Abriu em Arroios há pouco mais de três semanas o novo espaço vegan da capital. Chama-se Las Vegan e, tal como na cidade norte-americana que serviu de inspiração ao nome, animação é coisa que não falta por aqui. Os trocadilhos que podemos encontrar na ementa dão azo a conversas que se cruzam num espaço que é pequeno em tamanho, mas grande em criatividade. Resultado: o peixe, a carne e derivados ficam de fora, mas há muitos motivos para sorrir e satisfazer a gula. E, no final, pelo sim, pelo não, mais vale dizer que o que se passa em Las Vegan fica por lá.

A história deste restaurante começa em Barcelona, na vizinha Espanha, cidade onde se cruzaram os três protagonistas. Há mais de 15 anos que João Antunes e Ricardo Macedo se cruzaram na capital da Catalunha, numa época em que ainda não havia muitos portugueses, recordam. Conheceram-se numa festa quando Ricardo era estudante. É designer, mas também músico e sempre viveu com “um ideal nómada”. Quanto a João, passou os últimos anos em África ao serviço de uma organização não governamental.

As coincidências da vida (ou não) fizeram com que se cruzassem há cerca de um ano em Lisboa. Ricardo era fã, em Barcelona, do restaurante Quinoa, um espaço vegetariano e descontraído, que frequentava com assiduidade, e João procurava “uma causa”. Recriar um restaurante típico de bairro com o ambiente de uma tasca lisboeta, mas com opções veganas, pareceu-lhe o propósito certo. Começaram as pesquisas e as ideias foram sendo cozinhadas nos últimos nove meses.
Faltava a terceira figura central desta história. Helena Loja, que trabalhava num restaurante vegetariano em Barcelona, e com formação macrobiótica, era a pessoa certa para ir para a cozinha do Las Vegan. Trocou a Catalunha por Lisboa e a ementa ganhou em criatividade e sabor.

Las Vegan
créditos: Joana Monteiro Teixeira

Neste espaço, tudo é vegan e, sempre que possível, biológico e de produção nacional. A fruta, por exemplo, resulta de uma parceria com a Fruta Feia, um projeto que combate o desperdício alimentar. Além do princípio da sustentabilidade ambiental que rege estes proprietários, nota-se também a preocupação em servir produtos que não sejam muito caros, numa lógica de “ética do consumo”, explica João.

Habituados a um ambiente “after work” muito comum em Barcelona, tencionam replicar esse hábito por cá. “Queremos ter aqui um ambiente de fim de tarde em que as pessoas saem do trabalho e antes de irem para casa vêm beber um copo de vinho ou de cerveja com os amigos”, refere Ricardo.

Entre um copo e o outro, petisca-se. Daí que a ementa seja simples e descomplicada, à base de saladas e sandes e sempre com uma sopa do dia. O destaque vai para o hambúrguer, inspirado no Quinoa. O “Gerard Vurguer” (7,5€) leva cebola caramelizada, tomate, pepino e um mix de folhas verdes e não defrauda as expetativas. Tal como as sandes de “Cá” e de “Lá” (7,5€), que levantam algumas dúvidas na hora de escolher, mas não na hora de dar nota ao sabor.

Gerard Vurguer
Gerard Vurguer créditos: Joana Monteiro Teixeira

Provei a de “Cá”, seguindo a sugestão de um cliente, e fui surpreendida pela exótica mistura de tofu, pepino, tomate com molho de mostrada Dijon, agave e tahina em pão tipo chapata. Antes, tinha resolvido aquecer o corpo com uma sopa, muito rica e saborosa.

São quatro as saladas disponíveis: a “Send Nudles”, com noodles de courgete; a “Nudeless Pad Thai” com cenoura, kale, couve e cebola roxa; a “Grão a Grão” e a “Kal-El”.

Para finalizar, as sobremesas, que são de comer e querer repetir mais. E a melhor parte, é que podemos! O “James Brownie” (4€) e as “Great Balls of Baunilha” (2,5€) têm feito as delícias dos clientes, mas também há pudim de chia e a bolacha da semana.

Acompanham com o sumo do dia (3€), um “sumo bonito com fruta feia” ou com batidos (4€). Há o “Ámen.Doim”, com leite de amêndoa, banana, chia e manteiga de amendoim, e o “Chico Laite”, com leite de aveia, chocolate negro, banana e sementes de cânhamo. E há outras “Bubidas” na ementa, como vinhos, cerveja à pressão e sidra.

Ao almoço, servem-se menus com preços a partir de 9€. Ao jantar, os pratos são servidos à carta. O Las Vegan encerra aos domingos e segundas. Nos restantes dias, abre às 12.30 horas, encerrando na terça e na quarta-feira às 19 horas e, de quinta a sábado, às 23 horas.

Por Helena Simão, blogger do Starting Today