As muralhas do século XII que circundavam a cidade imperial, fundada em 1070 pela dinastia Almorávida, foram parcialmente destruídas.

O epicentro do terremoto, que provocou pelo menos 2.497 mortos, localizou-se na província montanhosa de Al Haouz, situada cerca de 70 quilómetros a sudoeste de Marraquexe (centro do país).

"Depois de uma catástrofe como essa, o mais importante é salvar vidas humanas. Mas devemos também preparar imediatamente a segunda fase, que consistirá na reconstrução de escolas e bens culturais afetados pelo terremoto", explica Eric Falt, diretor regional do escritório da Unesco no Magrebe.

Algumas partes emblemáticas de Marraquexe, como a praça Jemaa el-Fnaa, são consideradas património mundial da Unesco desde 1985.

Poucas horas depois do desastre sísmico, Alt inspecionou a parte antiga da cidade durante duas horas. "Já podemos dizer que (os danos) são muito maiores do que temíamos. Vimos fissuras importantes no minarete da Kutubia (mesquita), a estrutura mais emblemática, mas o minarete da mesquita de Kharbouch", na praça Jemaa el-Fnaa, também foi quase completamente destruído, diz Falt.

"Grandes disparidades"

A poucos metros da mesquita, com as paredes cheias de fissuras, há comerciantes sentados em bancos e vários clientes na esplanada de um café da década de 1960.

"O bairro mais afetado é Mellah (o antigo bairro judeu), onde a destruição de casas foi maior", diz Falt.

Embora os locais históricos tenham sido restaurados nos últimos anos e a sua estrutura tenha sido reforçada, nem todos os edifícios da cidade tiveram o mesmo destino.

"Existem grandes disparidades", reconhece Sylvain Schroeder, francês, dono de uma dúzia de casas tradicionais (riads).

A tranquilidade no pátio da sua casa contrasta com a destruição das casas vizinhas, de aspecto mais modesto e precário.

"A água do lago movimentou-se (durante o terremoto), mas foi só isso. O resto permaneceu intacto", acrescenta este proprietário francês, apontando para as paredes e vigas de um edifício "que foi recentemente restaurado e a estrutura reforçada".

Do outro lado desse mesmo beco, as paredes de um prédio parecem muito frágeis.

"Quando cair a menor chuva, pode desabar como um castelo de cartas", prevê Schroeder sobre a situação extremamente frágil em que Marraquexe ficou depois de um dos terramotos mais devastadores da história recente de Marrocos.