Lisboa: Re'tasco harmoniza garrafeira de quase 500 vinhos com pratos de memória afetiva
Lombo de bacalhau confitado créditos: DR

As caixas de madeira e garrafas de vinho como parte da decoração, as rolhas em vasos em cima das mesas e as prateleiras recheadas de diferentes rótulos não deixam dúvidas: o Re'tasco é cada vez mais um espaço para os amantes de vinho. Quando abriu portas, há pouco mais de um ano, o restaurante em Benfica tinha 40 opções na carta. Aos poucos, a oferta ampliou-se, novas arcas refrigeradas chegaram e, agora, a casa tem cerca de 500 vinhos nacionais das regiões do Douro, Dão, Bairrada, Alentejo, Setúbal e Lisboa.

A escolha minuciosa de cada rótulo que entra na carta é do Filipe Marques, dono do espaço, tal como a Vanessa Marques. O casal garante que há alternativas para todos os gostos: frutados, secos, amadeirados e intensos. Com os dias mais frios, Filipe reforça que já não há a ideia de associar o vinho tinto às baixas temperaturas: “os vinhos brancos estão cada vez mais encorpados. Antigamente, era um vinho fácil de beber, leve. Agora não. Já temos vinhos brancos mais estruturados e muitas pessoas já bebem o branco mesmo no inverno”.

A carta alargada também traz variedades para todos os bolsos que vão desde o icónico Casa Ferreirinha Barca Velha (900€) ao Assobio (12,50€/garrafa). Não falta espaço para os mais diferentes, como o Laranja Mecânica (28€), produzido pelo António Maçanita, da Fitapreta Vinhos, que aparece ao lado dos mais tradicionais da Herdade dos Grous (16,50€), Vale Dona Maria Superior (16,50€) e Pacheca Reserva (19,50€).

Com tantas opções na garrafeira, a oferta de pratos para harmonizar não fica para trás. O menu foi reformulado para o outono, sem deixar de lado o estilo da casa: uma tasca reinventada. Na versão do Re'tasco, o clássico Bacalhau à Brás serve o bacalhau como estrela, com um lombo bem composto, confitado, por cima do brás de batata, ovos e azeitona desidratada (17,90€).

Já o rabo de boi, conhecido por ser barato e não tão nobre, ganhou uma interpretação sofisticada. Filipe tinha este ingrediente na memória desde a infância, porque o comia na casa da sua avó. Após uma viagem de férias em Espanha, onde reencontrou o prato, que já não é tão comum por Lisboa, o chef criou o Rabo de boi wagyu com cuscuz salteados, legumes e açafrão (17,50€). A iguaria, cozida durante seis horas, tem feito um enorme sucesso. “Desde que entrou na ementa, há pouco mais de um mês, já compramos mais de 140 quilos de rabo de boi”, comenta Filipe, que também destaca outra novidade que tem excelente saída, os filetes de polvo com risotto de coentros (19,90€).

Mil folhas de arroz doce
Mil folhas de arroz doce créditos: DR

A sobremesa não decepciona e mantém o nível bem alto. Responsável pela doçaria, Vanessa brinca com a mistura do moderno e o tradicional na recém-chegada Mil folhas de arroz doce (6,50€). O preparo é feito sem açúcar para não ficar espesso e o doce cremoso vem intercalado com folhas estaladiças de massa filó. Não menos importante é a Bebinca goesa (6,50€), apresentada em dez camadas, para ter mais textura e sabor, e finalizada com uma bola de gelado.