Criada em 2004, a Rede de Cidades Criativas da UNESCO é um projeto que promove a cooperação entre as cidades que reconhecem a criatividade como um fator importante no seu desenvolvimento urbano. Este ano, a Conferência Anual da Rede Cidades Criativas da UNESCO decorre em Braga, de 1 a 5 de julho, sendo este o pretexto ideal para explorar quatro cidades do Norte de Portugal que fazem parte desta rede com mais de 350 cidades.

Braga

Começamos o nosso périplo na cidade que ostenta o título de Cidade Criativa da UNESCO no domínio das Media Arts desde 2017. Mas o que isso significa? Braga concentra vários polos de criatividade que entrelaçam arte, ciência, educação, tecnologia e investigação num plano local e cooperativo.

As Media Arts desempenham um papel central no desenvolvimento urbano, económico e cultural da cidade e fazem parte da sua estratégia de renovação. É o setor de maior crescimento da economia criativa da cidade e um campo comum de trabalho e oportunidades para as instituições locais, artísticas e profissionais.

Assim, hoje em dia, Braga é muito mais do que a "Cidade dos Arcebispos". Claro está que o seu passado e a sua rica história devem fazer parte de um roteiro pela cidade - é impossível não conhecer esta herança numa visita ao centro histórico -, mas existem outros lugares que merecem ser explorados. Acompanhar a programação cultural do espaço Gneration ou do icónico Theatro Circo são programas "obrigatórios" para quem quer sentir este lado mais criativo de Braga.

Na galeria de fotos abaixo, encontra mais motivos para visitar a cidade.

Barcelos

Conhecida por ser a "Cidade do Galo", Barcelos tem muito mais para oferecer. A cidade evidencia-se pela atividade artesanal distribuída por diversas produções como a olaria, o figurado, a cerâmica tradicional, os bordados, dentre os quais se destaca o de crivo, e a tecelagem, a madeira, o ferro e latoaria e ainda outras artes como o trabalho em couro e artesanato contemporâneo.

São muitas dezenas de artistas e criadores em exercício distribuídos pelas várias produções artesanais, com preponderância natural para a olaria e figurado, que fazem deste território um verdadeiro museu vivo da arte popular portuguesa e um fator de identidade de Barcelos e de Portugal no mundo. Por isso mesmo Barcelos foi considerada, em 2017, uma Cidade Criativa do Artesanato e das Artes Populares.

O artesanato como parte integrante da cultura barcelense é uma forma de expressão inspirada nos mais variados temas, necessidades, formas do quotidiano e espelho de um sentido criativo ímpar de uma comunidade artesanal muito forte que faz deste concelho Capital do Artesanato. Assim, uma visita a Barcelos só fica completa com uma passagem pelo Museu da Olaria, para conhecer mais sobre o artesanato da região. E, se estiver por Barcelos numa quinta-feira, não perca a oportunidade de explorar a feira da cidade, um evento que acontece desde o século XV.

Amarante

Amarante assume a cultura e a criatividade como vetores fundamentais para o desenvolvimento urbano sustentável e inclusivo. A cidade tem em curso projetos e dinâmicas de qualificação e regeneração ambiental e urbana, de atratividade económica, de talento e criatividade e de promoção de lógicas de governação horizontais e partilhadas. Existe igualmente uma aposta concertada no estabelecimento de redes e projetos de cooperação internacional, estimulando a partilha de conhecimentos e boas-práticas.

Festival Mimo
Festival MIMO créditos: Divulgação

Assim, desde 2017, Amarante faz parte da Rede de Cidades Criativas da UNESCO, sendo uma Cidade Criativa da Música. Berço de Amadeo de Souza-Cardoso, Agustina Bessa-Luís e Teixeira de Pascoaes, Amarante conta com uma programação cultural cheia de vida, na qual o Festival MIMO é um dos ex-libris.

A não perder são as exposições no Museu Amadeo de Souza-Cardoso e também as muitas oportunidades de aprendizagem e recriação artística, numa das várias associações ou coletivos artísticos existentes. Sem esquecer a icónica viola amarantina.

Santa Maria da Feira

É à mesa que terminamos este roteiro naquela que é desde 2021 Cidade Criativa da Gastronomia. Em Santa Maria da Feira, a gastronomia desempenha um papel relevante, sendo uma das componentes essenciais e mais valorizadas da sua oferta turística, destacando-se não apenas a doçaria com a Fogaça, os Caladinhos, ou os Doces dos Coimbra, mas também uma gastronomia diversificada e de grande qualidade, com recurso a produtos endógenos.

Com um formato arredondado, e quatro bicos que representam os quatro coruchéus da torre de menagem do Castelo, a Fogaça da Feira, ícone da doçaria regional, é produzida diariamente em várias casas de fabrico do Concelho e distingue-se quer no preparo, quer na forma como vai ao forno.

Santa Maria da Feira
Festa das Fogaceiras em Santa Maria da Feira créditos: Facebook Festa das Fogaceiras

Santa Maria da Feira oferece ainda por todo o concelho, mas especialmente no centro histórico da cidade, uma grande oferta e diversidade de restaurantes de qualidade, desde os mais tradicionais aos mais exclusivos, em que a criatividade é omnipresente, quer a nível da produção ou recriação das receitas, da apresentação dos pratos ou da própria gestão dos espaços ou qualidade do atendimento.

Além do Festival Imaginarius, dedicado ao teatro de rua, um dos momentos altos da programação cultural da cidade é a Viagem Medieval em Terras de Santa Maria que este ano se realiza de 31 de julho a 11 de agosto.

Braga será o epicentro das Cidades Criativas

"As cidades da nossa Rede de Cidades Criativas lideram o caminho no que diz respeito ao acesso à cultura e estimular a força da criatividade para a resiliência e o desenvolvimento urbano", declarou Audrey Azoulay, diretora-Geral da UNESCO.

A Conferência Anual da UCCN de 2024 decorre de 1 a 5 de julho em Braga e tem como tema central "Bringing Youth to the table for the next decade" (Trazer a juventude à mesa da discussão para a próxima década).

Durante uma semana, Braga será a capital das Cidades Criativas da UNESCO, período em que se irá promover o diálogo, a aprendizagem entre pares e a estreita colaboração. Nesta perspetiva, e durante a conferência, será demonstrada a importância desta Rede e a sua abrangência a nível local, nacional e internacional, ao mesmo tempo em que se espera que, cada cidade, assuma um papel de liderança no cumprimento da Agenda 2030.