1. Como surgiu a ideia para este projeto?

Há muito que sonhava fazer algo que criasse um impacto positivo no mundo. Pensei e repensei. Comecei a juntar o que mais gostava de fazer e ser: viajar, ajudar os outros e ser diferente. Licenciei-me em Finanças e, seguindo o caminho tradicional, talvez me devesse ter candidatado a uma grande empresa. Mas não era isso que queria. Sentia que me fazia falta algo diferente, fora do comum e que poucos fazem: descobrir mais e melhor esse mundo, não apenas a estudar, trabalhar ou viajar, como já o tinha feito, mas principalmente a impactar. Foi assim que surgiu a ideia de criar um projeto fora do comum: o PA-LO Por Todos!

Com o PA-LO Por Todos! pretendo voltar atrás na minha história e honrar os meus antepassados. Além da questão familiar, os PALOP têm uma língua em comum com a nossa e também um passado que se cruza com o nosso: turbulento, por vezes, sofrido, muitas vezes, mas também de entreajuda e uma ligação profunda.

Em cada PALOP, há um subprojeto: Luta, Arte, Oceano, Poluição e Preparação. Todos estes temas estão relacionados com aquilo que mais gostava de fazer e ser mas também com as realidades dos diferentes países. Por exemplo, quando era pequeno queria ser homem do lixo (Projeto Poluição) e professor de violino (Projeto Arte e Projeto Preparação); a Guiné-Bissau enfrenta diversos problemas relacionados com os direitos humanos, nomeadamente das mulheres e crianças (Projeto Luta) e o oceano é um dos recursos naturais mais importantes em São Tomé e Príncipe.

Guiné-Bissau
Guiné-Bissau Guiné-Bissau créditos: PA-LO Por Todos!

2. Qual é o objetivo do projeto?

O PA-LO Por Todos! tem quatro grandes objetivos: falar por e para todos, fazer por e para todos, promover a sustentabilidade e voltar ao passado com os meus antepassados.

Não quero ser eu o único "dono" deste projeto. Quero que seja de todos. Sei que sozinho não vou mudar o mundo, talvez consiga impactar 100 ou 200 pessoas. Mas acredito que se inspirar outras pessoas, nem que sejam apenas 10, tal como fui inspirado, a mudar a vida de mais 100, 200 ou 300 pessoas, então, em pouco tempo poderão ser milhares ou até milhões de vidas melhoradas.

A sustentabilidade também é um dos pilares do PA-LO Por Todos!. Vou usar a bicicleta como meio de transporte em São Vicente, em substituição do carro; utilizar a Water-to-Go e a Survivor Filter Pro, evitando o uso de garrafas de plástico; em São Tomé e Príncipe, o projeto Oceano foca-se na importância da conservação dos nossos oceanos; em Moçambique vou ensinar sobre a importância da reciclagem; e em Angola, o Projeto Poluição, dedica-se a não utilizar plástico durante a minha estadia em Angola.

3. Como foi feita a preparação para o projeto?

A preparação do PA-LO Por Todos! começou em 2023. Fiz mais de 12 cursos, incluído Project Management da Google, Social Media Marketing da Meta e um curso de iniciação à fotografia no Movimento Expressão Fotográfica. Não queria ir de mãos a abanar, queria oferecer algo em concreto às comunidades e estar bem preparado.

Foram milhares de horas na preparação. Não foi fácil e muitas vezes cansativo por estar constantemente a pensar no projeto. Mas, afinal, os nossos maiores sonhos são também os mais difíceis de sonhar.

PA-LO Por Todos!
PA-LO Por Todos! Gonçalo em ação na Guiné-Bissau créditos: PA-LO Por Todos!

4. Como está a decorrer a viagem?

Este projeto é, sem dúvida, a maior experiência da minha vida. Aprendi com os imprescindíveis da Guiné-Bissau e agora, em Cabo Verde, tenho conhecido um povo fantástico que vive e sobrevive da Arte. Mudei bastante, a minha forma de pensar e de ser mudou. Nem tudo é bom, são realidades muito diferentes e, apesar de já estar consciente disso antes de partir, tenho continuado a ser surpreendido todos os dias. Nem sempre é fácil: já desmaiei, tive problemas de estômago, estive cinco dias sem água, faltou eletricidade várias vezes e cheguei a ter a casa inundada. Mas tudo isto faz parte. Sei que vou passar por situações mais difíceis ou simplesmente diferentes. E a cada dia que passa, sinto-me mais preparado. Não me assusta o que possa vir, desde que não chegue a um ponto irreversível. Faz parte da experiência que custa, sim, mas já está a compensar, e muito. Foi, sem dúvida, a escolha necessária na minha vida.

5. Qual vai ser o roteiro?

O projeto começou dia 11 de julho, na Guiné-Bissau. Agora, estou em Cabo Verde, onde fico até o dia 19 de setembro. Atualmente estou na ilha de Santiago e a seguir vou para Fogo, São Vicente e Santo Antão. Depois seguir-se-á São Tomé e Príncipe, de dia 27 de setembro a 27 de outubro, Angola de dia 27 de outubro a 26 de novembro e Moçambique de 26 de novembro a 24 de dezembro.

PA-LO Por Todos!
PA-LO Por Todos! Com crianças na Associação Protege, Guiné-Bissau créditos: PA-LO Por Todos!

6. Refere que quer voltar aos seus antepassados. Quais são as suas origens e qual é a importância desta parte da viagem?

O PA-LO Por Todos! está a decorrer nos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), os países que mais me fazem sentido. A minha avó materna nasceu em Angola, o meu pai e a minha avó paterna nasceram em Cabo Verde, o meu avô passou tempos difíceis na Guerra Colonial, em Angola, fez voluntariado em Moçambique, e trabalhou na Guiné-Bissau. Comecei a encontrar um elo de ligação entre todos estes sítios, sentimentos e histórias de família e cheguei aos PALOP. Faz todo o sentido visitar e criar um impacto nestes países, onde tenho um passado, mas onde nunca fui e onde nunca consegui, até hoje, fazer alguma diferença. Os países em que a minha família nasceu e também sofreu.

7. Como podemos acompanhar o projeto?

O projeto pode ser acompanhado via Instagram ou no website.