Fotografia por Maria Helena da Bernarda

Ana Abrão é reconhecida mundialmente com prémios como “Excellence” e “Artist”, em fotografia, pela AFIAP e o seu Livro “Outros Mundos” foi nomeado como o Livro do Ano (na área de fotografia) pela Federation of European Photographers (Bruxelas). A artista luso-brasileira, residente em Portugal, é uma viajante em dois sentidos: como viajante em si e como fotógrafa dos lugares mais humanos e remotos do Mundo. Por isso ela estará a conversar com os portugueses nesta próxima Feira do Livro, dia 4 de Setembro, às 15h.

Como ela refere,

“Neste próximo domingo, dia 4, às 15:00, estarei disponível para conversar com os leitores e amigos fotógrafos numa sessão de autógrafos na Feira do Livro de Lisboa, a convite da GOD Publishing (editora de livros de fotografia), no Espaço do Pequeno Editor”.

E mais, a artista Ana Abrão confere um caráter viajante ao evento anual mais importante em termos editoriais pois refere assim,

“A feira do livro de Lisboa é o evento editorial mais importante do ano. É um evento que conecta pessoas por um "fio condutor" que é a viagem através da leitura.n”
Eu já estive numa sessão de exposição do livro da artista e fiquei inteiramente submissa e rendida às suas histórias e fotografias do exotismo de lugares do Mundo. Lugares que tantos desconhecem e que merecem a viagem. Por isso, convido-o a fazer a primeira viagem de prospeção, a esses lugares, com a autora.


Como tem sido a 'viagem' do livro "Outros Mundos"?


Aqui a viagem referida é no sentido pessoal e dos leitores. E parece que a viagem tem sido uma odisseia de maravilhas: “Quem tem a oportunidade de ter o livro nas mãos, tem uma reação que deixa qualquer autor com um sentimento de realização pessoal. Eu recebo feedbacks espontâneos, algumas vezes emocionados, de pessoas que entraram nas minhas histórias como se lá estivessem. Por isto, só posso dizer que a "viagem" do livro tem sido preenchedora.”

Foi em Outubro do ano passado que entrevistei (aliás, podem reler os vários artigos que estão na galeria do SAPO Viagens e que se reservam às conversas com a Ana Abrão) a fotógrafa pessoalmente e pude visitar atentamente a sua exposição de “Outros Mundos” na Fundação Oriente. Esta apoiou a galardoada artista e essa exposição converteu-se numa viagem itinerante nas salas da Fundação e Museu Oriente, mas foi muito mais além,

“(…) o livro viaja pelo país com a exposição (…) e seguiu por diferentes galerias do Norte do País, tendo a última sido na Cooperativa Árvore, no Porto. E como é natural, as portas vão-se abrindo. O livro já marcou presença em entrevistas televisivas, artigos de jornal e vários podcasts. Nos próximos tempos estão previstas novas exposições pelo país e participações em festivais de fotografia.”

Reação do público português ao seu tipo de fotografia e às suas viagens?


“As pessoas reagem com um misto de espanto e curiosidade. Espanto pelos destinos que escolho e pelo facto de, na maioria das vezes, viajar sozinha. Ao mesmo tempo, são curiosos porque querem entrar nas minhas histórias e saber tudo sobre as minhas experiências que, muitas das vezes, são "fora da caixa" e, além disto, revelam características culturais de um mundo que sabemos pouco.

Como fotógrafa de pessoas e de culturas, estou sempre pronta a conhecer outras realidades. O que me motiva é registar, documentar e revelar aspectos culturais de outros povos pouco conhecidos. Por isto, só quero cumprir melhor os meus objectivos: transmitir emoções através das minhas fotografias e conhecimentos através das minhas histórias.”

E, cumpre com excelência.

Se voltasse atrás, o que aumentaria nos seus 402 dias de viagens?

Recordando, a artista viajou durante 402 dias por alguns países do Mundo, documentando culturas, expressões e maravilhas com a sua lente. E na sua própria pele. Pois, dormiu, algumas vezes, na casa de famílias com quem conversava num Índia longínqua, por exemplo. Navegou em pequenos barcos para fotografar e falar com população nómada mais a Oriente do Globo. Tomou chá com os nativos, entrou numa escola e abraçou crianças e mundos.

E então, gostei de saber que,
“Aumentaria uma "pequena" extensão para os restantes países do mundo [risos]. Não mudaria, nem aumentaria Nada! A experiência foi extremamente gratificante e teve a duração certa, pois foi espontânea. As minhas vivências foram intensas, quase todos os dias a descobrir coisas novas. Não posso desejar mais.”



Próxima Viagem?

“Paquistão. Num primeiro momento, os meus leitores irão torcer o nariz, pois o Paquistão é um país com uma má imagem. No entanto, penso que, ao viajarem comigo, através da minha experiência, as pessoas acabarão por ter uma ideia bastante diferente. Isto, o tempo dirá.”

Sabem o que mais aprecio na Ana Abrão (artista que pelo meio da minha carreira de escrita encontrei)? A sua humildade perante o seu enorme monumento construído, sem pés de barro. Quando desafiei a artista para mais uma entrevista, ela referia algo mais ou menos neste trejeito ‘Sandra, sem nada de novo ainda… não sei o que poderias abordar’ (não ipsis verbis’). E fi-la pensar que ela tem muito de novo e de valor, pois estará, como convidada, na Feira do Livro (e eu não sabia). Pois escreveu um livro que já arrecadou mais prémios que um brilhante cineasta ou tantos outros fotógrafos renomados. Pois, continuar a encantar com histórias e viagens. Pois dignifica a Língua Portuguesa de forma exímia. Pois, está com uma agenda sempre preenchida de eventos elevados. Como ela. Parabéns, mais uma vez, Ana Abrão.

Até domingo, na Feira do Livro, dia 4.