Os londrinos têm uma feira igual e chamam-na de Portobello. Nós designamos a de Lisboa como Feira da Ladra, o que, obviamente, para alguns origina desconfiança. É por isso que podemos encontrar de tudo, fazer todas as perguntas sobre a qualidade e a autenticidade mas ninguém se atreve a questionar a proveniência.

Feira da Ladra
créditos: Andarilho
Feira da Ladra
créditos: Andarilho

Antiguidades, roupas, peças de máquinas, vinil, medalhas, calçado. O corpo e o espírito podem encontrar aqui todos os acessórios com uma condição: faz parte das regras regatear.

Convém não ter pressa. Descobrir a história dos objetos e procurar com atenção, apesar de muitos vendedores já saberem o que a maioria dos visitantes prefere.

Feira da Ladra
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“Agora o que está na moda é vintage e vai-se mudando a oferta de produtos conforme o gosto das pessoas”, referiu José Gonçalves. Há 20 anos que vem duas vezes por semana ao Campo de Santa Clara.

Feira da Ladra
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Pertence a um grupo de vendedores que procura e compra objetos para vir aqui vender. Eram a maioria, agora não. "Há os que arranjam coisas baratas ou dadas e vêm aqui vender, há também os que têm coisas em casa e querem despachar e, depois, os que compram para vender aqui".

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A banca de José Gonçalves estava ao lado de uma esplanada de um café. No passado, muitos destes espaços eram lojas de artigos em segunda mão. O imobiliário e o turismo mudaram muito o ambiente e o tipo de clientela.

Feira da Ladra
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Exclama José Gonçalves: “Não tem nada a ver! Mudou imenso. Mas os turistas são clientes de um, dois ou três euros! A gente pede 10 euros por uma peça que custou seis ou sete e eles oferecem dois ou três.” José Gonçalves diz que o que vende mais são medalhas, ferramentas e livros antigos.

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Mas com os turistas é um pouco diferente e tem de se oferecer objetos mais pequenos e mais leves porque muitos viajam apenas com mala de cabine e evitam objetos pesados e proibidos de transportar no avião. “O mês de Agosto é o pior para o negócio. Os turistas que viajam de barco é já diferente, levam coisas maiores".

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Na outra perspetiva, do visitante, o interesse não se esgota no comércio. A vista é magnifica com o Tejo a esconder-se atrás do casario e do deslumbrante Panteão Nacional.

Feira da Ladra
Rua de acesso à Feira da Ladra com passagem pelo Panteão créditos: Andarilho

Nos caminhos descobrimos ainda murais, o Convento e a Igreja de S. Vicente de Fora que seguram o enorme arco, uma das mais bonitas entradas da Feira da Ladra, o início do deslumbramento de muitos turistas em relação a algumas antiguidades. “Principalmente canadianos e norte-americanos que aquilo lá é tudo moderno. Dizem que é das melhores feiras que têm visto. Esta e a de Portobello".

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José Gonçalves chega às 6 da manhã e diz que é até à hora do almoço a melhor altura para o negócio. Mas costuma ficar até por volta das sete da tarde e um dos motivos é o contacto com as pessoas.

É uma das facetas mais positivas destes 20 anos de experiência. “Falamos com gente de todo o mundo. Quem tenha facilidade em falar inglês – eu arranho um pouco porque vivi muitos anos na África do Sul – tem ainda mais essa experiência. Vamos ouvindo elogios ao nosso país, ao contrário do que nós próprios dizemos".

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A origem da Feira da Ladra é do século XIII mas percorre vários lugares da cidade e está ao lado da obra de Santa Engrácia desde 1903. A feira acontece às terças-feiras e aos sábados.

Feira da Ladra
Feira da Ladra créditos: Andarilho

“Must see” Feira da Ladra faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.