As obras, muitas poucas vezes vistas fora da Ucrânia, compõem a exposição "No olho do furacão. Vanguarda na Ucrânia, 1900-1930", em exposição no Thyssen a partir da próxima terça-feira (29) até abril. De junho a setembro de 2023, a exposição vai estar no museu Ludwig, na cidade alemã de Colónia.

Esta exposição dará uma "visão do que a Rússia está a tentar destruir com a guerra" e vai mostrar "o quanto a Ucrânia está unida à Europa", afirmou o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, numa mensagem gravada exibida durante a apresentação da exposição no museu madrileno.

Operação delicada

Após semanas de preparação para a delicada operação, as pinturas, uma seleção que vai da arte figurativa ao realismo socialista, passando pelo cubismo e pelo construtivismo, de artistas como Oleksandr Bohomazov, Vasyl Yermilov e Anatol Petrytskyi, foram retiradas de Kiev em meados de novembro, durante os intensos bombardeamentos russos.

A capital ucraniana foi alvo de um bombardeamento no mesmo dia em que os camiões com as pinturas, vindas principalmente do Museu Nacional de Arte Ucraniana, foram carregados.

"Estávamos em contato constante com os motoristas, atualizavam-nos a cada dez minutos  para ver se tudo corria bem" até chegarem à fronteira, que estava encerrada porque, momentos antes, um míssil que matou duas pessoas tinha atingido a Polónia, relatou Francesca Thyssen-Bornemisza, da organização da exposição no museu de Madrid.

"Demoraram doze horas, mas (os camiões) conseguiram atravessar a fronteira" e seguiram viagem até Espanha, acrescentou a promotora da iniciativa "Museums for Ukraine", que reúne museus, curadores e fundações para dar visibilidade à arte ucraniana durante a invasão russa.

Lutar pela cultura

A exposição no Thyssen é uma das várias iniciativas para salvar a arte ucraniana da destruição da guerra.

"O património cultural costuma sofrer danos colaterais nas guerras, mas às vezes é especificamente atacado por ser a essência da identidade dos países", alertou Krista Pikkat, diretora cultural da UNESCO, a agência cultural da ONU que contabilizou danos a mais de 200 locais culturais na Ucrânia, entre eles museus.

Além de proteger as obras, a exposição no Thyssen procura "mostrar a diversidade cultural e artística da Ucrânia (...) pela qual os ucranianos estão a lutar tão bravamente neste momento", disse Katia Denysova, uma das curadoras da mostra.

A exposição está organizada cronologicamente, desde a década de 1910, quando o país fazia parte do Império Russo, passando pela década de 1920, quando viveu um auge cultural e passou a fazer parte da União Soviética, até a década de 1930, quando vários artistas morreram nos expurgos estalinistas e o realismo soviético tornou-se no único estilo artístico permitido, explicou Denysova.

"É importante continuar a falar da guerra, mas com este projeto queremos mostrar que a Ucrânia tem muito mais para oferecer".

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