Tive de perguntar a quem sabe, de facto, viajar: erros comuns dos viajantes que trotam entre praias e templos mediáticos? Param por ali e não exploram outras estreitezas dos lugares ou não almejam algo como… o Polo Sul.

Segundo Luís Filipe Gaspar (www.luisfilipegaspar.com), um dos homens mais viajados do mundo, a sua bússola continua a ser o património da UNESCO. Ou seja, revisita (pois já conhece o mundo todinho, desde o que é mundano até ao que realmente é mundo na alma de ser) os sítios que são avaliados pela UNESCO. Porém, conta-me um segredo: há patrimónios da UNESCO que não valem a visita e que só o são porque aquela cidade precisa e tal… ou então também não se esforce para ir ver só pinguins em terras geladas da Antártida. No Polo Sul, nem pinguim, nem urso natalício! Expulse mitos e expanda mentes.

É claro que este Grande Viajante e inteligente arquiteto (e jornalista) foi ao Polo Sul. Normalmente, lá só vão pessoas em expedições científicas. Portanto, isto ainda lhe vai aguçar mais a vontade de conhecer tal destino.

Polo Sul
créditos: Luís Filipe Gaspar

Luís F. Gaspar conta os desafios do Polo Sul por comparação com o Polo Norte: 2600 metros de altitude e, lembre-se, é uma das pontas achatadas do planeta. Ou seja, a altitude ainda aumenta mais os 35 graus negativos. Vai aguentar? Verá cenários inóspitos e “monumentos de gelo” em toda a paisagem.

Se o gelo não o atrai, pense que é o ponto branco do mundo quase virgem. Pense mais: as auroras astrais ou polares. No site do nosso viajante tem algumas recomendações sobre como fazer ligação entre continentes até lá e as empresas que o podem levar. O avião abastece a meio da Antártida e chega ao Polo. Aí, bem enjaulado de roupa quente, chegará provavelmente ao fim do Mundo e não há os pinguins em fila para fotografar.

O que vai sentir é uma grandeza que ameaça a fragilidade do seu respirar. Luís recordou-me que aquele lugar é o único que ganha neve a cada ano, no sentido plenamente inverso ao aquecimento global. Lugar único, em ritmo contrário ao do ambiente, a que poucos chegaram. Mas Luís F. Gaspar foi e não como um cientista e absorveu a clareza e a luz da neve no ponto mais finalizador do globo.

Polo Sul
créditos: Luís Filipe Gaspar

Eu diria até que este polo me lembra o pequeno prato que suporta toda a chávena de chá quente que é o planeta. Esse pratinho achatado que me deixou sonhos de viajante. Aliás eu quero entrar no ranking dos viajantes. Talvez aproveite o facto de ser cientista para ir ver templos naturais de gelo, animais raros e aprender a respirar a grandeza do planeta neste polo. É que a forma como este Grande Viajante me contou a sua viagem ao Polo Sul e como a planeou... é a forma que eu quero sentir e trazer com aquele sorriso imenso - como o do Luís - que equivale a uma sabedoria em folha A2 que ninguém lê porque extravasa as margens, aqui. O nosso português tem esse sorriso, essa sabedoria e continua a ser peregrino entre calor e gelo. Aliás ele também me confessou que não escolhe por temperaturas. E você?