O papa Francisco ordenou a criação de uma central agrovoltaica perto de Roma destinada a fornecer toda a eletricidade necessária ao Vaticano, que anunciou ter o objetivo de atingir a neutralidade em termos de carbono.

Numa carta em forma de "motu proprio" (de iniciativa papal), publicada nesta quarta-feira (26), o papa argentino ordena a instalação de um "sistema agrovoltaico na região extraterritorial de Santa Maria de Galeria", localizada a noroeste da capital italiana.

Um sistema agrovoltaico envolve a produção de eletricidade a partir de painéis fotovoltaicos instalados em plantações agrícolas.

"Devemos transitar para um modelo de desenvolvimento sustentável que reduza as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera, para alcançar o objetivo da neutralidade climática", escreve o pontífice, destacando o papel da energia solar.

A energia produzida abastecerá o centro de transmissão da Rádio Vaticano localizado no local, assim como todas as necessidades energéticas do Estado da Cidade do Vaticano, acrescenta Francisco nesta carta datada em 21 de junho e intitulada "Fratello Sole" (Irmão Sol).

O Vaticano não especificou a data exata em que a anunciada instalação entrará em funcionamento.

Francisco, autor da encíclica "Laudato Si" em 2015, fez da ecologia um dos pilares do seu pontificado e o Vaticano aderiu em 2022 à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima e ao Acordo de Paris.

Em 2008, o papa Bento XVI deu início às medidas ecológicas do Vaticano aos instalar painéis solares no telhado da enorme Sala Paulo VI, onde ocorrem as semanais audiências papais.

Quinze anos depois, o menor Estado do mundo comprometeu-se a reduzir as suas emissões de gases em 20% até 2030 em comparação com os níveis de 2011, um compromisso que tem sobretudo um valor simbólico dada a sua ínfima contribuição para as emissões globais.

As instalações agrovoltaicas, populares no Japão e Coreia do Sul, estão a gerar um interesse crescente em todo o mundo, mas também enfrentam a resistência do setor agrícola, que teme os seus efeitos sobre os preços da terra e da produtividade das plantações.