Não se sentem vertigens, nem medo do vazio, ao caminhar-se sobre o piso de espelhos, que projeta a imagem do público no infinito através do teto e das paredes dos 91º, 92º e 93º andares, 324 metros acima da Avenida Madison, numa experiência que o criador, Kenzo Digital, chamou de "Ar".

A experiência começa no elevador, que atinge mais de 300 metros em apenas 42 segundos.

Depois, ao entrarmos neste mundo distorcido e inquietante, perdemos a noção de espaço e parece que começamos a flutuar num lugar onde a única coisa sólida e estável parece ser o que está do outro lado das janelas do edifício: a heterogénea Manhattan cercada por rios e os bairros vizinhos que se perdem no horizonte.

Trata-se de uma experiência "eufórica e multissensorial" que desafia "a percepção do espaço e mergulha o visitante numa fábrica de silhuetas e arranha-céus", afirmou o artista responsável pelo projeto, que também é conhecido pela sua colaboração com a cantora Beyoncé.

Do observatório do One Vanderbilt, situado na rua 42, é possível observar os detalhes em "art déco" dos famosos vizinhos Empire State e Chrysler e, em dias mais claros, uma vista que se estende por até 100 quilómetros de distância.

Desenhado pelo escritório de arquitetura Kohn Pedersen Fox, o edifício, situado ao lado da Estação Gran Central, é parte de um plano de renovação do centro de Manhattan. Com 397 metros de altura até ao terraço e 427 metros até ao topo da sua agulha, é o quarto mais alto da cidade, depois do One World Trade Center, da Central Park Tower, e do 111 West 57th Street.

"É o meu preferido", disse a influenciadora digital Rashi, uma das visitantes entusiasmadas durante uma apresentação para a imprensa na noite de segunda-feira, dia 18 de outubro, na qual marcou presença com um vestido de gala de forma a tirar o máximo número de fotos possíveis para publicar no seu perfil do Instagram.

"É a melhor forma de contemplar a beleza de Nova Iorque", que se soma à "experiencia única" vivida a esta altura pelo efeito dos espelhos. "Tudo em um", afirmou a "influencer" à AFP.

Nick Barat, outro visitante, recorreu à filosofia para descrever a sua experiência: "Este lugar faz-nos pensar na relação que temos com a cidade e com nós mesmos."

"Acho que nunca consideraria isso como um observatório: é uma experiência e ver a cidade daqui não tem nada a ver com outras formas de estar a uma altura como esta", acrescentou.

A abertura do observatório ganha um significado especial após a pandemia de coronavírus, que atingiu com força a "Big Apple", um dos lugares mais visitados por turistas do mundo inteiro.

"Poder experimentar isto juntos, trazer de volta as pessoas, juntas novamente, é como um microcosmo da cidade como um todo. Não pertence a ninguém, é algo que todos nós podemos compartilhar", concluiu Barat.