Um muro já dividiu Berlim em dois mundos. A divisão, que durou até há quase 35 anos, fez com que lado ocidental e oriental evoluíssem de forma diferente, algo que faz com que a oferta turística também varie. Deste modo, podemos dizer que Berlim ocidental é a mais cosmopolita e europeia, enquanto que a oriental, onde vemos edifícios ao estilo soviético, é mais alternativa.

Se visitar Berlim, e conforme o seu tempo, vale a pena explorar os dois lados e afastar-se do centro. Até porque há áreas menos conhecidas com muito para oferecer e Berlim é uma cidade em constante mudança.

Assim, deslocamo-nos até à vila de Marzahn-Heller, no distrito mais a este de Berlim, a cerca de 13 quilómetros do centro para conhecermos o Gärten der Welt, que em português significa Jardins do Mundo.

Os Jardins do Mundo são um parque amplo com diferentes hortos inspirados pela cultura de diferentes países. Atualmente, o parque conta com 11 jardins temáticos permanentes, para além de nove jardins internacionais, instalações artísticas e da “Promenade Aquática”, que é uma obra de paisagismo aquático com jardins onde o elemento principal é a água. Existe ainda uma Arena em forma de anfiteatro para a realização de eventos.

Paramos, em primeiro lugar, na Arena, considerada pelo nosso guia como o jardim número um do parque -  afinal os degraus que circundam o palco estão cobertos de relva. Sentamo-nos num dos cinco mil lugares disponíveis e aproveitamos para apreciar a paisagem. Não esperávamos um espetáculo, apenas saborear o momento e ir de devagar.

Gärten der Wel 2022
Arena dos Jardins do Mundo. Foto: Ana Oliveira créditos: Ana Oliveira

Depois, seguimos para o Jardim Inglês onde nos sentimos em terras de Sua Majestade. E sim, é preciso tempo para sentirmos que estamos mesmo a dar uma volta ao mundo através de jardins. Precisamos de sentir os cheiros, captar as paisagens e depreender dali as especificidades de cada cultura que nos ajudam a identificar a origem de um jardim.

É a vez de descobrirmos o maravilhoso Jardim Oriental-Islâmico. Talvez o mais bonito do Gärten der Welt. Inaugurado em 2015, fica escondido atrás de um muro de quatro metros de altura, o que respeita a tradição de construção islâmica.

De seguida, aventuramo-nos pela selva de Bali onde nos encantamos com as plantações tropicais e templos balineses. Percebemos que os jardins desta ilha da Indonésia têm um propósito mais prático do que decorativo, por isso, nos jardins, não faltam ervas medicinais, árvores de fruto e plantas sagradas (para servir como oferendas).

Saímos de Bali rumo ao Jardim Judeu e, sem percebermos, chegamos. É que procurávamos um espaço fechado, mas o Jardim Judeu não tem muros ou cercas e há uma razão para tal, conforme explica-nos o guia. “O judaísmo está enraizado na cultura alemã, no meio”. Faz sentido.

Gärten der Wel 2022
Jardim Judeu. Foto: Ana Oliveira créditos: Ana Oliveira

Tal como em Bali, as plantas do Jardim Judeu também têm utilidade. Caminhamos pela calçada que rodeia o jardim e ainda colhemos um delicioso morango.

Passamos ainda pelo Jardim Chinês e, no centro, deparamo-nos com o “Espelho do Céu”, um lago de 4500 metros quadrados. Perto do lago, há noivos a serem fotografados. O ambiente é pacífico e a vontade é a de deitar na relva para aproveitar a tarde.

Gärten der Welt

Faz parte do parque Erholungspark Berlin-Marzahn e abriu portas, pela primeira vez, em 1987, ano em que a cidade ainda se encontrava dividida. Nesta altura, serviu de local para o Berlin Horticultural Show (Berlin Gartenschau - BEGA) no âmbito da comemorações dos 750 anos de Berlim.

Entretanto, em 1991, o parque é renovado e passa a chamar-se Erholungspark Berlin-Marzahn.

O primeiro jardim temático, o Jardim Chinês, nasce em 2000. Desde então, já foram construídos mais 10 jardins temáticos.

É em 2017 que passa a chamar-se oficialmente Gärten der Welt.

Como chegar ao Gärten der Welt

Transportes públicos:

- Apanhe o metro U5 em direção a Hönow e saia em “Kienberg - Gärten der Welt”. Siga para a estação de teleférico “Kienbergpark / Gärten der Welt” e apanhe o teleférico até “Gärten der Welt - Blumberger Damm”.

- Apanhe a S7 para Mehrower Allee; de seguida, apanhe o autocarro X69 (sentido Köpenick) e pare em “Blumberger Damm / Gärten der Welt”

- Apanhe S7 para a estação S-Bahn Marzahn; de seguida, apanhe o autocarro 195 na direção da estação S-Bahn Mahlsdorf e páre em “Eisenacher Straße / Gärten der Welt”

Nota: Os transportes públicos são a melhor forma de chegar ao Gärten der Welt, pois não existem muitos parques de estacionamento à volta. A entrada principal do parque fica na Blumberger Damm 44, 12685 Berlim.

*O SAPO Viagens viajou a convite do Turismo da Alemanha