No passado, viajantes aventureiros faziam a sua caminhada por África seguindo essa linha que atravessa alguns dos ambientes mais extremos da Terra - incluindo as selvas remotas do Congo, as montanhas enevoadas do Uganda e as águas profundas do maior lago de África, o Lago Victoria.

Eu adorava um dia seguir os passos desses grandes aventureiros mas África não é propriamente um dos continentes mais fáceis de explorar. Por isso, e por enquanto, dou-me bem por satisfeita de ter visitado o Ilhéu das Rolas em São Tomé e Príncipe e ter visto ao vivo e a cores (e que cores!) um dos mais belos marcadores equatoriais do mundo.

O Padrão do Equador, erigido em 1936, a partir dos trabalhos geodésicos e astronómicos realizados por Gago Coutinho entre 1916 e 1918 em São Tomé, é um pequeno monumento que assinala a passagem da linha equatorial pelo Ilhéu das Rolas.

Estando no Ilhéu das Rolas é fácil de chegar até aqui, apesar de não haver (que eu visse) qualquer placa ou outra indicação. O trilho, de terra batida, começa perto da aldeia local e vai sempre a subir. Se tiverem dificuldades em encontrar o caminho basta perguntar a qualquer pessoa que esteja perto do cais ou da aldeia e eles gentilmente indicam ou acompanham-nos até lá acima.

Com um pé em cada hemisfério no Padrão do Equador do Ilhéu das Rolas
créditos: Travellight

Se forem com um dos aldeões o percurso é bem mais divertido porque no caminho de certeza que ele vai falar sobre o seu modo de vida e mostrar as várias plantas locais e as suas aplicações medicinais. Passados uns 25 minutos chega-se ao Padrão que está a precisar de algum restauro mas continua muito bonito.

No chão está um mosaico que desenha o mapa-mundo e mostra a linha que separa os dois hemisférios. No centro um pequeno pedestal homenageia o oficial da Marinha, navegante e historiador Português, Gago Coutinho, responsável pela determinação exata daquele ponto.

Com um pé em cada hemisfério no Padrão do Equador do Ilhéu das Rolas
créditos: Travellight

As vistas a partir do Padrão também são maravilhosas, conseguimos ver a ilha de São Tomé à nossa frente e em baixo grande parte do Ilhéu das Rolas.

A posição do equador está diretamente relacionada ao eixo rotativo da Terra, que se move ligeiramente ao longo do ano. Portanto, o equador não é estático - o que significa que a linha desenhada no chão em alguns marcadores equatoriais nem sempre é inteiramente precisa. Isso pode explicar porque alguns turistas, usando a moderna tecnologia do GPS, dependendo da altura do ano em que fazem a visita, “queixam-se” que o local certo é um pouco mais à direita ou um pouco mais à esquerda, ao passo que outros verificam que é exatamente ali. No entanto, este é um detalhe técnico, e estes marcadores ainda são o mais próximo que temos do “meio” da Terra. E, depois, é divertido dizer aos amigos que atravessamos o equador e ficamos com um pé em cada hemisfério.

Com um pé em cada hemisfério no Padrão do Equador do Ilhéu das Rolas
créditos: Travellight

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Artigo originalmente publicado no blogue The Travellight World