A partir do seu enorme gabinete, o presidente de câmara que tomou posse a 1 de janeiro pode ver um amplo horizonte de prédios e alcatrão sem nenhum sinal de áreas verdes.

"No verão, o centro tornou-se inabitável". Entre as causas, estão "as altas temperaturas, as micropartículas (...) e uma redução de 23% da vegetação nos arredores" montanhosos, devastados por repetidos incêndios ao longo dos últimos seis anos, enumera em entrevista à AFP.

Durante o verão de 2023, a Grécia viveu uma das mais longas ondas de calor das últimas décadas, com temperaturas em Atenas repetidamente acima dos 40°C.

Calor intenso

Este calor intenso numa cidade com poucos espaços verdes obrigou as autoridades a fecharem a Acrópole nos horários mais quentes do dia.

De acordo com o Observatório Nacional de Atenas, julho de 2023 foi o mês mais quente já registado na Grécia desde o início da recolha de dados meteorológicos em 1863. O calor causou muitos incêndios, especialmente à volta de Atenas, que devastaram enormes áreas florestais.

Doukas, ex-professor de política energética na Escola Politécnica de Atenas, lançou uma campanha a favor da proteção ambiental e de uma transição verde numa capital onde a construção não para e o trânsito é intenso.

A cidade tem 650.000 habitantes mas, com uma ampla região metropolitana, cerca de 3 milhões de pessoas circulam pela capital todos os dias, afirma.

Ao plantar 5.000 árvores anualmente durante os cinco anos no cargo, Doukas pretende criar "trajetos frescos" para que os atenienses possam desfrutar de ruas com sombra que conectem parques e colinas verdes da cidade.

"No verão, vão criar uma sensação de frescor e reduzir a sensação térmica", promete.

"O espaço é limitado. É uma cidade de cimento, mas temos muitas possibilidades", reconhece.

Para o autarca, as ondas de calor do verão são assassinas silenciosas que causam milhares de mortes todos os anos.