Galle é uma cidade costeira localizada no sudoeste do Sri Lanka, a 120 quilómetros da capital Colombo. É conhecida por guardar a maior fortaleza asiática construída por europeus, o Forte de Galle, que faz parte da lista de Património Mundial da Unesco.

O Forte de Galle é um belo exemplar de arquitetura militar europeia e tem origens portuguesas. É impossível não associá-lo a outras construções do género, como a Fortaleza de Valença, no Minho, e, quando cruzamos os seus portões, parece que saímos da Ásia e entramos na Europa, tal é a influência arquitetónica. Contudo, o calor e o trânsito de tuk tuks pelas ruelas da fortaleza nos transportam de volta ao Sri Lanka.

Um pouco de história

No período dos Descobrimentos, os portugueses foram os primeiros europeus a chegarem ao Sri Lanka. O navegador Lourenço de Almeida aportou na cidade de Galle em 1505 quando tentava intercetar uma frota moura que transportava especiarias no Índico. Uma tempestade acabaria por levá-lo à ilha do Sri Lanka. Ceilão, como foi batizada pelos portugueses, bem como vários outros lugares do país.

Começava, então, um capítulo da história do Sri Lanka marcado pelas relações com Portugal que estabeleceu acordos com o rei de Kotte, cidade localizada perto da atual capital Colombo.

O domínio luso de importantes portos cingaleses aconteceu a partir de 1518 quando o rei de Kotte deu a Portugal concessões especiais para exercer atividades comerciais na ilha. A canela, uma especiaria muito produzida no Sri Lanka, teve um papel crucial nesta época já que era muito valorizada na Europa.

Também chamado de Forte de Santa Cruz ou Forte da Imaculada Conceição, a fortaleza de Galle começou a ser construída pelos portugueses; uma primeira fortificação com vista a proteger o porto da cidade. Em 1588, a estrutura foi reforçada e ampliada: uma muralha com 660 metros de extensão e três baluartes.

Foi sob o domínio dos holandeses, que expulsaram os portugueses do Sri Lanka em 1658 e se estabeleceram na ilha através de acordos com o rei de Kandy, que o Forte de Galle mais cresceu e teve o seu período áureo. Passou a chamar-se Bastião Negro ou Forte Negro e continuou a ser ampliado com novas infraestruturas até o século XVIII.

Na cidadela amuralhada existiam edifícios militares e administrativos, depósitos, oficinas (forja, carpintaria, cordoaria e outras), alojamentos militares e civis e estabelecimentos comerciais.

Finalmente, no século XIX, o Sri Lanka tornou-se formalmente uma colónia britânica e o Forte de Galle voltou a sofrer algumas alterações, principalmente para fins defensivos. Os britânicos foram os responsáveis por construir o icónico farol que se afirmou também como uma das imagens da cidade.

Dentro da fortaleza existem três templos religiosos: uma igreja protestante holandesa, uma igreja anglicana inglesa e uma mesquita.

Como visitar o Forte de Galle

Sendo um país pequeno, a passagem por Galle pode encaixar-se, facilmente, num roteiro pelo Sri Lanka, principalmente por estar junto da costa sul, que guarda algumas das mais belas praias do país. Meio ou um dia poderá ser suficiente para conhecer o local, mas passar a noite na fortaleza também deve ser uma experiência interessante.

Sabia que uma das mais belas fortalezas europeias na Ásia tem origens portuguesas?
Forte de Galle créditos: Alice Barcellos

Existem várias formas de visitar o forte, cuja entrada é grátis. Uma visita guiada será mais indicada para quem deseja obter informações históricas sobre o lugar que pode também ser percorrido a bordo de um tuk tuk.

Com mais tempo, uma boa opção é caminhar sem destino pelas muralhas e ruelas do Forte de Galle, parando para fotografar as vistas para o mar, o belo farol, as casas caiadas, as grandes árvores, e entrando nas muitas lojas, galerias e restaurantes que, hoje, ocupam os espaços da antiga fortaleza.

O SAPO Viagens foi ao Sri Lanka a convite da TUI Care Foundation