Imagem: Head on a Stand (Head without a Skull) e outras esculturas, Paris @Peter Lindbergh Foundation

No dia 15 de abril, o MMIPO, na Rua dos Flores, no centro do Porto, reabre com uma exposição conjunta das esculturas de Alberto Giacometti e das fotografias de Peter Lindbergh. Atravessando a ponte D. Luís I, na outra margem do rio Douro, o WOW inaugura, no dia 29 do mesmo mês, a sua Galeria com uma exposição de arte gráfica de Francis Bacon, artista surrealista. É um novo circuito que se abre, unindo cidades, em prol da arte e da região.

Se me perguntassem quais foram os cinco dias mais bonitos da minha vida, aquele com as esculturas de Giacometti seria certamente um dos primeiros três”. Foi assim que Peter Lindbergh descreveu o dia em que foi convidado a fotografar o espólio de Alberto Giacometti, na Fundação do artista em Paris. O resultado deu origem a uma exposição conjunta, das esculturas de Giacometti e das fotografias de Lindbergh. É esta exposição que agora chega ao MMIPO – Museu e Igreja da Misericórdia do Porto.

Até agora, esta exposição conjunta apenas foi exposta no Instituto Giacometti em Paris. É um diálogo íntimo entre a obra de Alberto Giacometti (1901 – 1966), um dos mais aclamados escultores do séc. XX e a fotografia de Peter Lindbergh, que desvenda uma notória similitude na forma como representam a realidade. Esta iniciativa é também um tributo ao lendário fotógrafo de moda que morreu prematuramente em setembro de 2019 e que esteve totalmente envolvido no processo de trazer a exposição para o Porto.

A exposição acolhe mais de 110 obras, incluindo esculturas em bronze e desenhos de Alberto Giacometti, bem como fotografias de Peter Lindbergh à coleção. Numa sala exclusiva, estarão em exibição alguns dos mais icónicos retratos da carreira do fotógrafo de moda, entre os quais os protagonizados por Naomi Campbell, Uma Thurman e Julianne Moore. No final da exposição, os visitantes são convidados a provar um cálice de vinho do Porto Taylor’s no Flores Rooftop no jardim do museu. O jardim com uma vista deslumbrante vai estar aberto pela primeira vez ao público.

Esta iniciativa resulta de uma parceria entre o MMIPO – Museu e Igreja da Misericórdia do Porto, a marca de vinho do Porto Taylor’s e a Comissária Charlotte Crapts. A exposição fica patente até ao dia 24 de setembro.

Saindo do MMIPO, descendo a Rua das Flores e atravessando a Ponte D. Luís I, o Cais de Gaia é um bonito caminho a percorrer até ao WOW. Lá pode ver-se a partir de 29 de abril e até 26 de setembro uma exposição de Francis Bacon.

É curioso porque Giacometti e Bacon foram contemporâneos e tiveram, inclusive, boas relações de amizade. Conta-se que o primeiro encontro dos dois foi no início dos anos 60, num café parisiense. Bacon terá abordado Giacometti e ter-lhe-á dito que admirava o seu trabalho. Este foi o primeiro passo de uma amizade que se prolongou até à data da morte de Giacometti, em 1966.

Num projeto ambicioso, as obras gráficas emblemáticas de Francis Bacon revelam a expressividade pictórica com que ele redefiniu a arte figurativa do séc. XX, mas também mostram as tragédias pessoais dos seus últimos 40 anos de vida, numa exposição que pode ser visitada a partir do dia 29 de abril na nova Galeria do WOW.

Bacon (Dublin 1909-1992 Madrid) é um dos pintores mais preponderantes e perturbadores do século XX. Foi no período após a II Guerra Mundial que encontrou o reconhecimento. Numa vida de permanente fuga à morte, o artista ateu viu a imagética cristã ser o seu maior aliado e arma num percurso artístico em que este tema consegue ser traçado do seu primeiro ao último quadro. Quanto artista, destacou-se por transformar compulsões inconscientes em formas figurativas e grotescas, revelando-se obcecado pelo horror da existência e vulnerabilidade do ser humano.

Nos seus retratos, Bacon pintava os seus amigos, um dos quais Lucian Freud. Contudo, preferia sempre pintar a partir das fotografias. A ausência do modelo permitia-lhe moldar e deformar com maior virtuosidade.