O Paralelo 38 divide a península coreana aproximadamente ao meio.

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Militares de vigia créditos: who trips

É uma zona desmilitarizada  com quatro quilómetros de largura e 238 quilómetros de comprimento. Como praticamente não está povoada e é desmilitarizada, diz-se que acaba por ser uma reserva natural para várias espécies.

A viagem foi de autocarro. Depois do rebuliço de Seul, surgem zonas verdes, um espaço mais calmo e rural. Pequenas povoações. O paralelo 38, mais propriamente Panmunjon, está a 53 quilómetros de Seul.

Conforme nos aproximamos da linha divisória, o cenário fica diferente. É frequente ver carros militares e a estrada tem de passar por várias pontes. Construções de cariz militar para servirem de bloqueio a uma eventual ofensiva norte-coreana.

A via torna-se mais estreita, com canais ou valas de água nas proximidades e cercas de arame.

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Torre com altifalantes créditos: who trips

Surge um vale e lentamente um som estridente. Palavras, palavras ininterruptas que são debitadas dos altifalantes de uma torre que está no lado da Coreia do Norte. A propaganda artesanal.

Não se vêem habitantes locais. Teriam uma vida desgraçada com esta poluição sonora. Mais próximo de Panmunjon, há vários check points. O controlo é feito por militares da Coreia e dos EUA.

Chegados à zona de demarcação, o ambiente é muito estranho. Para além das casas azuis de madeira, está um edifício de pedra, alto, com uma longa varanda no topo. Alguns norte-coreanos têm binóculos.  Eles estão também a ver a linha pintada no chão e pavilhões em cima.

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Ao fundo a o edificio com uma varanda para os norte-coreanos créditos: who trips

A linha divide exatamente os pavilhões a meio.

Na esquina, de um lado, um militar está estático. Tem uma das mãos junto à arma. Olha fixamente para o outro militar que se encontra à sua frente. Também ele com a mesma pose e com o mesmo gesto bélico. Não há grandes diferenças entre eles. Apenas na farda.

No meio uma linha escura. São três pavilhões e a cena repete-se em cada um. Entre este dramatismo, soldados e oficiais das duas Coreias e dos EUA passeiam com grande à vontade.

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Soldado norte coreano observa comitiva créditos: who trips

No interior dos pavilhões a história não é muito diferente. A regra é a simetria. Em tudo. Se nas conversações uma das partes traz um oficial com determinada patente, do outro lado deve haver igual correspondência.

A mesa onde se sentam está proporcionalmente dividida entre a linha imaginária. A mesa é lisa e ao lado tem cadeiras de madeira. O mesmo número e com a mesma disposição em cada um dos lados.
No início,  a delegação de um dos lados, trouxe uma bandeira e colocou-a em cima da mesa. A outra recusou. Também tinha de ter bandeira. Trouxe uma mais alta. Novo impasse. Teve de se definir uma regra. Tamanho, colocação… absolutamente igual. O mesmo com microfones e possibilidade de gravação.

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Pavilhões onde têm lugar as negociações créditos: who trips

Quem nos conta estas histórias é um oficial norte-americano. Ao mesmo tempo, no exterior, aproxima-se de uma janela um militar e observa atentamente. No outro lado, pouco tempo depois, a mesma cena.

É surreal. A reação é contraditória. Por um lado, a estupidez humana, com homens em forma de estátua a apontarem uns aos outros o ódio e a ameaça bélica. Por outro lado, dá vontade de sorrir perante a cenografia/coreografia ridícula, pior do que a recriação de um duelo nos westerns. Esta zona não é de acesso fácil a turistas. No entanto, a partir de Seul há visitas organizadas.

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