulcânicos que deram origem à ilha (Topo, Rosais e Manadas), bem como a diferença entre fajãs detríticas, originadas por derrocadas, e fajãs lávicas, originadas por erupções.

    Lagoa da Fajã da Caldeira de Santo Cristo

    O enquadramento natural é espetacular e as águas calmas convidam a um mergulho. Mesmo ao lado, pode também ir espreitar o mar e, se houver ondas, vai ver surfistas a aproveitar outro dos tesouros de São Jorge. Hoje em dia, a ilha é mundialmente conhecida pela qualidade das ondas da Fajã da Caldeira de Santo Cristo.

  • Fajã do Belo
    Seguimos para a parte final do trilho, deixando a fajã de Santo Cristo para trás. Paragem para observar a pequena e bonita Fajã do Belo, onde várias casas tradicionais estão a ser recuperadas para um futuro projeto de turismo.
  • Fajã dos Cubres
    Chegamos à Fajã dos Cubres com sensação de dever cumprido. Aqui, é possível explorar as vistas sobre mais uma lagoa, onde se apanha camarão que serve de isco para a pesca – nesta lagoa não é permitido tomar banho. O nome da fajã relaciona-se com uma planta muito abundante na região, cujas flores pintam de amarelo toda a encosta. Ao contrário da Fajã da Caldeira de Santo Cristo, que não tem estrada de acesso a carros, aqui é possível chegar de carro através de uma estrada alcatroada.
  • Restaurante Fornos de Lava
    Um lugar acolhedor, numa antiga eira, ideal para saborear iguarias da terra e do mar dos Açores. De entrada, queijo de São Jorge, cujo sabor único pede que se acompanhe com um copo de vinho (escolhemos um tinto do Pico). Para prato principal, experimentamos um naco de novilho com crosta de queijo de São Jorge, acompanhado de legumes salteados. Vale a pena ter uma experiência gastronómica aqui, por isso aponte a morada: Travessa de São Tiago, Santo Amaro, Velas.
 

Dia 3

São Jorge brindou-nos com mais um fantástico dia de sol, perfeito para apreciar um dos momentos altos do roteiro: as águas cristalinas das piscinas naturais da Poça Simão Dias. Este será um dia impróprio para quem tem vertigens: do alto da antiga vigia da baleia na Ponta dos Rosais à descida de uma ribeira através do canyoning.
Para descansar
  • Ponta dos Rosais
    Começamos o dia rumo a uma das pontas da ilha, no extremo Noroeste, a mais de 200 metros acima do nível do mar. Por uma estrada de terra batida, ladeada de vegetação, as cores da paisagem começam a mudar. É um sítio deserto, sem construções. Aí vamos perceber porque é que a São Jorge foi atribuída a cor castanha pelo escritor Raul Brandão. Chegamos à cabeça do dragão, como nos descreveu a nossa guia, e não poderíamos estar mais de acordo com esta descrição depois de espreitar as falésias vertiginosas e cheias de reentrâncias. Para completar o cenário surreal, dois ilhéus de cada lado do promontório. Um santuário para muitas aves marinhas que ali nidificam.
  • Vigia da baleia
    Subimos ao topo da torre da antiga vigia da baleia, utilizada na altura em que se caçavam baleias nos Açores, atualmente, um miradouro espetacular para várias ilhas do arquipélago (Pico, Faial, Graciosa e Terceira) – se o tempo assim o permitir –, bem como para a imensidão de oceano circundante. É mais uma daquelas vistas que ficam na memória. No andar de baixo, podemos ficar a saber um pouco mais sobre a baleação nas ilhas do triângulo.
  • Farol da Ponta dos Rosais
    Este farol foi inaugurado em 1958, sendo, na época, o mais moderno dos faróis portugueses. Depois do sismo de 1980 teve de ser abandonado pelas seis famílias dos faroleiros que ali viviam. Hoje em dia, é um sítio de entrada proibida. Mas… nós entramos. Siga a ligação abaixo e fique a saber mais.
  • Parque Florestal das Sete Fontes
    Para uma pausa entre altas criptomérias e lagos com patos, este parque florestal transporta-nos para o ambiente de bosque mágico. Num dia quente, guarda a frescura necessária para respirar fundo e continuar a explorar a ilha. É um bom local para fazer um piquenique.
  • Fajã do Ouvidor
    É uma das maiores fajãs da ilha de São Jorge, situada na costa norte, sobranceira a uma falésia que ronda os 400 metros de altura. Nesta fajã, já encontramos habitações mais recentes, algum comércio e um porto, além das casas tradicionais e das zonas de cultivo que caracterizam estes espaços.
  • Poça Simão Dias
    Uma das atrações mais conhecidas da Fajã do Ouvidor é a Poça Simão Dias. O acesso é feito a pé a partir de um pequeno trilho construído entre as pedras negras. Quando lá chegamos, os nossos olhos são imediatamente atraídos para as águas cristalinas destas piscinais naturais. Uma paisagem que demonstra o esmero da mãe natureza em criar lugares surpreendentes. Se o tempo e o mar assim o permitirem, o mergulho é obrigatório. Leve óculos para observar o fundo do mar.
  • Vila do Topo
    Seguimos para a outra ponta da ilha e chegamos à freguesia do Topo, a primeira a ser povoada. É uma zona rural, marcada por muitos campos de cultivo. Tem um farol com vista para o ilhéu do Topo, bem como uma zona balnear com uma piscina que aproveita a água do mar. Rumamos ao Restaurante O Caseiro para almoçar. Com ambiente familiar e informal, é uma boa opção de comida caseira e tradicional. Serve buffet ou à carta.
  • Canyoning na ribeira de São Tomé
    Depois de um almoço leve, rumamos em direção à entrada para ribeira de São Tomé, onde iríamos fazer canyoning acompanhados pelos guias da Aventour, uma empresa pioneira nesta modalidade. Esta atividade consiste na progressão de um rio ou ribeira através de várias técnicas de montanhismo e escalada. O canyoning tem a sua dose de adrenalina, mas permite um contacto com a natureza único. Leia na ligação seguinte a nossa experiência na ilha de São Jorge.
  • Fajã dos Vimes
    Descemos mais uma vez a rocha (expressão que os jorgenses utilizam para descer a uma fajã), desta vez para conhecer o famoso café produzido na Fajã dos Vimes, na costa sul da ilha. Como já tivemos a oportunidade de ver noutras fajãs, os terrenos férteis destes pedaços de terra junto ao mar são utilizados para a agricultura. Aqui, isso acontece com a particularidade de ser plantado e produzido café. É na casa da família Nunes que também mantém a tradição das colchas de ponto alto. Estivemos à conversa com Dina Nunes que nos contou mais sobre o café da fajã. Siga a ligação abaixo.
  • Miradouro da Vila da Calheta
    Para finalizar um dia de recheado de aventuras e sensações, paramos no Miradouro da Rua de Baixo para contemplar do alto da Vila da Calheta. É uma das mais antigas povoações da ilha de São Jorge, tendo sido fundada em 1483. Hoje em dia, é um dos municípios com mais população da ilha, juntamente com o município das Velas.
  • Restaurante Cantinho das Buganvílias
    Para um jantar descontraído com uma vista espetacular para a ilha do Pico e a vila das Velas. Quando chegar vai lhe ser dito quais são os peixes do dia e aconselhamos que experimente a frescura do mar dos Açores no seu prato. Deixamos aqui a morada: Rua Padre Augusto Teixeira, 9800-345 Velas.
 

Dia 4

Último dia na ilha do dragão, com o corpo cansado de tantas aventuras, mas a mente completamente descansada, repleta de natureza e desligada do mundo. E não é isso que procuramos quando fazemos uma viagem?
Para descansar
  • Vila das Velas
    Encerramos a viagem na vila que é sede do município com mais população da ilha. Velas está encostada ao Morro de Velas e tem também vista para o Morro de Lemos. É uma vila encantadora, com um pequeno centro histórico, marcado pelo porto, Igreja Matriz e Jardim da República, com o seu coreto vermelho e branco, e bancos onde os jorgenses se encontram para conversar. Há duas zonas balneares e um arco lávico espetacular para contemplar. Ponto de chegada ou de partida para quem vai apanhar o barco para outras ilhas açorianas, como foi o nosso caso. Embarcamos rumo ao Faial, deixando para trás a visão do dragão adormecido, cheio de encantos ainda guardados para descobrir numa próxima visita.

Veja também