Gostava de viajar até ao futuro? No Dubai é possível, tal como recuar no tempo e descobrir como se vivia naquela região antes da formação dos Emirados Árabes Unidos.

Na cidade onde, num centro comercial, entramos e saimos de lojas de marcas de luxo como quem sai da Zara e entra na H&M, podemos também brincar nas alturas e refugiar-nos no deserto.

Em terra de superlativos, cada momento é uma novidade, uma nova experiência.

Percorra a fotogaleria para descobrir mais sobre este oásis moderno.

Onde tudo começou

Tomamos o bairro histórico Al Fahidi como ponto de partida desta viagem que nos vai levar até às alturas, não para tocar o céu mas para apreciar a terra e a ousadia do Homem que, aqui, usa o engenho e a criatividade para desafiar a natureza e atrair mais turistas, não fosse a ilha artificial em forma de palmeira – a The Palm Jumeirah – um dos maiores projetos de engenharia do mundo e uma das maiores atrações deste destino.

The Palm Jumeirah é, para muitos, a oitava maravilha do mundo mas não é o único projeto a atrair turistas. A cidade do Dubai concentra alguma das construções mais curiosas e interessantes do mundo como é o caso do Burj Khalifa – o edifício mais alto do mundo com 828 metros – e da estrutura do Museu do Futuro. Em breve, o Burj Khalifa deverá ser destronado pela Dubai Creek Tower.

The Palm Jumeirah
The Palm Jumeirah créditos: Dubai Tourism

No Dubai, são muitas as atrações registadas no livro do Guiness e, a maioria dos edifícios, são obras arquitetónicas incríveis que nos deixam de queixo caído, porém, quando achamos que a cidade não tem mais do que ousadia e inovação para admirar, percebemos a partir do pequeno bairro Al Fahidi que uma viagem pela sua história pode ser o mais supreendente.

O bairro, que contrasta com a zona nova da cidade do Dubai, mostra-nos como viviam os habitantes da região no início do século XX. Próximo do Dubai Creek, Al Fahidi atraia comerciantes, pescadores e artesãos que ali desenvolviam negócios.

Ao descobrirmos a metrópole mais populosa dos Emirados Árabes Unidos , percebemos que se tem vindo a desenvolver também graças ao contributo de cidadãos de diferentes partes do mundo. A maioria dos habitantes desta cidade,  cerca de 80%, são estrangeiros, facto que "não apaga" a cultura e a tradição do Dubai.

As casas humildes em tons de areia onde habitavam e que pintam as estreitas ruas do bairro são hoje galerias de arte, museus, restaurantes e cafés. Como se encontram bem preservadas, permitem-nos viajar no tempo e imaginar como era a vida antes da descoberta do petróleo e da criação dos Emirados Árabes Unidos.

As embarcações tradicionais, os abras, continuam a atravessar o Creek e o passeio vale a pena, tal como uma visita aos mercados de especiarias e do ouro, que é onde se encontra o maior anel do mundo e que vale como uma atração.

Do bairro histórico Al Fahidi às margens do Dubai Creek
O maior anel do mundo. Ana Oliveira

Não há turista que não pare para o fotografar. Já no mercado das especiarias não faltam cheiros, cores e variedade. Damos por nós a parar para provar ou cheirar algo e, tal como em outros mercados orientais, há que regatear.

Percebermos – e vermos – que até tão recentemente a vida no Dubai diferia tanto da dos dias hoje, aguça-nos a curiosidade e faz-nos ter mais vontade de entender melhor a cultura e a história deste Emirado que se modernizou em tão poucas décadas.

Assim, não há nada melhor do que um almoço no Centro para o Entendimento Cultural Sheik Moahammed (SMCCU) onde podemos falar e perguntar sobre tudo. O anfitrião ou anfitriã propõe-se a responder sem tabus. E quando dizemos falar e perguntar sobre tudo, é mesmo sobre tudo, pelo menos, foi o que nos garantiu a bem-disposta Shaima.

Com a anfitriã Shaima, uma emiradense de 26 anos, formada em engenharia, ficamos a saber mais sobre a cultura dos Emirados e como é a vida de uma mulher neste território. Viajada e considerando-se uma “mente aberta” sente-se feliz na sua pele feminina.

Segundo Shaima, o Dubai dos nossos dias é mais igualitário ao oferecer salários e oportunidades profissionais semelhantes a ambos os sexos. Contudo, admite que continuam a existir diferenças. Ainda que, por exemplo, homens e mulheres ganhem ordenados parecidos, são os homens a suportar todas as despesas do lar.

Shaima
Shaima créditos: Ana Oliveira

Apesar dos salários e oportunidades semelhantes, a tradição, constatamos, continua a ter um enorme peso na sociedade deste emirado. De acordo com Shaima, as mulheres até gostavam de contribuir para as despesas de casa, no entanto, há que ver o lado positivo. Em tom de brincadeira, Shaima diz-nos que se assim o é, também não faz mal: gastam o dinheiro com elas mesmas e guardam algum para alguma eventualidade.

O almoço no Centro também nos dá a oportunidade de descobrir a gastronomia da região que tem influência da indiana. Entre as várias opções no buffet, existe o pão árabe que antes da descoberta do petróleo era servido ao pequeno almoço e o lamb margooga que era servido ao jantar. Não se pode sair do centro sem se provar a sobremesa, o luqaimat, que conquista a maioria dos turistas, conforme a anfitriã.

Para conhecer a história da criação dos Emirados Árabes Unidos, pode visitar o Ethiad Museum e, se quiser conhecer antes o espaço, pode fazer uma tour virtual.

Vida "instagramável"

Pelas estradas, pintadas predominantemente por carros topo de gama, salta-nos à vista um outdoor a promover a marca Balenciaga. Com um manequim a simular que está a tirar uma selfie, o outdoor faz-nos refletir. Nos souks (mercados) que visitámos e na maioria dos lugares por onde passámos, existia sempre alguém a sugerir que tirássemos uma fotografia para por no Instagram e a maioria das atrações conta com um cenário pensado para se tirarem fotos para as redes sociais. De algum modo, a vida na cidade do Dubai também passa pelos social media.

Assim, não estranhamos o Dubai Frame que, para além de ser a maior moldura do mundo e um marco arquitetónico, é instagramável. Do topo desta moldura gigante conseguimos ver, do lado esquerdo, a cidade antiga e do da direita, a zona moderna. E, claro, não resistimos em partilhar uma fotografia no Instagram.

The Frame
No interior do Dubai Frame. créditos: Ana Oliveira

Uma pitada de Sal e de mundo

Começamos por descobrir o Sal, um restaurante de praia de luxo que navega pelos sabores do Mediterrâneo. O restaurante, pensado pelo CEO da cadeia de hotéis Jumeirah Group, o português José Silva, existia desde 2016. Entretanto, foi reformulado e abriu portas para o público em geral durante a pandemia, em setembro de 2020.

Para a reformulação, José Silva contou com o know how de Marta Fidalgo, que é também hoje a gerente do espaço. Com uma carreira invejável (no bom sentido), a portuguesa de 32 anos, formada na área de Marketing e Turismo, mudou-se para Londres aos 23, onde trabalhou até que decidiu se mudar para o Dubai, em 2016. Aqui, colaborou com várias empresas até que agarrou o desafio do Sal.

Experimentamos diversos pratos neste restaurante que se encontra integrado num beach club. Com vista para o Golfo Pérsico, próximos de uma piscina e cabanas privadas, deliciamo-nos com alguns dos sabores da carta que navega entre Espanha, Itália e Portugal. Ainda que a ementa não seja exclusivamente portuguesa, chega em louça de uma marca nacional e muito querida pelos portugueses, a Vista Alegre.

SAL beach club
SAL beach club créditos: Ana Oliveira

Entre as várias iguarias, saboreamos um Gaspacho de tomate (10,40€), que combina na perfeição com as altas temperaturas que se fazem sentir no Dubai, uma dourada acompanhada por batata assada (65€) e, entre as sobremesas, tivemos direito a um mini pastel de nata.

Mas, claro, quem viaja para fora procura novos sabores e a carta do Sal, que nos faz reviver boas memórias de Portugal, também nos faz viajar para lugares nunca antes navegados por ser uma cozinha de fusão e de autor.

E para quem gosta de cozinha de fusão e procura novas experiências gastronómicas, o Sushisamba propõe uma viagem pelo Brasil, Japão e Peru. Para um jantar requintado, existe o restaurante Rockfish do hotel Jumeirah Al Naseem, porém, não é para todos os bolsos. Assim, se procura opções mais económicas, tem um mundo de paladares para descobrir no Time Out Market. É verdade, o conceito que nasceu em Lisboa, em 2014, encontra-se desde abril de 2021 no Dubai.

Com o mesmo look and feel do Market lisboeta, é o sétimo mercado da marca e reflete a oferta gastronómica da cidade. Conseguimos viajar pelo mundo, do Japão, à América Latina, sem esquecer Portugal, através da visão e interpretação de chefs locais.

Mais experiências gastronómicas são possíveis e se decidir fazer uma refeição no restaraunte libanês Abd El Wahab, vá com o estômago bem vazio e boa companhia pois não vão parar de chegar pratos à mesa. Aconselhamos que fique na esplanada, caso vá jantar, pois assim terá a oportunidade de apreciar o espetáculo da fonte do Dubai que acontece todos os dias entre as 19h e as 22h, de 30 em 30 minutos. É um must-see, uma vez que se trata do espetáculo do maior sistema de fontes de água coreografadas do mundo.

Um destino que nos desafia a ir mais além

Se visitar o Dubai e conversar com alguns dos seus residentes, todos dirão: “Há sempre coisas para fazer”- mesmo quando as temperaturas ultrapassam os 40 graus. Disse-nos Shaima, Marta Fidalgo e ainda Patrick Mattick, soul manager do 25hours Hotel One Central.

De experiências nas alturas  (umas mais radicais do que as outras) a safaris sustentáveis no deserto, há sugestões para quase todas as idades e gostos. É possível que consiga riscar da sua lista um ou mais desejos e, quando tal acontece, regressamos a casa mais completos e realizados. Também é provável que experiencie algo novo que, provalmente, nunca tinha pensado.

Porque mesmo que não tenha possibilidades para se instalar num hotel de luxo e usufruir das extravagâncias que a cidade oferece, pode de algum modo experienciar ao visitar o The Dubai Mall, que conta com lojas de alta-costura, ou o icónico hotel Burj Al Arab, do Jumeirah Group, que faz visitas guiadas para dar a conhecer o seu interior aos mais curiosos.

Burj Al Arab
Burj Al Arab créditos: Dubai Tourism

Se nunca fez snorkeling mas gostava de descobrir o fundo do mar, pode atravessar o túnel do Aquário do Dubai, que fica no The Dubai Mall. É uma experiência que vale para toda a família tal como a visita ao resto do aquário que contém mais de 140 espécies de vida marinha. Também pode fazer praia em The Beach at JBR, Kite Beach, Al Sufouh Beach ou optar por uma privada ou em mergulhar numa das várias piscinas infinitas que decoram o topo de diferentes edifícios da cidade e que conseguimos ver a partir de uma das nossas experiências nas alturas.

O que não faltam são opções e sugestões. Se há algo que gostava mesmo muito de fazer e que lhe parece ousado ou quase impossível existir, talvez seja possível no Dubai. Afinal, até nos leva ao Futuro e essa viagem, até 2071, todos devíamos poder fazer pelo menos uma vez na vida.

Dubai: a cidade que dá vida à imaginação do Homem
créditos: Dubai Tourism

Um oásis moderno para descobrir em breve

A melhor altura para visitar a cidade do Dubai é entre novembro e abril, pois as temperaturas estão mais amenas. Os meses menos recomendáveis são julho e agosto devido às altas temperaturas que podem chegar ou ultrapassar os 50 graus.

Onde ficar

Para ficar, sugerimos o 25hours Hotel One Central, do grupo 25hours Hotels, que abriu em soft opening a 15 de dezembro de 2021.

Com 434 quartos e espaços de coworking, esta é uma unidade hoteleira moderna, simpática e descontraída que oferece mais do que conseguirá usufruir em 24 horas.  O 25hours não ostenta luxo, mas ousa abrindo portas para um universo inclusivo e único que parte da história das tribos beduínas.

Nada melhor do que terminar o dia na piscina que se encontra no rooftop com vista para o Museu do Futuro. Se chegar tarde, isto é, depois do jantar e ainda não quiser dormir, pode descontrair e tomar um copo no Monkey Bar.

O hotel conta com cinco restaurantes e bares característicos que levam os hóspedes a uma viagem gastronómica ao redor do mundo, do norte da Índia aos Beer Gardens da Baviera.

Para conhecer a cidade, o hotel disponibiliza bicicletas. Quem quiser também pode pedir emprestado um MINI para explorar a área.

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* O SAPO Viagens viajou a convite do Turismo do Dubai