"Duas mulheres num jardim", pintada em 1919 no último ano de vida do impressionista francês Pierre-Auguste Renoir, finalmente volta às mãos da neta de seu proprietário judeu, que por décadas tentou recuperá-la.

Sylvie Sulitzer, a última herdeira de seu avô Alfred Weinberger, um destacado colecionador de arte no pré-guerra de Paris, recebeu o trabalho das autoridades americanas durante uma cerimónia no Museu do Património Judeu em Nova Iorque.

Apesar de Sulitzer ter conhecido o avô, ela não tinha ideia da existência do Renoir desaparecido até que um escritório de advogados alemão, especializado na recuperação de arte saqueada pelos nazistas de famílias judias, entrou em contacto no início de 2010.

"Estou muito grata por poder mostrar à minha querida família, onde quer que estejam, que depois de tudo o que passaram houve justiça", disse Sulitzer.

Outras quatro obras de Renoir e uma de Delacroix, que também pertenciam a seu avô, devem ainda ser recuperadas, disse à AFP.

Os nazistas roubaram o quadro em dezembro de 1941 da abóboda de um banco onde Weinberger armazenou a sua coleção quando fugiu de Paris, no começo da Segunda Guerra Mundial.

Depois que a paz retornou à Europa, Weinberger por décadas tentou recuperar as obras, registando uma reclamação às autoridades francesas em 1947 e às alemãs em 1958.

As autoridades americanas asseguraram que o Renoir ressurgiu pela primeira vez em uma venda de arte em Johannesburgo em 1975, antes de chegar a Londres, onde foi vendido novamente em 1977. Foi colocado à venda por mais uma vez em Zurique, Suíça, em 1999.

Somente quando foi colocado a leilão por um colecionador privado na Christie's em Nova Iorque, a casa de leilões chamou o FBI. O "dono" anterior eventualmente concordou em renunciar à pintura.

Acredita-se que cerca de 100.000 peças de arte e milhões de livros foram roubados de judeus franceses e de judeus que viajaram à França antes de começar a ocupação nazista, em 1940.

Os aliados encontraram cerca de 60.000 das obras de arte desaparecidas na Alemanha e devolveram-nas à França.

Fonte: AFP