Entre reis, rainhas, almoxarifes, padres ou serviçais, a história milenar do Palácio Nacional de Sintra é povoada por uma imensidão de vidas, mas muitas delas, devido ao seu género, grupo social ou etnia foram apagadas pela passagem do tempo.
Visando uma narrativa histórica plural, inclusiva, acessível e dialogante com a realidade atual, a Parques de Sintra apresentou um projeto audiovisual inovador, suportado por um rigoroso trabalho de investigação histórica e protagonizado por atores e atrizes bem conhecidos do grande público, que devolve voz, rosto e história a 14 personagens esquecidos que ali habitaram ou trabalharam ao longo dos séculos.
O resultado são 14 pequenos filmes distribuídos pelo percurso expositivo do monumento que surpreendem os visitantes e lhes proporcionam uma experiência envolvente, empática e emocionalmente impactante que vem revolucionar o modo como compreendem e sentem o monumento. O contacto com as histórias reais de pessoas que viveram no Palácio, com os seus sentimentos e desafios, permite um melhor entendimento dos contextos sociais e políticos em que viveram, bem como das funções que desempenharam. Através destes testemunhos, é possível saber, por exemplo, o que fazia um almoxarife ou uma merceeira.
Acrescenta-se, desta forma, o lado humano à museografia Palácio Nacional de Sintra e muda-se a perspetiva. A sua história é contada por personagens que estavam esquecidos, mas cuja existência está documentada. O Almoxarife vangloria-se das recompensas obtidas pela sua boa gestão do Paço, o Embaixador partilha a sua experiência de assistir a uma audiência do rei, a Serviçal relembra o dia do seu batismo, o Cozinheiro confessa as suas aventuras amorosas e o Mestre de D. Sebastião revela as suas memórias de quando ensinava aquele rei a ler e escrever.
Entre estas 14 personagens, as rainhas de Portugal, nomeadamente, D. Leonor Teles, D. Isabel de Aragão, D. Filipa de Lencastre, D. Catarina de Áustria, D. Luísa de Gusmão e D. Maria I, outrora senhoras de Sintra, têm um lugar de destaque numa sala que lhes é inteiramente dedicada. Excluídas da história deste monumento durante o último século, tiveram Sintra e o seu território como parte do património que os reis de Portugal lhes entregavam para que tivessem autonomia financeira. As rainhas foram, ao longo da maior parte do tempo, a máxima autoridade em Sintra e no seu território, sendo o Palácio também a sede do seu poder senhorial.
Para trazer estes personagens de volta à vida, o projeto conta com as interpretações de Lígia Roque, Inês Curado, Paula Lobo Antunes, Valerie Braddell, Carla Chambel, Isabel Medina, Cleo Malulo, Jorge Silva, Martinho Silva, José Leite, Paulo Filipe Monteiro, Cátia Ribeiro, Sérgio Silva e Ricardo Monteiro.
Na Sala das Rainhas, estarão representadas seis rainhas, em quadros à escala humana. Cada quadro permanece em modo de espera, com um movimento muito subtil, e quando o visitante interage com o quadro, a respetiva monarca ganha vida e começa a falar. Ao longo da visita ao Palácio, o público encontra suportes interativos (semelhantes a tablets), através dos quais pode conhecer e ouvir as outras personagens que integram este projeto, que tem versão em português e em inglês.
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