Assim e além da maior cidade, Makarska, outros centros mais pequenos como Brela, Igrane, Tučepi e Baška Voda têm locais perfeitos para desfrutar do verão, graças às suas extensas praias de seixos e areia e às suas generosas horas de sol. Apesar de ter sido uma decisão um pouco irrefletida, acabamos por ter a sorte de conseguir um alojamento com janela para imensidão azul do adriático…

Naquela pausa inesperada, mas desejada, aproveitamos para passear um pouco pela costa, para ir ao mercado local para comprar produtos frescos e outros bens necessários para os dias absolutamente inesquecíveis que se seguiam em Hvar, e para praticar o imprescindível dolce far niente!

Há tempos assim. Em que o sentido da vida é absurdamente fácil e simples. Todas as nossas dúvidas, pulsões ou desejos parecem naturalmente desvanecer. Tal lucidez talvez se devesse aos incontáveis e terapêuticos mergulhos no mar. Acredito que sim, mas não só. Há também olhares, abraços e beijos que nos resgatam da voracidade da existência. E, acima de tudo, imagens e palavras que são sal e, para sempre, a nossa casa.

Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
Seria mais feliz um momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...

Alberto Caeiro