
As suas temperaturas elevadas e os níveis muito reduzidos de precipitação fazem deste deserto uma das regiões mais áridas e inóspitas do planeta. Mas, paradoxalmente, também o tornam num dos cenários mais impressionantes e intocados do mundo, sendo um dos lugares mais surpreendentes que já visitei.
Este deserto é conhecido localmente como Rub' al-Khali, que significa “quarteirão vazio” pela vastidão das suas paisagens de uma beleza crua e serena, e pelo facto de ser escassamente povoado. Mas, apesar das condições extremas, este deserto é também conhecido pela riqueza da história e da cultura beduínas.
Ao longo dos séculos, as tribos nómadas beduínas adaptaram-se à vida neste ambiente desafiante e desenvolveram táticas de sobrevivência que se tornaram intrínsecas a estas populações, movendo-se de forma itinerante pelo deserto em busca de água e de pastagens para as suas caravanas de camelos. São conhecidas pelo profundo respeito e conhecimento do ambiente envolvente, pela sua hospitalidade e pelas tradições ancestrais de tecelagem e de artesanato.

Também as espécies animais e vegetais encontraram um modo de sobreviver à aridez do deserto, que surpreendentemente apresenta uma fauna e uma flora bastante ricas. No Empty Quarter encontram-se mamíferos como o órix árabe, que é o símbolo dos Emirados Árabes Unidos, o gato-do-deserto ou a raposa-vermelha árabe, répteis como o lagarto-de-cauda-espinhosa ou a jiboia-da-areia, insetos e aves diversas. O deserto alberga ainda espécies vegetais que conseguiram sobreviver a este contexto aparentemente hostil.
A imensidão do Empty Quarter tem atraído também exploradores de todas as geografias em busca de aventuras naquele que é um dos cenários mais espetaculares do mundo, incluido o célebre explorador britânico Wilfred Thesiger, que documentou a sua jornada neste deserto na obra "Areias da Arábia”, descrevendo-o como “profundamente sereno, envolto naquele silêncio que expulsámos do nosso mundo”.
Não podia concordar mais com esta citação. Visitei o Empty Quarter em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, uma experiência verdadeiramente inesquecível. Ao percorrer o deserto com as suas dunas ondulantes infinitas de uma paleta de cores ocre intensas, que vão do amarelo torrado a um laranja acastanhado vívido que não vi em nenhuma outra parte, tive a sensação de entrar num mundo remoto e quase irreal, onde o silêncio é efetivamente profundo, quebrado apenas pelo som do vento a acariciar a areia, e a tranquilidade parece envolver os visitantes num abraço quase palpável.

À medida que o sol desce no horizonte, a magia do deserto aumenta, se é que tal é possível. Os pores do sol no Empty Quarter estão indiscutivelmente entre os mais especulares que já tive a oportunidade de testemunhar. As cores do deserto transformam-se numa dança de luzes e de sombras em tons dourados, que tingem as dunas e criam um cenário de rara beleza.
Conciliei a minha visita ao Empty Quarter em Abu Dhabi com uma viagem ao Dubai. Os Emirados Árabes Unidos são compostos por sete Emirados, entre eles o Dubai e Abu Dhabi, situados a uma curta distância de cerca de 150 quilómetros. O trajeto do centro do Dubai até ao deserto do Empty Quarter demora aproximadamente três horas, que parecem no entanto voar pois as paisagens que se vislumbram das janelas do jipe são incrivelmente cénicas.
Fiquei hospedada no hotel Qasr Al Sarab Desert Resort by Anantara. Rodeado por dunas imponentes que parecem mudar de forma ao longo do dia, ao sabor da brisa e da luz solar, o resort ergue-se majestoso como um verdadeiro palácio no meio do deserto, evocando cenários cinematográficos dignos das “Mil e Uma Noites”. Para além de uma experiência de alojamento de sonho, o hotel oferece diversas atividades imperdíveis como passeios de camelo ou de bicicleta, caminhadas ao nascer e ao cair do dia ou dune bashing num veículo 4x4.
Para mais inspiração sobre viagens podem consultar o blog da Ana, the Travel in Pink ou a sua página de Instagram.
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