Reportagem por Olivier Feniet / AFP

São dez horas da manhã de segunda-feira e na estação de comboios de Grainau, cerca de 30 pessoas aguardam o autocarro que as levará ao lago. O último já está cheio e um grupo precisa esperar o próximo.

Uma única estrada leva ao Eibsee e há apenas dois estacionamentos para acessar o teleférico do Zugspitze, o pico mais alto da Alemanha, então as vagas disponíveis são escassas. O resultado: um grande congestionamento nos últimos quilómetros.

Com águas cristalinas, ilhotas, densas florestas de abetos e cumes cobertos de nuvens, as "Caraíbas da Baviera", como foi apelidada pelo turismo da região, ganhou popularidade nas redes sociais nos últimos meses. Fotos e vídeos publicados nos diversos recantos do lugar idílico geraram milhões de visualizações.

Um entusiasmo comparável ao que aconteceu na cidade austríaca de Hallstatt ou a francesa Annecy, conhecida como a "Veneza dos Alpes". Ambas impactadas pelo "overtourism" (excesso de turismo), um fenómeno de saturação causado por viajantes entusiastas que popularizam certos destinos.

"Não achávamos que haveria tanta gente, mas é realmente lindo", resume Clément, um turista francês de Marselha que visita a Baviera pela primeira vez. "A cor da água é impressionante: tão clara e transparente, algo que não costuma acontecer nos lagos", acrescenta a sua amiga Marion.

Depois de percorrer os 7,5 quilómetros ao redor do lago ambos retornarão ao alojamento em Garmisch-Partenkirchen, a grande estação de desportos de inverno vizinha de Grainau.

Quase dez vezes menor, Grainau regista cerca de 620 mil pernoites por ano desde a pandemia de covid-19, segundo o vice-presidente da localidade, Christian Andrä.

Isto representa uma média diária de 1.700 pernoites para uma localidade de 3.600 habitantes. A cidade não possui uma estimativa total de visitantes, incluindo aqueles que não passam a noite lá.

Andrä compara essa "forma de overtourism" com um "grande evento", como "uma partida de futebol em Munique" ou uma "viagem à Oktoberfest", a tradicional festa da cerveja.

Alguns visitantes "ignoram os sinais" que indicam que os estacionamentos estão cheios, então "no final, precisam dar meia-volta e pioram o trânsito".

Andrä opõe-se a um sistema de barreiras que, na sua opinião, causaria os mesmos congestionamentos, por isso pede aos motoristas que "mostrem responsabilidade".

Depois de terem vindo de carro para passar o dia, Max e Yan levaram quase uma hora e meia para chegar ao lago.

"Tinha muita vontade de vir aqui" pela segunda vez, explica Max, de 27 anos, residente de Estugarda.

Yan, que vive em Paderborn, considera que há "muita gente", mas destaca que o lago é "facilmente" acessível de Munique e que é "um lugar fantástico para passar o dia".

Além do trânsito complicado, Grainau precisa lidar com uma "certa sobrecarga" na coleta de resíduos, o que exige a remoção de lixo "quase diariamente", enfatiza o vice-presidente.