Também conhecida como Igreja Românica de Cedofeita, esta igreja carrega nas suas pedras uma longa história de vida. A actual construção românica foi precedida por pelo menos dois templos erigidos nas suas fundações. Mas a prova da ligação do templo a São Martinho está escrita na pedra, mais propriamente no tímpano do portal principal. A inscrição aí colocada no século XVIII (1767) menciona um primitivo templo neste local, da época da Dinastia Sueva, no século VI.

Cedofeita: a igreja que liga o Porto a S. Martinho há 1500 anos
Igreja de Cedofeita créditos: Vera Dantas

Os registos documentais do século VI dão conta de que o rei suevo Teodomiro, que governava a região do actual Porto, em desespero para salvar o seu filho gravemente afectado pela lepra, terá feito uma promessa a São Martinho de Tours, enviando embaixadores com ouro e prata em peso igual ao do seu filho à localidade francesa com o nome do santo. Um dos primeiros bispos católicos de Braga, chamado São Martinho (como o santo francês) de Dume, trouxe, para a criança, uma relíquia de São Martinho de Tours. Quando exposto à relíquia, o filho do rei Teodomiro terá ficado curado. Como agradecimento, Teodomiro terá convertido todo o povo suevo ao catolicismo e mandado construir uma nova igreja em honra do santo, no ano de 559. Por ter sido construída num muito curto espaço de tempo, a igreja ficou conhecida como Cito Facta, que significa Feita Cedo, expressão que derivou para Cedofeita.

Cedofeita: a igreja que liga o Porto a S. Martinho há 1500 anos
Inscrições créditos: Vera Dantas

Apesar de ter sofrido extensas obras de renovação no século XX, a Igreja da Cedofeita conserva ainda vestígios de um templo com mais de mil anos, construído em finais do século IX: dois magníficos capitéis de arco triunfal.

Cedofeita: a igreja que liga o Porto a S. Martinho há 1500 anos
Capitéis créditos: Vera Dantas

Estes capitéis são, por sua vez, testemunhas da época em que se deu a presúria (reconquista das terras pelos cristãos aos mouros na Península Ibérica), do burgo de Portucale (Porto) pelo grande senhor da guerra Vímara Peres, no reinado do rei Afonso III. Ao cumprir a missão que lhe fora incumbida de reconquistar o Vale do Douro, no ano de 868, Vímara Peres conseguiu o feito de alargar a fronteira portuguesa até à margem direita do rio Douro.

Vímara Peres
Vímara Peres créditos: Vera Dantas

O actual traçado românico da Igreja da Cedofeita foi-lhe imprimido no século XII, altura em que foi erguido um mosteiro anexo, o Mosteiro da Cedofeita. Nesse mesmo século, Portugal seria fundado como nação. Hoje, os mais de mil anos de história da Igreja da Cedofeita encontram-se rodeados por um romântico jardim. No Verão, o passeio enquadrado por colunas de inspiração romana ostenta um frondoso caramanchão de glicínias que perfuma o ar. No Inverno, o jardim veste-se de delicadas camélias que adornam o ambiente já de si mágico desta belíssima igreja, bem no coração do Porto.

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