Na cidade encontram-se tours para algumas dessas ilhas como Yen Sao ou Diep Son que são as que visitei. Yen Sao não tenho outra escolha senão fazer a tour, pois não há mais possibilidades. Já para visitar Diep Son, que fica mais afastada da cidade, existem barcos independentes a sair para a ilha. Decido fazer tudo por conta própria. A tour fica por cerca de 25€ e eu consigo lá chegar e voltar com menos de 10€. Todo o desafio que lá é chegar sozinha entusiasma-me mais do que poupar algum dinheiro.

Os barcos para Diep Son partem de Van Gia, uma cidade onde nada se passa, a cerca de 2 horas de autocarro local de Nha Trang por pouco mais de 1€. Este sítio é de tal forma sossegado que até vi sementes a secar no meio da estrada a ocupar uma faixa completa…

No entanto não fiz a melhor escolha quanto ao timing… A ilha é tão pouco turística que se não se for apanhar o barco de manhã bem cedo, não se consegue lá ir. Isto porque o barco só sai com 10 passageiros e as poucas pessoas que para lá vão fazem-no de manhã cedo.

Chego ao porto por cerca das 2h da tarde, já sem barco para ir para a ilha nesse mesmo dia. Pensei que duas da tarde ainda era cedo para ir, mas não. A senhora que vende os bilhetes ri-se quando chego lá sozinha e digo que quero ir para a ilha e sou só uma pessoa. Lá tenho de ficar esta noite num dos poucos hotéis que existem perto do porto. Aqui a oferta não é muita, portanto dormir com menos de 10€ não é possível. A senhora até me estava a pedir mais, só que lá negociei. O hotel é a menos de 5 minutos do porto e é basicamente uma casa transformada em hotel. O quarto é grande, cheira a mofo e as amigas baratas são companhia. Lá tem de ser, não tenho muitas hipóteses também. Com baratas já estou mais do que habituada a lidar, o cheiro a mofo esse é que me incomoda um pouco…

Em busca de ilhas desertas no Vietname: aventuras em praias paradisíacas e sem turistas
créditos: While You Stay Home

Não há nada para fazer neste local, portanto passo o resto do dia no quarto a escrever, mas como estou à beira mar, penso que talvez consiga ver um pôr do sol bonito. Ao final do dia saio para ver o que há ao largo do mar. Foi uma boa decisão pois acabo por encontrar um local lindíssimo e a aproveitar o pôr do sol na berma da estrada sentada numa das muitas cadeiras de plástico expostas ao longo da rua, a beber o meu sumo de cana de açúcar. Obviamente sou a única estrangeira por cá, vítima de muitos olhares, mas sorrisos também. Volto a receber “olás” entusiasmados por parte dos locais. Gostei muito deste sítio para apreciar de um final de tarde, já valeu a pena. Além de que saber que sou a única turista num raio de quilómetros também me entusiasma!

Aqui é tudo tão barato! As bebidas custam metade do que estou habituada a ver e a comida também. Uma das coisas boas de não ser turístico.

Em busca de ilhas desertas no Vietname: aventuras em praias paradisíacas e sem turistas
créditos: While You Stay Home

No dia seguinte de manhã pelas 7h lá vou eu para o porto para apanhar um barco para a ilha com mais pessoas. Na bilheteira estão sentados um grupo de 7 vietnamitas e, assim que chego e compro o bilhete, partimos. O que eu não sabia é que o aglomerado de 3 ilhas tem 3 portos. Como só uma tem restaurantes e um único local de dormida, pensei ser óbvio que queria ir para ela.

Acontece que esta senhora que me vendeu o bilhete, me leva com mais 7 vietnamitas que não falam inglês para a ilha que não tem NADA! Parece-me muito deserta quando desembarcamos, mas tem o que parece ser um restaurante, assim, nem duvidei que fosse o sítio para desembarcar. Mas, alguns minutos depois, percebo que esta construção que aqui está não funciona. Não sei se está abandonado, ou se só abre em certas alturas, certo é que não tenho comida comigo nem muita água e isso começa a preocupar-me. Felizmente, existe por cá um garrafão com água potável do qual me sirvo.

Em busca de ilhas desertas no Vietname: aventuras em praias paradisíacas e sem turistas
créditos: While You Stay Home

Pouso as minhas coisas num canto e vou andando em direção a outra ilha para ver se o destino que quero chegar é muito longe. Parece bem longe e decido ficar nesta ilha deserta. Nem se quer me parece uma ilha assim tão bonita e está cheia de lixo, muito mesmo! Começo a ficar desapontada, mas encontro uma “concha” de Nautilus na areia, o que me deixa feliz, nunca tinha visto tal coisa ao vivo. A maré está cada vez mais baixa e consigo andar vários metros com a água a cobrir-me só os dedos dos pés. A água é completamente transparente e deixa ver alguns corais. Começa a ser giro andar por aqui. O silêncio é absoluto. Não há barulhos de barcos, de pessoas, somente o mar e alguns pássaros que se ouvem.

Em busca de ilhas desertas no Vietname: aventuras em praias paradisíacas e sem turistas
créditos: While You Stay Home

Não existe mais nada para fazer e nem se quer é um bom sitio para banhos pois a maré baixa extende-se até longe. Decido seguir um caminho de cimento sem fazer a mínima ideia que vai dar à outra ponta da ilha e tem uma praia lindíssima onde realmente já se pode ir a banhos.

Vejo que a família de vietnamitas está aqui a apanhar conchas, vi-os com uma de mais de 20 cm na mão. Realmente eles sabem o que estão a fazer. Têm uma ilha só para eles, sim, mais ninguém veio aqui, e pelos vistos como não há ninguém encontram-se “restos” de vida marinha deslumbrantes por cá.

Em busca de ilhas desertas no Vietname: aventuras em praias paradisíacas e sem turistas
créditos: While You Stay Home
Em busca de ilhas desertas no Vietname: aventuras em praias paradisíacas e sem turistas
créditos: While You Stay Home

Existe uma casa abandonada e uns guarda-sóis de praia já caídos no chão. Existe um corredor de areia que se estende por vários metros no meio daquele azul divinal. A vista do andar mais alto da casa é linda! Esta praia tem uma beleza e encanto particulares. Foi ela que fez a visita a esta ilha valer a pena. Que paraíso!

Volto para o local onde chegamos mas mais ninguém chegou, nenhum barco pára aqui. Na realidade tinha pensado ficar a dormir na ilha que oferece tendas para arrendar e não perguntei à senhora a que horas o barco voltava e até lhe disse que iria só no dia seguinte. Mas chegando cá mudei de ideias. Não vou ficar.

Começo a ficar com fome e decido pegar nas minhas tralhas e fazer-me ao caminho para a outra ilha. Sei que durante a maré baixa elas ficam todas conectadas com caminhos de areia, como a maré está tão baixa, penso que já dará para fazer o percurso. Cerca de 45 minutos depois chego à ilha principal. O caminho não é muito longe, afinal, mas é feito no meio de pedras e lixo, o que dificulta a tarefa. Na ilha do meio encontro umas senhoras muito amigáveis a trabalhar em redes de pesca.

Em busca de ilhas desertas no Vietname: aventuras em praias paradisíacas e sem turistas
créditos: While You Stay Home

A grande razão que me trouxe a esta ilha foram fotos que vi na net do caminho de areia que junta as duas ilhas e que se revela durante a tarde. Infelizmente não o vi. Quando lá fui a água quase me dava pelos joelhos e incrivelmente o último barco parte à 1h da tarde. Não é possível ver tal cena a esta hora do dia, não percebo porque saem da ilha tão cedo. Parece que de tarde ninguém pode ficar nesta ilha.

A ilha maior tem 2 restaurantes cheios de chineses que vieram em tours de Nha Trang. Assim que acabam de almoçar a ilha fica sem quase ninguém. Mostro o meu bilhete que era de dois sentidos, mas era para o porto de onde cheguei. Não tenho tempo de lá voltar para apanhar o barco da 1h que é o último e tenho de comprar mais um bilhete de volta. Ao menos, já não estou esfomeada e sei que não vou ficar ali sozinha no meio do nada, fico aliviada. Sou a única pessoa do ocidente que aqui está.

A água é de um azul deslumbrante, mas tenho pena de não ter visto o que cá vim para ver. Penso que falta um ponto alto em alguma das ilhas para fazer valer a pena pois são lindíssimas vistas de cima, que foi o que me conquistou quando pesquisei sobre elas.

Em busca de ilhas desertas no Vietname: aventuras em praias paradisíacas e sem turistas
créditos: While You Stay Home

Volto no único barco que sai com passageiros para Van Gia. Uma viagem curta mas bem desconfortável. Ao meu lado estão sentados dois homens vietnamitas muito próximos de mim. Nem sei para onde olhar pois está toda a gente colada, particularmente estes dois que estão a poucos centímetros de distância. Foi muito desconfortável pois conseguia ver que me olhavam de cima abaixo, apesar de tentar de todas as formas não ver a cara deles. Enquanto isso riam e trocavam palavras na língua deles. Nojento! Ao menos até estava bem tapada senão teria me sentido pior.

Chegando ao porto foi um alívio sair daquele barco e agora o desafio é encontrar a paragem de autocarro pois muitas vezes elas nem se encontram assinaladas no Vietname.

Encontro uma senhora e pergunto-lhe “ben xe Nha Trang” ela diz-me para esperar ali com gestos e é o que faço. Fala e fala e fala em vietnamita sabendo que não estou a perceber nada, mas não é isso que a faz calar. Ela fica ali ao meu lado à espera e do nada tenho um carro parado à nossa frente em que ela abre prontamente a porta para eu entrar… Como? Eu disse paragem de autocarro, não vou de carro a lado nenhum. Uns minutos depois pára uma carrinha e ela procede da mesma forma. Começo a achar estranho do nada toda a gente parar ali para me levar e faço me à estrada à procura da paragem de autocarros por conta própria, virando-lhe as costas. E lá cheguei, nem foi preciso andar muito.

Aquela situação com a senhora foi toda muito estranha, pois nunca me aconteceu ter carrinhas e carros a parar quando estava sozinha. Não sei quem era aquela senhora mas a situação não me cheirou nada bem. Felizmente, sabia bem o que queria e sabia que mesmo a paragem não sendo ali, o autocarro passava por lá. Não esperei muito até ele chegar e fui de volta para Nha Trang. Foi sem dúvida um desafio chegar e sair desta ilha!